terça-feira, 14 de maio de 2019

90 ANOS, 1 VIDA... - ESTUDO E LAZER - Postagem 2 de 3

Continuação de ESTUDO E LAZER   -   1/3       
Contendo referências sobre:

Sonho de juventude x realidade da vida; Ensinando e aprendendo; Gostava de voar e morreu voando; Adeus, vou para terras estranhas; Maior loja do mundo; Petromax; Flint - tecnologia; Neve; Força moderna; Bênçãos e gratidão; Esperança; Proteção, longevidade e salvação.

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Curso Clássico - Recife – 1943

Aos 15 anos (foto), em 1943, fui para o Colégio Nóbrega em Recife, onde eu planejava estudar os três anos do Curso Clássico e, em seguida, me formar em Direito, para depois seguir a carreira diplomática. Por causa da guerra, porém, não continuei os estudos, ficando em Parnaíba para trabalhar na firma de meu pai, que me pediu para ficar “até o final da guerra”; ela terminou em 1945, mas em 1946 fui estudar na América - no Instituto de Tecnologia da General Motors, em Michigan.

As fotos ao lado, nas quais estou  no centro e de paletó escuro, são a mesma. Ela mostra os alunos que integraram o  Quadro de Honra” do colégio naquele ano letivo. O jovem (de gravata) ao meu lado é o Osvaldo Studart Neto, de tradicional família cearense. Ficamos amigos e, 16 anos depois, nos reencontramos - nas lides comerciais de Fortaleza e como sócios do Rotary Club de Fortaleza-Oeste.
          Cheguei em Recife no último dia do Carnaval de 1943 e me instalei no pensionato do Colégio Nóbrega, que era dirigido pelo Padre Abranches, Jesuíta, amigo de meu pai e ex-professor de meus dois irmãos mais velhos na década de 30. À noite, a convite de dois colegas, fui conhecer a folia popular puxada a frevo, na principal avenida da grande cidade. Fui aconselhado a nada levar (só a roupa do corpo), pois era grande o perigo de ser roubado.

Abençoado estudo de inglês  
Pouco depois de chegar a Recife, um Tenente da Marinha Americana procurou o Padre Abranches e lhe pediu para indicar um jovem que falasse um pouco de inglês e pudesse ensinar-lhe português através de conversação quando ambos estivessem de folga. A escolha do Colégio Nóbrega foi motivada pelo fato do oficial ter sido aluno de uma Universidade de Jesuítas nos Estados Unidos. O Padre teve boa impressão do americano e me consultou a respeito. Ele me recomendou fazer uma experiência, achando que eu poderia ser beneficiado se conseguisse investir meu tempo sem prejudicar os estudos. Meio apreensivo, aceitei a responsabilidade. Foram apresentados  James William Fogarty e James Kelso Clark Nunes – ele de Nova York e eu do Piauí, ele Oficial de Marinha e eu estudante, ele com 24 anos e eu com 15. Ele apenas “arranhava” o português e eu já falava um pouco de inglês.
          Passei a ser professor, mas sem remuneração. Felizmente, porém, meu aluno era também um “gentleman” e demonstrava boa vontade em retribuir meu favor ajudando-me a aprimorar minha conversação em inglês. Na foto acima (de 4.7.1943) ele está no centro, com uma senhora da alta sociedade de Recife (amiga dele) e eu, num baile em que os americanos comemoraram o Dia da Independência do poderoso país deles. O Tenente me apresentou ao Almirante Jonas Ingram, Comandante da esquadra americana em nosso país. Falei um pouco com ele, que manifestou satisfação em saber que eu tinha um irmão - Tenente Aviador da FAB - fazendo um curso numa base aeronaval da U.S. Navy no Texas. Fiquei empolgado em apertar a mão da maior autoridade militar americana (no Brasil), a quem o Presidente Getúlio Vargas tinha grande consideração e apreço.
          Não senti o calor das labaredas da guerra, mas o eco era real e perceptível. Com os alemães dominando vastas áreas da África do Norte, havia o perigo de ataque às capitais nordestinas. Em face dos torpedeamentos de numerosos navios mercantes brasileiros, no ano anterior o Governo do Brasil havia declarado guerra à Alemanha e à Itália e rompido relações diplomáticas com o Japão.  Em Recife era baseada a importante Frota do Atlântico Sul da U.S. Navy, da qual muitos oficiais e marinheiros eram vistos na cidade.  
          No Suplemento desta, o tópico Ensinando e Aprendendo focaliza o Tenente James William Fogarty e a presença - no Brasil – da “Frota do Atlântico Sul” da Marinha Americana, além de outros fatos ocorridos no tempo da guerra, que se tornaram dignos de recordações.

Curso de piloto - 1945 - Aero Club de Parnaíba

Tão logo atingi a idade para fazer o curso de Piloto Privado, ingressei no Aero Club.  Como na época eu nem sonhava em vender aviões, a iniciativa não combinava com meu trabalho, motivo pelo qual eu só voava nos fins de semana ou bem cedo nos outros dias. Em acordava o instrutor às cinco da manhã e o levava (no carro de meu pai) ao Catanduvas, onde decolávamos à luz dos primeiros raios do Sol.
          Mesmo assim, chegou o dia em que o instrutor me fez pousar e decolar várias vezes sem ele interferir, só observando. Ele queria que eu fizesse meu voo “solo” naquela ocasião, mas era final de semana e ele viu alguns pilotos brevetados já esperando o avião pousar para nele voarem e, por isso, decidiu marcar a 2ª feira cedo para eu realizar meu 1º voo sozinho. Vibrei...!
Pois bem, na tarde de Domingo caiu aquele avião, que era o único...! A lamentação pela perda do amigo que nele morreu foi maior do que a frustração que tive de experimentar. Bem mais velho do que eu, o Snr. Nestablo Ramos era um profissional respeitado (área de desenho técnico) e desde que se tornou Piloto Privado elegeu como “hobby” voar uma hora todo Domingo à tarde. Aquela foi a última, quando ele teve um enfarte fulminante logo após a decolagem, tendo o avião caído em voo picado numa lagoa rasa. Ele foi retirado e viram que a manete estava na posição de potência máxima. Na foto ele é o 3º da esq. para a direita (com a mão segurando a hélice) entre o instrutor e eu.
          Rendo minha homenagem póstuma a um homem de bem que gostava de voar e morreu voando.

Da pequena Parnaíba à grandiosa Nova York

Aos 18 anos (foto) fui estudar na América. Em 13.9.1946 saí de Parnaíba num bimotor Douglas DC3 da Panair até Belém e de lá a Nova York num quadrimotor DC4 da Pan American Airways. O distinto amigo de meu pai, Bolivar Kup, gerente da Booth no Pará, me ajudou a obter o visto consular americano no meu passaporte. Nas duas noites que passei em Belém ouvi no hotel, enquanto jantava, um violino que muito me emocionou - com a música “Adeus minha terra, eu vou para terras estranhas” (cantada em espanhol).

A euforia de voar num DC4, escalando em Caracas, Port of Spain e San Juan, compensou as saudades que senti de meus pais, irmãos, familiares, amigos e funcionários. Depois, a alegria de voar sobre o conglomerado de arranha-céus da “Capital do Mundo” foi ampliada pela empolgação de estar num grande avião e pela consciência de estar chegando no principal país da Terra. O dia 16 de Setembro de 1946 passou a ser, por isso, um marco indelével na história de minha vida.
          O lado negativo era o longo tempo que eu haveria de passar sem ver a Carminha, a namoradinha que eu já não via há seis meses, pois ela estudava em Petrópolis, Rio de Janeiro. Mais uma lição de que nada é perfeito no mundo.
         Em Nova York fui recepcionado por um funcionário da General Motors, que me instalou num hotel, me proporcionou o privilégio de conhecer o escritório da GM Overseas Operations e me levou a um show no fabuloso Radio City Music Hall. Tanta grandiosidade foi fascinante para o jovem da pequena Parnaíba...!

Abro um parêntese: No tópico “Abençoado estudo de inglês” (acima) mencionei a sorte que tive de conhecer, em 1943, um Tenente americano a quem passei a ensinar português - em conversação. Aqui acrescento o seguinte: ele e outros moravam na vasta casa alugada pela U.S. Navy para ser alojamento de quarenta oficiais. Todos eram profissionais civis que, durante a guerra, passaram a servir às Forças Armadas. O Fogarty me apresentou a alguns de seus colegas mais próximos e distintos. Um deles, Cliff Norby, era gerente de um departamento na maior loja do mundo - Macy’s, de Nova York. Pois bem, quando estive lá, em 1946, visitei a grande loja e o procurei. Foi fácil localizá-lo e fui à sua sala. Quando ele me viu expressou-se alegremente dizendo bem alto “Jimenino”...!  Ele gostou de me ver crescido e de saber que eu ia estudar em seu país. Eu gostei de vê-lo em tempo de paz e esperança. Fecho o parêntese.                      

De Nova York fui a Toronto, Canadá, para conhecer a “Coleman”  (fábrica de lâmpadas incandescentes a querosene - que eram vendidas em Parnaíba e Teresina pela firma Celso Nunes). Antes da guerra meu pai importava da Alemanha os famosos “Petromax”, que os “Col-Max”, idênticos, passaram a substituir plenamente. Essa atividade foi lucrativa para a firma e beneficiou muita gente de inúmeras localidades do Piauí e do Maranhão que ainda não tinham eletricidade. 

Curso de mecânica e marketing - Michigan - 1946/47
Voltando à América, finalmente cheguei em Flint, no Estado de Michigan. Ela era a “Cidade dos Veículos”, onde a maior parte dos empregos de seus habitantes era proporcionada por uma das fábricas das Divisões da General Motors Corporation que enriqueciam o município, como Buick, Chevrolet,  Fisher, AC e Delco, além do Instituto que oferecia cursos como o simples em que estudei até o de pós-graduação em indústria automobilística. 

Por indicação da GM, passei a residir com a família de Mr. e Mrs. Rowan, na Rua Saint Clair, 716, próxima ao Instituto. Com o passar dos meses a amável família me “adotou” como seu filho brasileiro...!
De meu quarto, no 2º andar, eu desfrutava de uma linda vista que, ao contrário de Parnaíba, todo dia mudava de cenário, conforme o Outono, o Inverno e a Primavera iam revelando suas extraordinárias belezas.
Foi andando pelas ruas de Flint que tive a alegria de contemplar, pela 1ª vez, as folhas das árvores mudando de cor. Isso ocorre quando o Verão é sucedido pelo Outono, época em que lentamente as folhas adquirem uma deslumbrante e variada coloração antes de caírem, deixando as árvores com seus galhos completamente nus. No Inverno eles serão cobertos de neve. Só na Primavera eles haverão de reverdecer novamente, cumprindo as imutáveis leis de Deus - que criou o Universo e o mantém incessantemente funcionando.
         Foi também em Flint que vi neve pela primeira vez. Lindo espetáculo...! Ali fui me acostumando com o frio, até 19 graus abaixo de zero. Ainda bem que internamente eram aquecidas as casas, as fábricas, etc., inclusive as instalações do Instituto de Tecnologia da GM. (foto abaixo).
          Considero-me feliz por haver sido aluno do conceituado estabelecimento de ensino da então maior organização industrial do mundo. Foi honroso e proveitoso estudar nele, onde completei 19 anos - em 9.11.1946 (foto abaixo).
          A iniciativa foi de meu pai, que abriu mão de meu trabalho ao seu lado durante nove meses a fim de melhor me preparar para o futuro. Ele foi aconselhado por um diretor da General Motors do Brasil.    Hoje percebo que Deus utilizou o amor paterno, de Papai por mim, como instrumento d’Ele para me habilitar a introduzir na firma um novo e lucrativo ramo de negócios - paralelamente à tradicional revenda de automóveis e caminhões.                  
         Ocorreu o seguinte: num momento inesquecível em Flint eu estava numa aula quando fui chamado à Secretaria; lá recebi dois telegramas vindos do Brasil; a triste notícia foi a morte da Vovó Magdá, em Parnaíba, em 17.2.1947; depois de ser consolado pela bondosa Secretária, procurei um lugar em que eu pudesse chorar sem ser visto e achei adequado o cinema da escola; entrei e aproveitei a escuridão até o final do filme que estava passando.
        Minutos depois, porém,  minha mente foi aberta para algo extraordinário, pois começou um filme cujo título me atraiu - “A Força Moderna”. Tratava-se de motores Diesel, que eu desconhecia. Fiquei impressionado!

Curso de motores Diesel - Detroit

Quando terminou o filme, eu já havia decidido aproveitar a preciosa oportunidade de estar ali - “no lugar certo na hora certa” - para conhecer motores Diesel e tentar revendê-los no Nordeste do Brasil.  Não perdi tempo e, assim, obtive a aprovação de meu pai e minha aceitação pela Divisão de Motores GM Diesel para, no final do meu curso no GMI, eu fazer um treinamento na fábrica a fim de me familiarizar com os motores produzidos em Detroit. A foto ao lado é de quando cheguei lá, para minha matrícula na grande empresa.

          O certificado ao lado (cópia reduzida) que recebi no final do estágio é um símbolo dos novos horizontes que a “Força Moderna” haveria de me proporcionar na vida comercial, vendendo motores Diesel e grupos geradores.

Abro um parêntese: No Piauí a firma Celso Nunes tornou-se revendedora de motores GM Diesel. Anos depois, quando fui morar em Fortaleza, como essa marca já tinha revendedor no Ceará, passei a vender motores MWM Diesel e grupos com geradores Irne acoplados a motores Mercedes-Benz.  Além de lucrativa, a atividade me dava a alegria de contribuir para o desenvolvimento regional em diversas áreas. Durou muitos anos mas um dia tive de interrompê-la - em 1975 - para minha firma se especializar em vendas de aviões, como revendedor autorizado de uma nova fábrica de aviões cujo  convite era condicionado à nossa dedicação exclusiva. Fecho o parêntese.                              

Natal de 1946 e Ano Novo de 1947
           Nas férias de fim de ano - 1946 - fui passar o Natal em Cincinnati, no Estado de Ohio, a convite de um colega que ia resolver se casaria com a moça de lá ou uma outra. A premiada veio a ser a outra, que eu e Carminha posteriormente viríamos a conhecer, em 1951 - em Nova York - onde o distinto casal nos recepcionou amistosamente.
         Passei a entrada do Ano Novo de 1947 em Chicago, em cuja Universidade estudavam meus primos Septimus  e Bruce  Clark. 
1ª foto: eu e Septimus.
2ª: Bruce, eu, Fernando  Santos Rocha, uma amiga deles e Septimus.
3ª.: Sentado na motocicleta coberta de neve –  o Rocha;
em pé – eu, meus primos e amigos deles.

Abro um parêntese:
O Rocha é gaúcho mas, após se formar em Engenharia, foi convidado pelos meus primos a trabalhar na grande empresa do pai deles, sediada em Parnaíba.

Lá, esse “gentleman” casou-se com uma moça - Marilda - de tradicional família, aliás prima da Carminha. Hoje o distinto casal reside em Fortaleza.  Fecho o parêntese.

Foi também na megalópole às margens do Lago Michigan que tive a oportunidade de sentir o maior frio (com forte ventania). No dia 30.12.1946, quando eu estava lá, nevou mais de onze horas seguidas, deixando um manto de 10 cm de neve.. Muitos anos depois estive novamente em Chicago – no Verão - e senti tanto calor como em algumas cidades do interior do Nordeste. 

Abro outro parêntese: Poucos anos antes, foi na mesma Universidade que Enrico Fermi construiu o primeiro reator nuclear de urânio, baseado na desintegração dos átomos - de onde surgiu a bomba atômica (lançada em 6.8.1945 sobre o Japão). Trata-se do grande físico (Prêmio Nobel de 1938) nascido em Roma em 1901 e falecido em Chicago em 1954. Fecho o outro parêntese.

Abro mais um parêntese: Muitos anos depois, tendo lido sobre Paul Harris - o fundador do Rotary International - fiquei sabendo que a última passagem de ano (1946/47) desfrutada por ele foi em Chicago, quando eu estava lá. Ele faleceu 27 dias  depois, em  Janeiro, aos 78 anos. Nascido em 19.4.1868, ele fundou a nobre instituição em 23.2.1905.  Uma das últimas fotos em que ele aparece é dando comida para um passarinho no jardim de sua casa, estando ele bem agasalhado. Um símbolo de quem se agradava em servir, dando de si antes de pensar em si.  Como eu gostaria de ter tido o privilégio de conhecer pessoalmente aquele benfeitor da humanidade, cujo nome ainda hoje é mundialmente respeitado.  Em Setembro de 1951 fui convidado a ingressar no Rotary, tendo a honra de ser rotariano até hoje. Fecho o parêntese.

Amizade nascida no tempo da guerra

Num final de semana fui a Syracuse, interior de Nova York, para visitar o James William Fogarty, aquele oficial da Marinha Americana citado anteriormente.


Foto1: eu e o DC-3 da American Airlines em que viajei em 1947 no interior dos Estados Unidos.
Foto 2: eu e a filhinha do casal James e Barbara Fogarty.

O tópico “Ensinando e aprendendo” - no Suplemento deste -é dedicado ao referido Tenente (do tempo da guerra) que se tornou nosso distinto amigo quando a paz voltou ao mundo.



Proteção, longevidade e salvação   

          Corria o mês de Setembro de 1946 e eu estava às vésperas de viajar para a América a fim de estudar ao longo de um ano. O entusiasmo do jovem de dezoito anos que eu era bloqueava meu raciocínio impedindo-me de pensar como Mamãe - apesar de não demonstrar tristeza - devia estar sofrendo ao ajudar o filho caçula a se ausentar para tão longe durante tanto tempo. Eu sairia de Parnaíba pouco depois do aniversário dela, que no dia 12 faria 48 anos.


          Ela escolheu justamente esse dia para me dar um presente: uma folha de papel de carta na qual ela copiou (da Bíblia) um Salmo para me oferecer. O detalhe importante é invisível e foi transmitido com a doçura materna que eu sempre percebi nela: entregando-me o papel ela me pediu para lê-lo todo dia e para levá-lo sempre comigo até eu voltar. 


          Emocionado, prometi atendê-la. E cumpri, certamente capacitado por uma determinação que veio embutida naquele bondoso gesto de Deus, que utilizou minha própria mãe como amoroso instrumento d’Ele. Quanto mais saudade eu tinha dela, mais eu queria perto do coração aquele papel com sua letra. Um dia não precisei mais dele para recitar o encorajador salmo, pois o decorei. Mas nem por isso ele deixou de me acompanhar - em estudo ou lazer. 


        Gradualmente a confiança de minha mãe em Deus foi sendo assimilada por mim enquanto a mente se desenvolvia com novas vivências. Tornou-se óbvio que, apesar de não ter merecimento, eu estava sendo alvo de múltiplas bênçãos. Esta percepção foi gerando gratidão a Deus em meu coração. Alguns exemplos:

Novas e belas amizades que enriqueceram minha vida; Belezas que apreciei; Ensinamentos teóricos e práticos que me beneficiaram; Aprendizado ao visitar engenhosas fábricas; Vibração ao viajar em grandes aviões, confortáveis trens e velozes ônibus em estradas perfeitas; Proteção contra incontáveis perigos; Força que me foi dada para suportar o sofrimento pela morte da Vovó e pela tristeza de não poder estar ao lado da Mamãe naquele dia; Oportunas gentilezas recebidas de pessoas desconhecidas; Constantes cartas da namorada, trazendo contentamento e construindo um futuro noivado; Lindos sonhos que conseguiam suavizar a intensa saudade da família e dos amigos; Decepção com a guerra recém-terminada, ao visitar famílias e ver fotos de seus chefes ou filhos mortos; Empolgação ao conversar com colegas que, comandando aviões bombardeiros, arriscaram suas vidas em prol da vitória do bem; Carinho recebido num hospital quando dele precisei; Paz que me envolvia ao contemplar neve cobrindo tudo com a pureza de sua brancura; Acumulação de energia e esperança para minha futura vida no comércio internacional, no Brasil;  e muito mais...!

Além do exposto, tenho sido agraciado com a proteção, a longevidade e a salvação citadas no trecho da Bíblia que Mamãe escolheu para mim no dia de seus 48 anos. Ela faleceu aos 90. Hoje (12.5.19 - Dia das Mães) ela teria 120. Quanta saudade...!
Digno de reflexão é o seguinte detalhe: aos 91 anos ainda sou alvo das  imerecidas bênçãos que Deus me concedeu quando nasci, multiplicou no tempo de meus 18 e 19 anos e nunca parou. Haja gratidão...!
Como já mencionei em diferentes partes deste relato sobre meus 90 anos, Deus me concedeu (às vésperas de meus 53) a maravilhosa graça da fé em Seu Filho, nosso Senhor e Salvador. Com ela, passei a ter a certeza de que ao falecer - deixando meu corpo na Terra - estarei para sempre no Céu, com Cristo. 
Que certeza confortadora...!  O medo da morte, compreensível e natural, é atenuado ou eliminado pela segurança dos crentes - confiados no amor, no poder e na misericórdia do grandioso Deus Pai, Filho e Espírito Santo.


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Fim da postagem 2/3 da parte ESTUDO E LAZER

Continua em  ESTUDO E LAZER - 3/3

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