Continuação de TRABALHO 3/6
Contendo referências sobre:
Perseverança; Sucesso frustrado por
tragédia; Benefício resultante de prejuízo;
Aviões Piper importados; Aviões
Embraer-Piper nacionais; Abalroamento de avião com caminhão; Fotos do 1º e do
150º aviões vendidos; Dinheiro investido em avião volta voando.
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Paciência, Resistência,
Esperança e Perseverança
Num
exame retrospectivo constato haver minha firma sido intermediária da
comercialização de mais de duzentas aeronaves (na maioria aviões executivos das
marcas Cessna, Piper e Embraer) para
clientes sediados no Nordeste e em outros Estados do Brasil. Tendo oferecido a eles um dedicado trabalho de
promoção de vendas, os mesmos nos
retribuíram com sua confiança quando decidiram fazer as respectivas
compras. Nunca, porém, foi uniforme o movimento anual; pelo contrário, sempre tem sido irregular,
com desanimadores períodos - curtos e longos - de vendas escassas.
Essa
peculiaridade do comércio aeronáutico nesta sofrida região de nosso país me tem
dado oportunidades de ser testado e,
consequentemente, fortalecido por Deus na perseverança que, juntamente
com resistência. esperança e paciência, Ele houve por bem me conceder. Só assim eu
haveria de permanecer no ramo quando, nos anos 60, vi desmoronar - como um castelo
de areia na praia - uma organização nacional de vendas que montei. Ocorreu
o seguinte:
Aviões Wren – Distribuição
no Brasil
Em Fort
Worth (Texas, USA) foi fundada a WREN - uma pequena fábrica de aviões da
categoria "stol" ("short take-off and landing", que significa
decolagens e pousos curtos). Para concentrar atenções na parte industrial e
técnica, seus dirigentes confiaram os serviços de exportação a uma tradicional
empresa de Nova York, que eu já conhecia.
Esta aprovou a proposta de minha firma para ser Distribuidora Exclusiva
daqueles aviões no Brasil.
Condicionei,
porém, o início de operações para depois de uma visita pessoal que eu e meu
irmão Fred faríamos à fábrica, onde ele
teria oportunidade de conferir se, de
fato, os aviões eram o que eles afirmavam ser. Além de oficial da reserva da Força Aérea Brasileira, meu irmão havia recebido nos Estados Unidos
as “asas douradas” (brevet) da Aviação
Naval Americana - durante a 2ª Guerra
Mundial; naquela época, ele foi comandante de aviões Catalina patrulhando a
costa brasileira contra novos ataques de submarinos alemães; e, depois, pilotou
quadrimotores Constellation entre o Brasil e a Europa.
O dia
de nossa visita à Wren, em 1965, foi assinalado pelo pouso de dois aviões novos que na véspera havíamos
recebido na Cessna (Wichita – Kansas), destinados a clientes brasileiros que os
compraram através de minha firma. Na Wren as demonstrações de que participamos
comprovaram a extraordinária performance de seus aviões - que assim foram
aprovados pelo Fred.
Foto na fábrica WREN: o diretor industrial -
DOC MORIS - ladeado por mim e pelo Fred.
Sempre
contando com o valioso apoio de meu irmão, abrI uma filial da Clark Nunes no
Rio (onde ele residia), fizemos demonstrações (num avião da Fábrica) e escolhi dignas
empresas de vários Estados para serem Revendedoras das aeronaves cuja
distribuição nos fora confiada para o Brasil.
O avião
veio pilotado pelo próprio Cte. Doc Morris. O Fred o acompanhou em todas as
demonstrações. Oportunamente algumas vendas foram realizadas.
Tornaram-se animadoras as perspectivas,
apontando para uma lucrativa atividade, pois cada Wren vendido passou a ser um
eficaz propagandista do produto, enaltecendo o desempenho e a utilidade do raro
“avião veloz que voa lento” – excelente para voos de inspeção e operações
em pequenos campos.
Uma
trágica e lamentável ocorrência, porém, veio desmoronar o que estava dando
certo: Doc Morris (que havia concebido o Wren) estava experimentando outro
modelo de avião - igualmente idealizado por ele - quando irrompeu um incêndio -
obrigando-o a saltar de pára-quedas... Até
aí se compreende mas... o pára-quedas não abriu !
Com sua
morte prematura, o genial Doc Morris
(foto abaixo) entrou para a galeria dos
Heróis da Aviação; e pagou o alto preço de sua preciosa vida por sua louvável
iniciativa de tornar o avião mais útil à humanidade. Ao grande aviador registro
aqui meu modesto preito de admiração.
Diante
do terrível fato o Presidente da Wren -
Mr. Pickering - teve de parar, pois seu coração não resistiu. Seu enfarto agravou
a situação da empresa, que terminou falindo...
O
impacto da lamentável tragédia me atingiu duplamente, pois além do sofrimento
pessoal causado pela morte de um amigo, tive de suportar as consequências
negativas da interrupção de uma atividade que havia exigido planejamento, dinheiro,
viagens e dedicação.
Prejuízo que resultou em benefício
Nesse
contexto percebo um paradoxo: a
prejudicial interrupção de uma lucrativa atividade veio a se tornar (a longo
prazo) um perene benefício pessoal.
O
benefício foi a proteção com que Deus me envolveu, no tempo de meus 37 anos,
não deixando que minha firma fosse inundada pela riqueza de bens materiais,
pois obviamente ela viria acompanhada de um excessivo aumento de compromissos,
vaidade e orgulho, cuja somatória poderia se constituir em mais um obstáculo para
dificultar ou me impedir de encontrar o caminho que me levaria até Jesus Cristo
- a quem posteriormente (15 anos depois) vim a me submeter como meu Senhor e Salvador.
Os seguintes
versículos bíblicos explicam minha convicção:
Mateus 6.19-21 - “Não queirais entesourar para vós tesouros na terra, onde a ferrugem
e a traça os consome, e onde os ladrões desenterram e roubam, mas entesourai
para vós tesouros no céu, onde nem a ferrugem, nem a traça os consome, e onde
os ladrões não os desenterram, nem roubam. Porque
onde está o teu
tesouro, aí está também o teu coração.”
Mateus 6.24 - “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de
odiar a um e amar o outro, ou há de afeiçoar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza”.
Marcos 8.36-37 - “...que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro, se
perder a sua alma? Ou que dará o homem
em troca de sua alma?”
É incalculável e indescritível a felicidade que sinto por haver
sido, imerecidamente, alvo de tão grande bênção por parte de Deus: a maravilhosa
graça da fé em Jesus Cristo e a certeza de vida na Eternidade - com Ele!
Eu tinha 52 anos; agora estou com 91; os 39 anos de vida cristã que
tive o privilégio de usufruir até hoje me credenciam a declarar o seguinte:
- a maior
riqueza que alguém pode possuir é a salvação em Cristo;
- no final da vida terrena de cada ser humano a salvação
é a única riqueza que não abandonará quem a possuiu, acompanhando-o para
sempre.
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Aviões
Piper – Vendas no Nordeste
Fotos de 1974 em São Luís: visitando a “Cobras Taxi Aéreo” a convite
do Cte. Olivar Weba de Amorim Alves – para a
entrega simbólica de dois aviões Aztec comprados da Piper Aircraft através da
Clark Nunes.
Na 1ª (da esq. para a dir.): Cte. Ariston Araújo, Jimmy, Capitão da
FAB em nome do DAC e Glacymar Marques. Na 2ª: Jimmy e os recém-chegados
bimotores americanos.
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Aviões
Embraer - Vendas e Serviços – Clark Nunes - Fortaleza
Os dez ou doze mais conceituados empresários do ramo aeronáutico no
Brasil foram convidados pela Embraer para compor sua rede de Revendedores dos novos
aviões Embraer-Piper. Foi em 1975, quando a Embraer firmou com a Piper um
acordo de cooperação industrial para a fabricação local de aviões.
Uma condição - dedicação total e
exclusiva - nos fez hesitar, mas outras vantagens nos fizeram aceitar o honroso
convite. A principal foi a exclusividade de vendas (“área fechada”) em oito
Estados do Nordeste. Teríamos que vender peças e instalar oficinas de
manutenção e reparo de aviões - uma em Fortaleza e uma em Recife. Esta não seria
filial da Clark Nunes Comercial e Técnica e sim outra firma.
Eu e meu filho Mauro fundamos a Aviclan
Aviação Ltda.
Oportunamente alugamos hangares nos Aeroclubes de ambas as capitais e obtivemos
duas homologações do DAC do Ministério da Aeronáutica.
Governador João Castelo Ribeiro
Gonçalves e eu, em frente ao
biturbohélice Embraer Xingu comprado pelo
Estado do Maranhão. 1981.
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Aviões
Embraer - Vendas e Serviços – Aviclan
- Recife
Fotos de 1976 em Recife: A inauguração
de nossa oficina foi prestigiada por ilustres convidados destacando-se o Dr.
Antônio Farias (Prefeito Municipal), o Major-Brigadeiro Rodolfo Becker
(Comandante do II Comando Aéreo Regional), o Ten. Cel. Av. Obrecht (Chefe do
Serviço Regional de Aviação Civil), o Dr. Eudes de Souza Leão Pinto (Governador
Distrital do Rotary International) e outras autoridades, clientes e aviadores.
Ao meu lado, a Carminha, o Brigadeiro e o Prefeito desataram a fita simbólica
da nova oficina e sede da Aviclan.
Discursando, mencionei que o Cel. Ozires
(fundador e Superintendente) me disse: “A
Embraer estende uma asa para o Nordeste ao assinar contrato com a Clark Nunes”.
Acrescentei que “o significado econômico e o alcance social da indústria
aeronáutica brasileira ainda não pode ser dimensionado, apenas imaginado.”
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Aviões
Embraer - Visitas à fabrica em São José dos Campos - SP
Foto em S. José dos Campos: Da esq. para a dir.: eu, o
Eng. Ozílio Silva, o Cel. Renato Silva (Diretor Industrial e Diretor Comercial
da Embraer) e o Piloto que recebeu o 1º avião agrícola Ipanema do novo
modelo EMB-201. Ele foi vendido pela Clark Nunes ao agricultor Durval Souza
Lima, de Guanambi – Bahia.
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“Gerir é prever para prover”
42 anos já passaram voando mas a lembrança permanece nítida em minha
mente, tão rara que foi a ocorrência daquela manhã de 23.7.1977.
A Base Aérea de Fortaleza havia promovido um treinamento de combate a incêndio
e convidado bombeiros militares e civis; um caminhão cruzou a pista
no
momento exato em que um avião estava pousando; ao perceber, o susto fez o
motorista frear (em vez de acelerar para sair da frente e livrar a pista); o
pesado caminhão tanque suportou o choque da asa que o atingiu; ela foi
arrancada; o avião perdeu velocidade, rodopiou, emborcou, bateu na pista e
escorregou até perder o impulso... com os pilotos e passageiros de cabeça para
baixo...!
(Obs.: o caminhão
atingido - do Corpo de Bombeiros do Ceará - não é o da foto; o que aparece é da
Base Aérea).
Quando recebi o telefonema de um funcionário
que estava no voo, fui sem demora ao Aero Club.
O avião poderia ter
incendiado e explodido, mas o que não faltou foi água e bombeiros - que
eficientemente impediram o surgimento de fogo.
Agradeci a Deus por
haver poupado as seis vidas a bordo, lamentei a tragédia, admirei a resistência
da fuselagem e tomei as providências cabíveis. O avião - novo - só tinha feito
o voo de traslado da fábrica a Fortaleza e estava amplamente coberto pelo
respectivo seguro aeronáutico.
Horas depois recebi
um telefonema de um amigo (rico empresário que me confiava suas compras de
aviões) perguntando-me se o avião estava segurado. Respondi agradecendo o
interesse e dizendo que sim; ele se mostrou contente, dizendo que se fosse dele
não estaria. Comentei que ele não sentiria falta e compraria outro, mas eu não
poderia suportar o prejuízo. O fato reforçou minha convicção de que “gerir é
prever para prover” e que seguro
é indispensável.
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1º avião
vendido
Foto abaixo
PIPER PA-22 Tripacer -
PT-BPL - 1961
Comprador: James Kelso Clark Nunes -
Fortaleza - CE
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24º e o 25º aviões
vendidos
Fotos abaixo
WREN 460 -
PT-DCV e PT-DCX - 1968
Comprador: CAEEB –
Rio de Janeiro – destinados à
Cia. Paulista de Força e Luz – São Paulo
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50º avião
vendido
Foto abaixo
EMBRAER-PIPER EMB-710 Carioca - PT-NCA - 1975
Construtora Queiroz Galvão S.A. - Fortaleza
Construtora Queiroz Galvão S.A. - Fortaleza
Antes - em
1966 - tivemos o prazer de vender ao mesmo cliente dois aviões Cessna Skylane
182-K (PT-CZS e PT-CZT) - 1 para
Fortaleza e 1 para Recife.
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75º e o 76º avião
vendido
EMBRAER-PIPER
EMB-721 Sertanejo - PT-ELS - 1977
EMB-810 Seneca –
PT-EJK - 1977
Manoel S. Chaves Comércio de Cacau Ltda. - Itabuna -
BA
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100º avião vendido
EMBRAER-PIPER
EMB-711 Corisco – PT-RCR – 1982
Geraldo José Câmara Melo - Natal
- RN
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150º
avião vendido
Foto abaixo
EMBRAER-PIPER EMB-810
Seneca III - PT-VPG – 1989
Edivaldo Lacerda de Andrade - Bacabal
- MA
Antes - em
1983, 1985 e 1986 - tivemos o prazer de vender ao mesmo cliente os seguintes aviões: Carioca PT-RSF; Corisco
PT-RZD e Seneca PT-VEA
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Homenagem póstuma a um cliente que
se tornou um amigo
Edivaldo Lacerda de Andrade
Várias
vezes o Edivaldo revelou que a consideração era, para ele, o mais importante
fator de relacionamento pessoal. Acho que ele percebeu que eu e meu filho,
Mauro, tínhamos grande consideração para com ele, aliás merecida.
Um
exemplo foi o meu comparecimento à festa de inauguração das novas instalações
de sua empresa em Bacabal (MA) no dia 22.6.1990. Saí de Fortaleza num avião
comercial para Teresina, de onde eu e outros dois convidados voamos a Bacabal
num avião executivo dele; no dia seguinte ele mandou seu piloto, Joaquim, me
deixar em São Luís, onde embarquei num avião comercial para Fortaleza.
Com antecedência
encomendei uma maquete do último avião comprado pelo Edivaldo, para lhe
presentear durante a solenidade, quando fiz um breve discurso. As fotos abaixo registram
aquela memorável ocasião.
O referido amigo, que era diabético, faleceu precocemente, do coração, tendo antes sofrido a amputação das duas pernas. Ele deixou, além de saudade, a lembrança de um homem inteligente, trabalhador e idealista, que percebeu e comprovou que o dinheiro investido em um avião (técnica e economicamente adequado) volta voando para seu proprietário.
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Continua em TRABALHO - 5/6
What great and rich history on NE Brazil´s aviation! I remember well my dad and I examining one of the Wrens and being intrigued by the canards on the front. I remember my dad not being very impressed because the base plane was a Cessna and not a Piper. Great history, great testimony, great life
ResponderExcluirForte Abraço,
Tim Reiner