segunda-feira, 22 de julho de 2019

90 ANOS, 1 VIDA... - TRABALHO - Postagem 2 de 6



TRABALHO    2/6.  Continuação de TRABALHO   1/6  
contendo referências sobre:

Barcos voadores no princípio da navegação aérea;  Aperfeiçoamento dos aviões; Filial da Celso Nunes em Fortaleza;  Miss Brasil; Honra ao mérito; Motores Diesel  e Tratores; BNDE; Virgílio Távora; ONU; Perfuratrizes para obtenção de água subterrânea.


Navegação Aérea (Agência) - Parnaíba

A firma Celso Nunes sempre esteve ligada à Aviação, como agente de Pan American Airways System e sua subsidiária Panair do Brasil - empresas de navegação aérea que ligavam Nova York a Buenos Aires, com uma linha que fazia escala em Parnaíba (Amarração) e cidades costeiras de Sul a Norte do Brasil.
               
No ano em que comecei a trabalhar no comércio - 1943 - ainda operavam em Rosápolis dois tipos de hidroaviões - vistos nas fotos abaixo.
Consolidated Commodore

Sikorsky S-43 Baby Clipper

            Os aviões Commodore eram antigos, tendo operado em Amarração até o início de 1939, quando as operações mudaram para Rosápolis e começaram a escalar em Parnaíba os Baby Clippers. Não posso afirmar quando exatamente aqueles hidroaviões foram substituídos por aviões com trem de pouso terrestre. Lembro-me que em 1943 vi em Recife, operando simultaneamente, Baby Clippers nas águas do rio em frente ao Grande Hotel e Lockheed Lodestar na pista asfaltada do Ibura. Além deles, vi também Douglas DC-3 da Pan American.

            Salvo engano, os primeiros aviões da Panair que pousaram na pista de terra do “Campo de Aviação” - Catanduvas -  foram os Lockheed Lodestar - foto abaixo. Estes foram os primeiros aviões a realizar tráfego aéreo noturno no Brasil. Esse serviço, que hoje é comum, era algo fantástico em nosso país, tendo a Panair utilizado esses aviões para ligar Estados do Nordeste e Norte com voos por instrumento (Instrument Flight Range – IFR) – que são os voos noturnos.


Lockheed Lodestar

Na noite de 10.12.1943 um Lodestar da Panair fez o 1º voo noturno entre Rio e São Paulo. Foi em caráter experimental. Pouco depois o serviço foi implantado, aliás com grande sucesso. Teve grande repercussão e foi muito elogiado na época esse extraordinário melhoramento - ocorrido seis dias antes de meu ingresso na firma Celso Nunes, que era Agente da Panair em Parnaíba. 

Em 1945 a Panair começou a operar em Parnaíba com os Douglas DC-3. A 1ª foto mostra um desses famosos aviões, cuja participação na paz e na guerra os tornou um dos mais respeitados símbolos da navegação aérea no mundo.


Douglas DC-3

A 2ª foto, de 1955, mostra a jovem Emília Corrêa Lima, Miss Brasil, a bordo do DC-3 em que a ilustre visitante veio a Parnaíba - sendo recepcionada pelo Prefeito Alberto Silva e por mim - Agente da Panair.
A 3ª foto é do momento em que - anos depois - chegaram em Parnaíba, recém-casados, o Major Wilson Santa Cruz Caldas e Emília Corrêa Lima Caldas. Na época ele era Engenheiro do Exército e Diretor da Estrada de Ferro Central do Piauí; ela era a linda e respeitável ex-Miss Brasil. O avião é um Douglas DC-3.
O distinto casal tinha viajado à Europa em outro tipo de avião da Panair: Lockheed Constellation L-49 - igual ao da foto abaixo.
 Lockheed Constellation L-49


Quando, muito antes, esses modernos aviões entraram em serviço no Brasil - depois da guerra - a Panair os utilizou nas linhas internacionais. Em 1948, porém, eles passaram a escalar também em Fortaleza, simultaneamente com os DC-3. Foi na época em que a firma Celso Nunes abriu filial naquela capital, como Agente da Panair e da Pan American.


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Vacaria – Parnaíba 

Em Parnaíba, Outubro de 1945, eu (às vésperas dos 18 anos) e o touro “Brasil”. Ele era o reprodutor da vacaria “Deltatuba” - que Papai possuía e em cuja administração eu o ajudei.  Três anos mais tarde, ao mudar-se para Fortaleza, ele decidiu vender o gado.

Eu não tinha inclinação para esse ramo, mas a experiência me foi benéfica. Vi de perto a vida animal, o milagre da reprodução e as maravilhas do crescimento físico. Bezerrinhos (machos e fêmeas) nasciam quase iguais mas se transformavam em touros e vacas - muito diferentes. Aprendi a tirar leite, por curiosidade. Admirei a habilidade de vaqueiros ordenharem vacas. Bastante leite era vendido para consumidores e eu refletia sobre aquele alimento delicioso e nutritivo que Deus fazia fluir de mães (vacas) para seus filhotes.

Abro um parêntese: Hoje percebo que o mundo é um gigantesco consumidor de leite de vacas e que a raça humana é incalculavelmente beneficiada por algo que elas produzem, naturalmente - desde que anteriormente tenham acasalado com um touro. Em suma, touros são indispensáveis para que haja leite...
Aprofundando a reflexão, observo que todas as crianças se beneficiam do maravilhoso alimento que nem pai nem mãe trabalham para produzir - o leite. Ele vem de Deus através das mulheres que se tornam mães.(e só elas...!). Por ser tão natural, o aleitamento materno nem sempre é valorizado como merece – com admiração e muita gratidão a Deus   Fecho o parêntese.

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Motores Diesel (Vendas) – Piauí e Maranhão

Em 1947, quando voltei ao Brasil depois de haver estudado nos Estados Unidos (no Instituto de Tecnologia e na Fábrica de Motores Diesel da General Motors), introduzi um novo ramo de atividades na firma de meu pai: vendas de motores Diesel, paralelamente à venda de caminhões.
A foto acima mostra um grupo gerador GM Diesel em cima de um caminhão Chevrolet  (preso ao chassi com braçadeiras) - para demonstração em funcionamento. Admirável. Em frente ao prédio da firma em Parnaíba, estou entre funcionários, sendo o baixinho um mecânico de alto nível, que muito me ajudou. Cito seu nome como homenagem merecida: João Camelo Nogueira
           
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Importação de veículos e peças - Fortaleza                            

            Em 1951 meu pai aceitou o convite de uma conceituada empresa de Fortaleza - distribuidora de automóveis e caminhões “Nash” - para participar de uma importação cujo valor excedia o interesse dela. O motivo era que, naquele tempo, os importadores tinham (por decisão do Governo) de negociar com um exportador o valor que ele houvesse exportado, para o câmbio resultante ser utilizado na pretendida importação. Licenças de importação só eram concedidas depois de exportações terem sido realizadas. Obviamente o exportador cobrava algo do importador para lhe transferir o seu crédito cambial. Se, por exemplo, o valor da exportação houvesse sido o dobro do valor da importação pretendida, o importador procurava outro para participar da metade, nas mesmas condições.
     
     Em suma, a firma de meu pai importou peças automotivas e participou da importação (feita pela outra empresa) de parte dos automóveis. As duas me credenciaram a escolher as peças (em Nova York, junto ao fornecedor designado por meu pai) e os automóveis (em Detroit, junto à Fábrica Nash). Para cumprir tal missão, viajei a América em Junho de 1951.
           
Tive a agradável companhia da Carminha, que muito me ajudou, tendo se conformado em só me ver depois do expediente comercial. Aproveitamos bem as horas livres (foto) principalmente nos fins de semana. Consideramos aquela viagem como nossa 2ª Lua de Mel, compensando a simplicidade da 1ª – que, apesar de maravilhosa, foi muito modesta, em Amarração.

Com as idades de 23 anos e meio (eu) e 21 (ela), éramos casados há 1 ano e oito meses. Já tínhamos um filhinho, de oito meses, que ficou com os avós maternos, em Parnaíba. Ele - Jimmy Junior – é visto na foto ao lado, no dia em que voltamos ao Brasil, um mês depois de nossa partida. Vê-lo tão bem foi uma grande alegria para os jovens pais – que sentiram muitas saudades dele. É admirável como uma criança, tão pequena, pode fazer uma falta tão grande quando não está presente...!

Graças à amorosa proteção e orientação de Deus, minha atuação foi aprovada tanto por meu pai como pelo amigo que o convidou para participar da citada importação. Essa transação internacional foi o início do Setor Comercial da firma Celso Nunes em Fortaleza, paralelamente à Agência da Panair.

O lindo carro ao lado é um Nash Ambassador com transmissão GM Hydramatic,  de 4 portas e 2 cores. Ele foi o mais completo e bonito que vi na fábrica em Detroit e o reservei para ser de meu pai, se ele quisesse. Ele gostou. Carro excelente! Os outros   importados eram de modelos menores. A linda moça é minha irmã Sônia, em frente à casa de nossos pais.
           
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Peças, pneus, tintas, etc. (Vendas) – Piauí
A foto abaixo foi publicada numa revista da fábrica de pneus Firestone, por iniciativa de um inspetor da mesma - visto ao centro, ladeado por mim e pelo Ramos. Eu e ele trabalhávamos na parte de cima, onde é vista a placa Chevrolet. Na frente dos degraus em que estávamos eram expostos um caminhão ou outros produtos vendidos pela firma Celso Nunes. A foto é de 1957 em Parnaíba.

Qualidades que dignificam o ser humano

O citado funcionário - José Ribamar de Freitas Ramos - personifica a amizade nascida da confiança recíproca num saudável ambiente de trabalho -em que o empregador reconhece e premia a dedicação e a competência de seu empregado. Considero uma bênção de Deus tê-lo tido como auxiliar e amigo.

 Um dia ele deixou a firma para abrir uma pequena indústria de óleo de babaçu no interior do Maranhão. Vendi-lhe um caminhão com o preço e o financiamento que eu praticaria para um irmão; ele merecia até mais.

Em tempo oportuno ele vendeu seu empreendimento e se estabeleceu em São Paulo para vender chapéus de palha e artigos similares feitos por artesãos nordestinos que ele conhecia pessoalmente e os ajudava a comprar a matéria prima. Com sua brilhante inteligência ele se firmou e... enriqueceu - depois de muito trabalho. Belo exemplo de “Honra ao Mérito”...!

Demonstrando gratidão a mim, apesar de imerecida, o Ramos se mostrou possuidor de qualidades que dignificam o ser humano. O passar dos anos não diminuiu a preciosa amizade; aumentou - como uma bênção de Deus para mim.    

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Refrigeradores, motores, etc. (Vendas) – Teresina

Na foto 1 vê-se o prédio da filial da firma Celso Nunes em Teresina. O trator agrícola saindo dele é da marca Allis-Chalmers. Os refrigeradores são da marca Frigidaire (então fabricados pela General Motors). Os motores são MWM.
As pessoas são dignos funcionários com o gerente - Elias Álvares de Lima - em nome de quem rendo minha homenagem a todos. Muitas vezes estive lá e foi, para mim, um privilégio e um prazer trabalhar com eles.

            A personalidade do referido gerente aliava eficiência profissional com cavalheirismo pessoal, sendo respeitado também por haver lutado na 2ª Guerra Mundial. Convocado pelo Exército, o Elias integrou a Força Expedicionária Brasileira, cujas memoráveis vitórias na Itália (enfrentando o poderoso Exército Alemão) honraram nossas tradições e entraram para a História.   

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Tratores (Vendas) - Piauí

       No tempo em que o Brasil importou grande quantidade de máquinas rodoviárias financiadas pelo BNDE - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, a firma Celso Nunes participou do programa, como distribuidora no Piauí da conceituada fábrica americana Allis-Chalmers.

Os tratores vistos na foto, em frente ao prédio da empresa, em 1957, marcaram época em minha vida no comércio – que em 16.12.2018 completou 75 anos. Ao escrever sobre o fato, manifesto profunda gratidão a Deus pela Sua proteção ao longo de tanto tempo, assim como pela perseverante motivação com que sempre Ele me agraciou.

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Motores Diesel (Vendas) – Ceará



A foto registra a visita do Govenador Virgílio Távora à firma Celso Nunes, onde S. Exa. ligou (vejam as grandes lâmpadas acessas...) um dos grupos Diesel-elétricos adquiridos em concorrências públicas pela Cenorte – em 1963.
Eles se destinavam a municípios cearenses que se preparavam para receber a energia de Paulo Afonso; quando ela chegava, os motores eram  enviados a outras cidades. O Governador (acompanhado de autoridades) é o 3º da esq.p/ direita, seguido do Dr. José Lins Albuquerque (Secretário de Obras, Minas e Energia), ao lado de quem são vistos meu pai e eu.

Naquela época Fortaleza ainda não desfrutava da riqueza que é a energia da CHESF, gerada pelas águas do São Francisco em Paulo Afonso.

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Perfuratrizes (Vendas) – Nordeste

O Diretor do DNOCS (Eng. Manuel Ataíde), o Diretor do FSESP no Ceará (Eng. Manuel Barbosa) e o Representante local da Stardrill-Keystone (eu) são vistos na 1ª foto acima, assistindo a demonstração de uma perfuratriz “Speed Star 55” - na localidade Marupiara, em Março de 1964.


Em Outubro 1964, a convite do Prof. Manuel Barbosa, Diretor da Fundação FSESP no Ceará, visitaram a entidade federal o Vice-Presidente da fábrica americana de perfuratrizes “Stardrill-Keystone (H. J. Allen), o representante local da mesma (eu) e o Diretor do USIS em Fortaleza (James Morad). Sentados, da esq. p/ direita: Morad, Barbosa, Allen e Jimmy. Atrás, em pé, técnicos participantes do Curso de Perfuradores da FSESP.

No mesmo ano (meses antes) o Governo Brasileiro (através do DNOCS) foi beneficiado com um valioso lote de peças para perfuratrizes - doado pelas Nações Unidas (através do FISI) - para obtenção de água pura, a fim de diminuir a mortalidade  de crianças nordestinas desprovidas de água. Como    Representante da Stardrill-Keystone, cumpri o dever de colaborar com todos os que participaram do citado projeto, inclusive o técnico latino-americano enviado pela ONU. Este, durante meses no Nordeste, relacionou o material que precisava ser fabricado para viabilizar a recuperação de numerosas perfuratrizes antigas (a exemplo da velhíssima da foto ao lado) que jaziam inoperantes em vários Estados.
                                               
Por causa da demora, da burocracia e da necessidade da aprovação da SUDENE, o projeto quase abortou - poucos dias antes do fechamento do ano-fiscal da ONU. Nesse momento tive o privilégio de evitar que tudo fosse perdido, pois Deus me capacitou a - contornando obstáculos - alertar o novo Diretor Geral do DNOCS (um eficiente Major) sobre o perigo. Informado, na hora ele  marcou encontro com o Superintendente da SUDENE -  no dia seguinte em Recife. Lá, ele obteve o documento exigido pela ONU - em tempo hábil. Agi como diz o sábio ditado popular - “Por falta de um grito se perde uma boiada”

Posteriormente vim a saber que o embarque dessas peças foi o maior da história da tradicional fábrica destinado a um mesmo comprador.

Muito mais do que o valor da justa comissão recebida, gostei de ter sido útil ao meu país e às incontáveis crianças beneficiadas com o precioso bem que Deus criou no fundo da Terra – água...!

Ao destacar o fato acima, presto homenagem aos participantes (no Brasil e nos Estados Unidos) do referido projeto - cujo alcance social é imensurável.


Fim da postagem 2/6 da parte TRABALHO

Continua em  TRABALHO - 3/6




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