Continuação
de ESTUDO E LAZER - 1/3
Contendo referências sobre:
Sonho de juventude x realidade da vida;
Ensinando e aprendendo; Gostava de voar e morreu voando; Adeus, vou para terras
estranhas; Maior loja do mundo; Petromax; Flint - tecnologia; Neve; Força
moderna; Bênçãos e gratidão; Esperança; Proteção, longevidade e salvação.
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Curso Clássico - Recife – 1943
Aos 15 anos (foto), em 1943,
fui para o Colégio Nóbrega em
Recife, onde eu planejava estudar os três anos do Curso Clássico e, em seguida,
me formar em Direito, para depois seguir a carreira diplomática. Por causa da
guerra, porém, não continuei os estudos, ficando em Parnaíba para trabalhar na
firma de meu pai, que me pediu para ficar “até o final da guerra”; ela terminou
em 1945, mas em 1946 fui estudar na América - no Instituto de Tecnologia da
General Motors, em Michigan.
As fotos ao lado, nas quais estou
no centro e de paletó escuro, são a mesma. Ela mostra os alunos que
integraram o “Quadro de Honra” do
colégio naquele ano letivo. O jovem (de gravata) ao meu lado é o Osvaldo
Studart Neto, de tradicional família cearense. Ficamos amigos e, 16 anos
depois, nos reencontramos - nas lides comerciais de Fortaleza e como sócios do
Rotary Club de Fortaleza-Oeste.
Cheguei em Recife no último dia do Carnaval de 1943 e me instalei no
pensionato do Colégio Nóbrega, que era dirigido pelo Padre Abranches, Jesuíta,
amigo de meu pai e ex-professor de meus dois irmãos mais velhos na década de
30. À noite, a convite de dois colegas, fui conhecer a folia popular puxada a
frevo, na principal avenida da grande cidade. Fui aconselhado a nada levar (só
a roupa do corpo), pois era grande o perigo de ser roubado.
Abençoado estudo de inglês
Pouco depois de chegar a Recife, um Tenente da Marinha Americana
procurou o Padre Abranches e lhe pediu para indicar um jovem que falasse um
pouco de inglês e pudesse ensinar-lhe português através de conversação quando
ambos estivessem de folga. A escolha do Colégio Nóbrega foi motivada pelo fato
do oficial ter sido aluno de uma Universidade de Jesuítas nos Estados Unidos. O
Padre teve boa impressão do americano e me consultou a respeito. Ele me
recomendou fazer uma experiência, achando que eu poderia ser beneficiado se
conseguisse investir meu tempo sem prejudicar os estudos. Meio apreensivo,
aceitei a responsabilidade. Foram apresentados
James William Fogarty
e James Kelso Clark Nunes – ele
de Nova York e eu do Piauí, ele Oficial de Marinha e eu estudante, ele com 24
anos e eu com 15. Ele apenas “arranhava” o português e eu já falava um pouco de
inglês.
Passei a ser professor, mas sem remuneração. Felizmente, porém, meu
aluno era também um “gentleman” e demonstrava boa vontade em retribuir meu
favor ajudando-me a aprimorar minha conversação em inglês. Na foto acima (de
4.7.1943) ele está no centro, com uma senhora da alta sociedade de Recife
(amiga dele) e eu, num baile em que os americanos comemoraram o Dia da
Independência do poderoso país deles. O Tenente me apresentou ao Almirante
Jonas Ingram, Comandante da esquadra americana em nosso país. Falei um pouco
com ele, que manifestou satisfação em saber que eu tinha um irmão - Tenente
Aviador da FAB - fazendo um curso numa base aeronaval da U.S. Navy no Texas.
Fiquei empolgado em apertar a mão da maior autoridade militar americana (no
Brasil), a quem o Presidente Getúlio Vargas tinha grande consideração e apreço.
Não senti o calor das labaredas da guerra, mas o eco era real e
perceptível. Com os alemães dominando vastas áreas da África do Norte, havia o
perigo de ataque às capitais nordestinas. Em face dos torpedeamentos de
numerosos navios mercantes brasileiros, no ano anterior o Governo do Brasil
havia declarado guerra à Alemanha e à Itália e rompido relações diplomáticas
com o Japão. Em Recife era baseada a
importante Frota do Atlântico Sul da U.S. Navy, da qual muitos oficiais e
marinheiros eram vistos na cidade.
No Suplemento desta, o tópico “Ensinando
e Aprendendo” focaliza o Tenente James William Fogarty e a presença -
no Brasil – da “Frota do Atlântico Sul” da Marinha Americana, além de outros
fatos ocorridos no tempo da guerra, que se tornaram dignos de recordações.
Curso de piloto - 1945 - Aero Club de
Parnaíba
Tão logo atingi a
idade para fazer o curso de Piloto Privado, ingressei no Aero Club. Como na época eu nem sonhava em vender
aviões, a iniciativa não combinava com meu trabalho, motivo pelo qual eu só
voava nos fins de semana ou bem cedo nos outros dias. Em acordava o instrutor
às cinco da manhã e o levava (no carro de meu pai) ao Catanduvas, onde
decolávamos à luz dos primeiros raios do Sol.
Mesmo assim, chegou o
dia em que o instrutor me fez pousar e decolar várias vezes sem ele interferir,
só observando. Ele queria que eu fizesse meu voo “solo” naquela ocasião, mas
era final de semana e ele viu alguns pilotos brevetados já esperando o avião pousar
para nele voarem e, por isso, decidiu marcar a 2ª feira cedo para eu realizar
meu 1º voo sozinho. Vibrei...!
Pois bem, na tarde de
Domingo caiu aquele avião, que era o único...! A lamentação pela perda do amigo
que nele morreu foi maior do que a frustração que tive de experimentar. Bem
mais velho do que eu, o Snr. Nestablo Ramos era um profissional respeitado (área
de desenho técnico) e desde que se tornou Piloto Privado elegeu como “hobby”
voar uma hora todo Domingo à tarde. Aquela foi a última, quando ele teve um
enfarte fulminante logo após a decolagem, tendo o avião caído em voo picado
numa lagoa rasa. Ele foi retirado e viram que a manete estava na posição de
potência máxima. Na foto ele é o 3º da esq. para a direita (com a mão segurando
a hélice) entre o instrutor e eu.
Rendo minha homenagem
póstuma a um homem de bem que gostava de voar e morreu voando.
Da pequena Parnaíba à grandiosa Nova York
Aos 18 anos (foto) fui
estudar na América. Em 13.9.1946 saí
de Parnaíba num bimotor Douglas DC3 da Panair até Belém e de lá a Nova York num
quadrimotor DC4 da Pan American Airways. O distinto amigo de meu pai, Bolivar
Kup, gerente da Booth no Pará, me ajudou a obter o visto consular americano no
meu passaporte. Nas duas noites que passei em Belém ouvi no hotel, enquanto
jantava, um violino que muito me emocionou - com a música “Adeus minha terra,
eu vou para terras estranhas” (cantada em espanhol).
A euforia de voar num
DC4, escalando em Caracas, Port of Spain e San Juan, compensou as saudades que
senti de meus pais, irmãos, familiares, amigos e funcionários. Depois, a
alegria de voar sobre o conglomerado de arranha-céus da “Capital do Mundo” foi
ampliada pela empolgação de estar num grande avião e pela consciência de estar
chegando no principal país da Terra. O dia 16 de Setembro de 1946 passou a ser,
por isso, um marco indelével na história de minha vida.
O lado negativo era o
longo tempo que eu haveria de passar sem ver a Carminha, a namoradinha que eu
já não via há seis meses, pois ela estudava em Petrópolis, Rio de Janeiro. Mais
uma lição de que nada é perfeito no mundo.
Em Nova York fui
recepcionado por um funcionário da General Motors, que me instalou num hotel,
me proporcionou o privilégio de conhecer o escritório da GM Overseas Operations
e me levou a um show no fabuloso Radio City Music Hall. Tanta grandiosidade foi
fascinante para o jovem da pequena Parnaíba...!
Abro um
parêntese:
No tópico “Abençoado estudo de inglês” (acima) mencionei a sorte que tive de conhecer,
em 1943, um Tenente americano a quem passei a ensinar português - em conversação.
Aqui acrescento o seguinte: ele e outros moravam na vasta casa alugada pela
U.S. Navy para ser alojamento de quarenta oficiais. Todos eram profissionais civis
que, durante a guerra, passaram a servir às Forças Armadas. O Fogarty me
apresentou a alguns de seus colegas mais próximos e distintos. Um deles, Cliff
Norby, era gerente de um departamento na maior
loja do mundo - Macy’s, de Nova York. Pois bem, quando estive lá, em 1946,
visitei a grande loja e o procurei. Foi fácil localizá-lo e fui à sua sala.
Quando ele me viu expressou-se alegremente dizendo bem alto “Jimenino”...! Ele gostou de me ver crescido e de saber que
eu ia estudar em seu país. Eu gostei de vê-lo em tempo de paz e esperança. Fecho o parêntese.
De Nova York fui a
Toronto, Canadá, para conhecer a “Coleman” (fábrica de lâmpadas incandescentes a
querosene - que eram vendidas em Parnaíba e Teresina pela firma Celso Nunes).
Antes da guerra meu pai importava da Alemanha os famosos “Petromax”, que os
“Col-Max”, idênticos, passaram a substituir plenamente. Essa atividade foi
lucrativa para a firma e beneficiou muita gente de inúmeras localidades do
Piauí e do Maranhão que ainda não tinham eletricidade.
Curso de mecânica e marketing - Michigan - 1946/47
Voltando à América,
finalmente cheguei em Flint, no Estado de Michigan. Ela era a “Cidade dos
Veículos”, onde a maior parte dos empregos de seus habitantes era proporcionada
por uma das fábricas das Divisões da General Motors Corporation que enriqueciam
o município, como Buick, Chevrolet,
Fisher, AC e Delco, além do Instituto que oferecia cursos como o simples
em que estudei até o de pós-graduação em indústria automobilística.
Por indicação da GM,
passei a residir com a família de Mr. e Mrs. Rowan, na Rua Saint Clair, 716,
próxima ao Instituto. Com o passar dos meses a amável família me “adotou” como
seu filho brasileiro...!
De meu quarto, no 2º
andar, eu desfrutava de uma linda vista que, ao contrário de Parnaíba, todo dia
mudava de cenário, conforme o Outono, o Inverno e a Primavera iam revelando
suas extraordinárias belezas.
Foi andando pelas
ruas de Flint que tive a alegria de contemplar, pela 1ª vez, as folhas das
árvores mudando de cor. Isso ocorre quando o Verão é sucedido pelo Outono,
época em que lentamente as folhas adquirem uma deslumbrante e variada coloração
antes de caírem, deixando as árvores com seus galhos completamente nus. No
Inverno eles serão cobertos de neve. Só na Primavera eles haverão de reverdecer
novamente, cumprindo as imutáveis leis de Deus - que criou o Universo e o
mantém incessantemente funcionando.
Foi também em Flint
que vi neve pela primeira vez. Lindo espetáculo...! Ali fui me acostumando com
o frio, até 19 graus abaixo de zero. Ainda bem que internamente eram
aquecidas as casas, as fábricas, etc., inclusive as instalações do Instituto de
Tecnologia da GM. (foto abaixo).
Considero-me feliz
por haver sido aluno do conceituado estabelecimento de ensino da então maior
organização industrial do mundo. Foi honroso e proveitoso estudar nele, onde completei
19 anos - em 9.11.1946 (foto abaixo).
A iniciativa foi de
meu pai, que abriu mão de meu trabalho ao seu lado durante nove meses a fim de
melhor me preparar para o futuro. Ele foi aconselhado por um diretor da General
Motors do Brasil. Hoje percebo que
Deus utilizou o amor paterno, de Papai por mim, como instrumento d’Ele para me
habilitar a introduzir na firma um novo e lucrativo ramo de negócios - paralelamente
à tradicional revenda de automóveis e caminhões.
Ocorreu o seguinte: num
momento inesquecível em Flint eu estava numa aula quando fui chamado à
Secretaria; lá recebi dois telegramas vindos do Brasil; a triste notícia foi a morte
da Vovó Magdá, em Parnaíba, em 17.2.1947; depois de ser consolado pela bondosa
Secretária, procurei um lugar em que eu pudesse chorar sem ser visto e achei
adequado o cinema da escola; entrei e aproveitei a escuridão até o final do filme
que estava passando.
Minutos depois,
porém, minha mente foi aberta para algo
extraordinário, pois começou um filme cujo título me atraiu - “A Força Moderna”.
Tratava-se de motores Diesel, que eu desconhecia. Fiquei impressionado!
Curso de motores Diesel - Detroit
Quando terminou o
filme, eu já havia decidido aproveitar a preciosa oportunidade de estar ali -
“no lugar certo na hora certa” - para conhecer motores Diesel e tentar
revendê-los no Nordeste do Brasil. Não
perdi tempo e, assim, obtive a aprovação de meu pai e minha aceitação pela
Divisão de Motores GM Diesel para, no final do meu curso no GMI, eu fazer um
treinamento na fábrica a fim de me familiarizar com os motores produzidos em Detroit.
A foto ao lado é de quando cheguei lá, para minha matrícula na grande empresa.
O certificado ao lado
(cópia reduzida) que recebi no final do estágio é um símbolo dos novos
horizontes que a “Força Moderna” haveria de me proporcionar na vida comercial,
vendendo motores Diesel e grupos geradores.
Abro um
parêntese:
No Piauí a firma Celso Nunes tornou-se revendedora de motores GM Diesel. Anos
depois, quando fui morar em Fortaleza, como essa marca já tinha revendedor no
Ceará, passei a vender motores MWM Diesel e grupos com geradores Irne acoplados
a motores Mercedes-Benz. Além de
lucrativa, a atividade me dava a alegria de contribuir para o desenvolvimento
regional em diversas áreas. Durou muitos anos mas um dia tive de interrompê-la
- em 1975 - para minha firma se especializar em vendas de aviões, como revendedor
autorizado de uma nova fábrica de aviões cujo convite era condicionado à nossa dedicação
exclusiva. Fecho o parêntese.
Natal de 1946 e Ano Novo de 1947
Nas férias de fim de
ano - 1946 - fui passar o Natal em Cincinnati, no Estado de Ohio, a convite de
um colega que ia resolver se casaria com a moça de lá ou uma outra. A premiada
veio a ser a outra, que eu e Carminha posteriormente viríamos a conhecer, em 1951
- em Nova York - onde o distinto casal nos recepcionou amistosamente.
Passei a entrada do
Ano Novo de 1947 em Chicago, em cuja Universidade estudavam meus primos
Septimus e Bruce Clark.
1ª foto: eu
e Septimus.
2ª: Bruce,
eu, Fernando Santos Rocha, uma amiga
deles e Septimus.
3ª.: Sentado
na motocicleta coberta de neve – o Rocha;
em pé – eu,
meus primos e amigos deles.
Abro um
parêntese:
O Rocha é gaúcho mas,
após se formar em Engenharia, foi convidado pelos meus primos a trabalhar na grande
empresa do pai deles, sediada em Parnaíba.
Lá, esse “gentleman”
casou-se com uma moça - Marilda - de tradicional família, aliás prima da
Carminha. Hoje o distinto casal reside em Fortaleza. Fecho o parêntese.
Foi também na megalópole
às margens do Lago Michigan que tive a oportunidade de sentir o maior frio (com
forte ventania). No dia 30.12.1946, quando eu estava lá, nevou mais de onze
horas seguidas, deixando um manto de 10 cm de neve.. Muitos anos depois estive
novamente em Chicago – no Verão - e senti tanto calor como em algumas cidades
do interior do Nordeste.
Abro outro
parêntese:
Poucos anos antes, foi na mesma Universidade que Enrico Fermi construiu o
primeiro reator nuclear de urânio, baseado na desintegração dos átomos - de
onde surgiu a bomba atômica (lançada em 6.8.1945 sobre o Japão). Trata-se do
grande físico (Prêmio Nobel de 1938) nascido em Roma em 1901 e falecido em
Chicago em 1954. Fecho o outro parêntese.
Abro mais
um parêntese:
Muitos anos depois, tendo lido sobre Paul Harris - o fundador do Rotary
International - fiquei sabendo que a última passagem de ano (1946/47)
desfrutada por ele foi em Chicago, quando eu estava lá. Ele faleceu 27
dias depois, em Janeiro, aos 78 anos. Nascido em 19.4.1868,
ele fundou a nobre instituição em 23.2.1905.
Uma das últimas fotos em que ele aparece é dando comida para um
passarinho no jardim de sua casa, estando ele bem agasalhado. Um símbolo de
quem se agradava em servir, dando de si antes de pensar em si. Como eu gostaria de ter tido o privilégio de
conhecer pessoalmente aquele benfeitor da humanidade, cujo nome ainda hoje é
mundialmente respeitado. Em Setembro de
1951 fui convidado a ingressar no Rotary, tendo a honra de ser rotariano até
hoje. Fecho o parêntese.
Amizade nascida no tempo da guerra
Num final de semana
fui a Syracuse, interior de Nova York, para visitar o James William Fogarty,
aquele oficial da Marinha Americana citado anteriormente.
Foto1: eu e
o DC-3 da American Airlines em que viajei em 1947 no interior dos Estados
Unidos.
Foto 2: eu
e a filhinha do casal James e Barbara Fogarty.
O tópico “Ensinando e
aprendendo” - no Suplemento deste -é dedicado ao referido Tenente (do tempo da
guerra) que se tornou nosso distinto amigo quando a paz voltou ao mundo.
Proteção, longevidade e salvação
Corria o mês de Setembro de 1946 e eu estava às vésperas de viajar para
a América a fim de estudar ao longo de um ano. O entusiasmo do jovem de dezoito
anos que eu era bloqueava meu raciocínio impedindo-me de pensar como Mamãe - apesar
de não demonstrar tristeza - devia estar sofrendo ao ajudar o filho caçula a se
ausentar para tão longe durante tanto tempo. Eu sairia de Parnaíba pouco depois
do aniversário dela, que no dia 12 faria 48 anos.
Ela escolheu justamente esse dia para me dar um presente: uma folha de
papel de carta na qual ela copiou (da Bíblia) um Salmo para me oferecer. O
detalhe importante é invisível e foi transmitido com a doçura materna que eu
sempre percebi nela: entregando-me o papel ela me pediu para lê-lo todo dia
e para levá-lo sempre comigo até eu voltar.
Emocionado, prometi atendê-la. E cumpri, certamente capacitado por uma
determinação que veio embutida naquele bondoso gesto de Deus, que utilizou
minha própria mãe como amoroso instrumento d’Ele. Quanto mais saudade eu tinha
dela, mais eu queria perto do coração aquele papel com sua letra. Um dia não
precisei mais dele para recitar o encorajador salmo, pois o decorei. Mas nem
por isso ele deixou de me acompanhar - em estudo ou lazer.
Gradualmente a confiança de minha mãe em Deus
foi sendo assimilada por mim enquanto a mente se desenvolvia com novas vivências.
Tornou-se óbvio que, apesar de não ter merecimento, eu estava sendo alvo de
múltiplas bênçãos. Esta percepção foi gerando gratidão a Deus em meu coração. Alguns
exemplos:
Novas e belas amizades que
enriqueceram minha vida; Belezas que apreciei; Ensinamentos teóricos e
práticos que me beneficiaram; Aprendizado ao visitar engenhosas fábricas; Vibração
ao viajar em grandes aviões, confortáveis trens e velozes ônibus em
estradas perfeitas; Proteção contra incontáveis perigos; Força que me foi dada para
suportar o sofrimento pela morte da Vovó e pela tristeza de não poder
estar ao lado da Mamãe naquele dia; Oportunas gentilezas recebidas de pessoas desconhecidas;
Constantes cartas da namorada, trazendo contentamento e construindo
um futuro noivado; Lindos sonhos que conseguiam suavizar a intensa saudade
da família e dos amigos; Decepção com a guerra recém-terminada, ao
visitar famílias e ver fotos de seus chefes ou filhos mortos; Empolgação ao conversar
com colegas que, comandando aviões bombardeiros, arriscaram suas vidas em prol
da vitória do bem; Carinho recebido num hospital quando dele precisei; Paz que
me envolvia ao contemplar neve cobrindo tudo com a pureza de sua
brancura; Acumulação de energia e esperança para minha futura vida no comércio internacional,
no Brasil; e muito mais...!
Além do exposto, tenho
sido agraciado com a proteção, a longevidade e a salvação citadas
no trecho da Bíblia que Mamãe escolheu para mim no dia de seus 48 anos. Ela faleceu
aos 90. Hoje (12.5.19 - Dia das Mães) ela teria 120. Quanta saudade...!
Digno de reflexão é o
seguinte detalhe: aos 91 anos ainda sou alvo das imerecidas bênçãos que Deus me concedeu quando
nasci, multiplicou no tempo de meus 18 e 19 anos e nunca parou. Haja
gratidão...!
Como já mencionei em
diferentes partes deste relato sobre meus 90 anos, Deus me concedeu (às
vésperas de meus 53) a maravilhosa graça da fé em Seu Filho, nosso Senhor e Salvador.
Com ela, passei a ter a certeza de que ao falecer - deixando meu corpo na Terra
- estarei para sempre no Céu, com Cristo.
Que certeza
confortadora...! O medo da morte,
compreensível e natural, é atenuado ou eliminado pela segurança dos crentes -
confiados no amor, no poder e na misericórdia do grandioso Deus – Pai, Filho e Espírito
Santo.
*
Fim da postagem 2/3 da
parte ESTUDO E LAZER
Continua em ESTUDO E LAZER - 3/3
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