domingo, 5 de maio de 2019

90 ANOS, 1 VIDA... - ESTUDO E LAZER - Postagem 1 de 3

Continuação de FAMÍLIA   -   3/3        -
Contendo referências sobre:

Nadando no rio; DIgnas freiras; O chão subiu; Alto-mar; Se comer, morre; Guerra -navios afundados; Colégio - bandeira, tambor e discurso; Árvores gigantescas; Amarração - hidroaviões; Cavalaria no sertão; 3º aniversário do blog RIQUEZAS DE VIDA.




Aulas de ginástica – a partir de 1932

Quando criança (4 a 6 anos) fui aluno do Prof. Clemente em sua Academia de Ginástica, com o compromisso do mesmo me acompanhar o tempo todo. Os exercícios - na Praça da Graça - começavam às 5 da manhã e eram seguidos de aulas de natação - num cais do rio Igaraçu, onde aprendi a nadar.
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Curso primário – 1934/37

Aos 6 anos entrei no Jardim da Infância do Colégio N. S. das Graças (foto ao lado) onde minhas irmãs Ena e Sônia já estudavam. Estudei lá até os 10 anos, tendo completado o curso primário, Presto minha homenagem de gratidão às dignas professoras (freiras da Ordem de Santa Catarina de Sena) Amália, Bernadete e Assunção, e à diretora – Madre Savina Petrilli. 
Anexa ao colégio havia a “Capela de Santo Antônio”, que veio a ser a atual igreja. Nela fiz minha 1ª Comunhão. O citado acontecimento está comentado - sob o título “Ilusão de um ensino” - no Suplemento deste.
               
Abro um parêntese: Mamãe contava um curioso incidente ocorrido ali nas imediações daquele colégio, quando a mãe dela ainda era noiva: a casa onde morou minha avó era no local onde posteriormente foi construída aquela escola, situada num vasto descampado. O jovem inglês que seria o pai de minha mãe tinha de atravessar aquele terreno quando ia noivar.  Na escuridão de uma noite, orientado apenas pelas luzes da casa da noiva, ele tropeçou numa pequena elevação e caiu; mas a surpresa foi que “o chão subiu” e o derrubou de novo; o fato é que o pobre havia tropeçado em uma vaca deitada, que placidamente se levantou quando alguém caiu sobre seu lombo! Dá para imaginar a cena constrangedora do inglesinho chegando todo sujo e assustado na casa da noiva. Hoje, no lugar do antigo descampado que serviu de pastagem, existem a linda Praça de Sto. Antônio e o Centro Cívico de Parnaíba.  Fecho o parêntese.            ______________________________________________________________________________

No Rio de Janeiro - em 1938 

           
        
         Aos 10 anos, em 1938, realizei o sonho de navegar em alto mar. Papai me convocou para acompanhar Mamãe quando ela regressasse do Rio deixando minhas irmãs Ena e Sônia internas no Colégio Sion, de Petrópolis. Fomos no “Affonso Penna” (foto), da empresa Lloyd Brasileiro.

Como os navios de cabotagem operavam na baía maranhense de Tutóia e a cidade de Parnaíba fica numa margem do Igaraçu  (um dos rios em que o grande rio Parnaíba se abre no delta do mesmo nome) a ligação entre Parnaíba e Tutóia era feita por navios fluviais (foto ao lado) que são rebocadores de grandes alvarengas para transporte de carga. Viajamos num deles, da empresa inglesa Booth Line, de navegação oceânica, que em Parnaíba tinha uma filial e uma doca seca para reparo em suas embarcações fluviais.
Na ida tivemos a agradável companhia do casal Alberto de Moraes Correia e D. Maria, com sua primogênita – Carminha, de 7 anos. Aos 15 ela se tornou minha namorada; aos 17, minha noiva; e aos 19, minha esposa, para minha honra e felicidade. Graças a Deus!
Na 1ª foto abaixo ela é a menorzinha, logo atrás de mim, numa escadaria daquele navio. A mocinha é a Ena e os outros são nossos parentes.

Na 2ª sou eu, no navio; na 3ª,  eu no Rio; e na 4ª somos Mamãe, minhas irmãs, eu e nossos primos Renato e Florriezinha Clark Bacellar, num lindo passeio pela então “Cidade Maravilhosa”. .
Ficamos hospedados com os tios Miguel Furtado Bacelar e Florrie. Ele foi o construtor da Estrada de Ferro Central do Piauí (entre 1917 e 1921), em Parnaíba. Foi por intermédio deles que se conheceram os jovens que haveriam de ser meus pais - Celso e Marie, irmã caçula de Florrie.
Eles tinham quatro filhos – Mário, Renato, Marina e Florriezinha. O 1º era arquiteto e o 2º estava no último ano da Faculdade de Medicina. Todos nos receberam de forma muito afetuosa, na sua confortável casa da Rua Marquês de São Vicente, 287 (onde hoje funciona a PUC), no aprazível bairro da Gávea.
O primo Mário, em seu carro, nos mostrou a linda cidade. Era popular a seguinte marchinha carnavalesca alusiva ao Rio: “Cidade maravilhosa, cheia de encantos mil, cidade maravilhosa, coração do meu Brasil. Berço do samba e das lindas canções que vivem n’alma da gente, és o altar dos nossos corações que cantam alegremente. Jardim florido de amor e saudade, terra que a todos seduz, que Deus te cubra de felicidade, ninho de sonho e de luz.”   No carnaval daquele ano o que mais admirei foi o desfile de carros alegóricos no “corso” da avenida Rio Branco, visto das varandas de um edifício em que estivemos e em cujos salões se brincava o carnaval infantil.

Poucos dias após nossa chegada, minhas irmãs foram levadas para o Colégio Notre Dame de Sion, em Petrópolis, onde ficariam internas. Mamãe e eu estivemos no Rio entre 26 de Fevereiro e 2 de Abril, tempo suficiente para ver e fazer muita coisa. Para mim, andar de bonde era um belo passeio

Fomos de trenzinho ao alto do Corcovado, para ver a famosa estátua do Cristo Redentor e contemplar a espetacular visão panorâmica; e fomos no teleférico (bondinho aéreo) ao Pão de Açúcar. Neste, escrevi no livro de impressões dos visitantes mais ou menos isso: “Pão de Açúcar é o maior pão do mundo. Mas não é pão nem é de açúcar, e ninguém come. Se alguém comer um pouco dele, morre entupido.”  Assinei meu nome e a idade – 10 anos.
Eu e Mamãe regressamos no “Pará” (foto abaixo) também do Lloyd.

Abro um parêntese:  Esse era um dos 82 navios alemães que o Brasil recebeu como “reparação” no final da 1ª Guerra Mundial, para compensar os danos causados por eles. Nas negociações que  se prolongaram até 1922 - apesar da guerra haver terminado em 1918 - houve forte resistência dos países vencedores, que reivindicavam para eles os navios alemães presos no Brasil, mas um jovem diplomata brasileiro conseguiu que o pleito de nosso país fosse finalmente aprovado. Trata-se de meu tio Frederico Castelo Branco Clark, que por sua atuação  (discutindo com diplomatas das principais nações) mereceu um elogio do então Presidente da República, Epitácio Pessoa, em mensagem ao Congresso - conforme citei no capítulo “Um parnaibano nas duas guerras mundiais” do livro “Compartilhando Riquezas de Vida.”  Fecho o parêntese.

Pois bem, quando o “Pará” ancorou no porto de Mucuripe, em Fortaleza, vimos outros navios também ancorados. O mais próximo era o cargueiro inglês “Clement”, que eu conhecia de nome, pois meu pai falava a seu respeito, citando que através dele sua firma exportava cera de carnaúba e importava mercadorias em geral. Ele pertencia à Booth Line – empresa inglesa que mantinha filial em Parnaíba, sendo seu gerente o Vice-Consul da Inglaterra no Piauí. No ano seguinte, o “Clement” foi afundado no Atlântico por alemães em 30.9.1939 - último dia do mês em que começou a 2ª Guerra Mundial. O “Affonso Penna”- torpedeado em 2.3.1943 - também viria a ser vítima da terrível catástrofe que manchou a história da humanidade.
            De volta da viagem ao Rio, tive a alegria de encontrar uma maravilhosa surpresa em Parnaíba: telefones...! Eram da marca Ericsson, suecos.

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Curso ginasial – Parnaíba  –  1938/42                 
                                                                                                 
Em 1938 tive a sorte de ingressar no Instituto São Luiz Gonzaga, cujo Diretor, Prof. José Rodrigues e Silva, se tornou não só um mestre para mim, mas também amigo e orientador. O Prof. Joaquim Custódio dirigia um Grêmio Cívico Literário, que realizava sessões nas tardes dos sábados, unindo o útil ao agradável. Em 1941 fui eleito presidente. Na foto maior sou o 5º da esq. para a direita.  A menor é um detalhe da mesma.

              Tenho gratas recordações do tempo em que meu colégio aliava civismo ao
tradicional ensino. Na foto de 1940, acima, eu era “Guarda Bandeira” (indicado pela seta), ao lado da moça que conduzia a Bandeira do Brasil. Ela era do Colégio Nossa Senhora das Graças, convidada do nosso. Para mim, foi muito honroso ter sido designado pera essa posição. Marchei feliz e compenetrado...
Os tambores e caixas na frente dos desfiles do Instituto eram tocados por três alunos. Eu aprendi com os mais velhos e no meu penúltimo ano (1941) tive a alegria de ser designado para integrar o grupo, do qual eu era o mais novo.
As fotos acima são do desfile da “Semana da Pátria” daquele ano, quando nosso colégio conseguiu a Banda de Música Municipal para tocar os “dobrados militares” à frente dos alunos. Nos tambores nós só tínhamos que acompanhar a cadência dos músicos. Quando vejo, ainda hoje, uma banda do Exército, da Marinha ou da Aeronáutica, minha atenção vai para os tambores e caixas...!
A idade (90 anos) acrescenta saudade às lembranças mas não impede as emoções. Foi feliz e vibrante minha juventude. "Recordar é viver!”

Graças ao estímulo dos citados Professores, aprendi a falar em público. Na foto estou, aos 14 anos, discursando (em nome dos estudantes parnaibanos) em 7.9.1942, no coreto da Praça da Graça, onde se encontravam o Prefeito Municipal, o Vigário da Paróquia e a ilustre visitante Eunice Weaver. O ato foi seguido do tradicional desfile do “Tiro de Guerra” (do Exército) e de alunos dos colégios, como parte da programação da “Semana da Pátria”.
            O discurso foi feito a quatro mãos, principalmente as do Professor José Rodrigues,  mas a empolgação foi minha – exaltando o patriotismo e condenando os afundamentos de muitos navios mercantes brasileiros por submarinos alemães. Apenas duas semanas antes o Brasil havia declarado guerra à Alemanha e à Itália e rompido relações com o Japão.
Em Dezembro de 1942 terminei o Curso Ginasial, habilitando-me a prosseguir no Curso Clássico. A foto ao lado é do quadro (de madeira polida) de nossa “Colação de Grau”, com  as fotos dos 16 alunos  sobre o mapa do Brasil. O conceituado colégio foi fundado pelo empresário  Ozias de Moraes Correia (tio da Carminha), que sempre o apoiou e incentivou. A outra foto, de quando eu tinha 15 anos menos 2 meses, é igual à do quadro. No início do ano seguinte fui estudar no Colégio Nóbrega (de Jesuitas) em Recife, onde fiz o 1º ano do Curso Clássico.

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Árvores e frutas

Ao longo de minha infância e juventude tive a felicidade de usufruir de uma chácara - “Santa Maria” -  com uma centena de árvores frutíferas (principalmente mangueiras), das quais meus pais se orgulhavam. Todas haviam sido plantadas por eles e vieram de sementes de frutas que eles haviam saboreado e achado excelentes.

Na foto (1936) meus pais (comigo e duas irmãs) e um casal de convidados para um almoço domingueiro debaixo de frondosa mangueira. O menor sou eu, aos 8 anos, entre Papai e Mamãe. O carro era um Chevrolet 1935 com capota dobrável. No tempo de meus 11 a 14 anos várias vezes levei colegas para saborearmos frutas naquela aprazível chácara.

Refletindo sobre aquela época e as benfazejas árvores, admiro-me ao meditar sobre a incalculável provisão do Criador, que nunca interrompeu o maravilhoso processo com o qual tem beneficiado homens e animais alimentando-os com frutas – deliciosas e nutritivas. As sementes nelas contidas possuem, ainda hoje, o mesmo poder germinativo que possuíam aquelas que meus saudosos pais plantaram há quase um século; e os frutos delas têm sabores, cheiros e cores iguais aos de então. Quando vejo a única e grande semente de manga ou as dezenas de pequeninas sementes de mamão, louvo a Deus por haver criado os céus e a terra e feito esta produzir árvores para darem frutos com as respectivas sementes, para servirem de mantimento. (Gênesis 1.1,11,12 e 29).
Penso também no seguinte: o homem planta mas não tem poder sobre a germinação, que depende só do Criador; e depois de nascida a plantinha, o crescimento também depende de Deus, que criou o Sol, sem o qual não haveria fotossíntese (que introduz energia solar nos ciclos bioquímicos da Terra).
Aos 9 anos eu não refletia sobre o passado, mas aos 90 as reflexões podem ser benéficas para o corpo e a mente. As agradáveis recordações de “Santa Maria” germinaram em meu coração e produzem deliciosa gratidão a Deus pela abençoada velhice que Ele amorosamente me tem proporcionado.

Abro um parêntese: Recentemente - por associação de ideias - fui motivado a pensar em meus pais plantando mangueiras na década de 1920. Fui atraído por um colorido pacote de folhas de papel A4. A informação escrita na  embalagem  diz que elas são originárias de florestas de eucalipto plantadas pela indústria que transforma árvores em papel; e diz também que eles respeitam e cuidam da natureza.
Um pensamento leva a outro e, assim, lembrei-me de um dileto amigo  (falecido), que plantou milhões de cajueiros, cujas amêndoas ele industrializava e exportava, gerando milhares de empregos e milhões de dólares.
Os produtores de papel e os exportadores de castanhas de caju (por eles industrializadas) são belos exemplos do aproveitamento de árvores capazes de se reproduzirem e se desenvolverem, milênio após milênio. Fecho o parêntese.

Alargando a reflexão mas limitando-me a árvores, admiro o fato de existirem na Terra, embelezando-a e valorizando-a, dezenas de milhares de diferentes espécies de plantas.  Dentre as muitas que já tive oportunidade de apreciar, as que mais me impressionaram,  foram as gigantescas Sequoyas


Em 1994 eu e Carminha visitamos um parque na California para conhecê-las.(foto acima).
            Voamos de Los Angeles a San Francisco e de lá prosseguimos no carro de um casal americano residente em Cupertino (nossos distintos amigos e “irmãos em Cristo”) que nos levaram ao “Big Basin Redwoods Park”. Eles são vistos, com a Carminha, (foto ao lado) embaixo de uma Sequoya cujo tronco foi parcialmente queimado por um incêndio que deixou nela uma espécie de caverna. Eu estava lá, atrás da “máquina de retrato”.
No já referido Suplemento devo escrever  comentários adicionais sobre o assunto.


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Praia de Amarração
A foto acima, de cerca de 1940, é de Amarração - atual Luís Correia

É impossível descrever em apenas um tópico o significado da vila de Amarração, que pertencia ao município de Parnaíba e era, para mim, uma extensão de minha querida terra natal. Elas eram ligadas por 13 km de ferrovia, com uma bela ponte de ferro sobre o rio Portinho (foto ao lado). Por isso, farei apenas uma breve referência à mesma, transcrevendo um trecho do que escrevi em 2013 no capítulo “O vento, o voo, o homem e Deus” no meu livro Compartilhando Riquezas de Vida:

Ventania, coqueiros, mar e céu

Tranquilamente passei a apreciar (em 1982) o cenário e a ouvir os sons da ventania agitando as folhas dos coqueiros que o embelezavam. O rio (Igaraçu) desembocando no mar, o céu azul claro e o suave ambiente evocavam todas as fases de minha vida. Sim, desde a deliciosa e inesquecível infância com meus pais e irmãos (1ª foto - 1931) nas temporadas anuais da família nas épocas das férias escolares, passando pelos períodos de namoro e noivado com a Carminha, as conversas com os pais, avós e familiares dela, os banhos de mar, as festas juninas, as “viagens” de trem, as aventuras em jipes antes da estrada asfaltada, nossa “lua-de-mel” (maravilhosa, como se estivéssemos isolados numa  paradisíaca ilha), as férias com nossos filhos (2ª foto - 1954), os passeios de lancha, as pescarias, os “bate-papo” com amigos, etc. Se eu pudesse filmar meus pensamentos ou gravar as palavras que expressassem as reflexões que deles procediam, naquele dia eu certamente teria feito isso.”
1ª foto (1931) - tirada por Papai: Ena, Sônia, Fred, Reggie e eu (3 ou 4 anos).

2ª foto (1954) - tirada pela Carminha: Mauro, eu e Jimmy Junior. Nessa foto vê-se o início da curva onde o rio Igaraçu se lança no mar e, ao fundo, o velho farol de Atalaia .- que fica em frente ao Oceano Atlântico.
           
Em minha infância o nome Amarração significava férias, banhos de mar, trem e - até meus onze anos - também aviões. De 1929 a 1939 ali operavam lindos hidroaviões Commodore da Pan American Airways e sua afiliada Panair do Brasil. Meu pai era o Agente de ambas..

Eu me deleitava com a vibrante cena de um grande avião descendo nas águas, silenciosamente deixando e recebendo passageiros e - após ruidosa corrida sobre o rio - voltando a voar.
O ronco de seus motores - harmonioso e alto - era música para meus ouvidos! Eles vinham da América e iam para a Argentina, escalando nas principais cidades costeiras do Brasil. A pequena Parnaíba (com sua praia de Amarração) foi incluída nessa rota por causa de sua situação geográfica, muito conveniente. É inestimável a contribuição da navegação aérea para o progresso do Piauí.
No início de 1939 chegaram aviões mais modernos - Sikorsky S-43 - que passaram a operar no caudaloso rio Parnaíba, na localidade Rosápolis. Mais detalhes e comentários  a respeito podem ser lidos na parte Aviação - adiante.
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No sertão nordestino  -  1940                                                   
Em 1940 passei férias numa fazenda, a convite dos irmãos Gerardo e Manuel Elias de Aguiar, meus colegas do curso ginasial em Parnaíba e filhos de um amigo de meu pai. Nossa faixa etária era de 12 a 14 anos e a temporada transcorreu agradavelmente, com muitos passeios a cavalo, observação do trabalho dos operários extraindo ceras, fazendo rapaduras, etc. Só não tolerei foi ver matarem bois e animais; e tive pavor quando dois touros se enfrentaram numa briga perto da casa grande.
De Parnaíba a Piracuruca fomos num trem da Estrada de Ferro Central do Piauí, saindo de manhã, almoçando em Cocal e chegando à tarde.


Abro um parêntese: A locomotiva da foto acIma é igual às que diariamente ligavam Parnaíba a Amarração, saindo às 17:30 e chegando meia hora depois. Após o pernoite, a composição ferroviária saía às 6:30 hs. Fecho o parêntese.

De Piracuruca à sede da fazenda viajamos intermináveis horas montados em cavalos, pois saímos à tardinha, pernoitamos numa hospedaria, reiniciamos quando o sol nasceu no dia seguinte e só na hora do almoço, finalmente, chegamos a “Belmonte”.

A “cavalaria” da qual tomei parte era composta de numerosos cavalos, sendo três montados pelos meninos e muitos outros montados por vaqueiros que o pai de meus colegas designara para conduzir, carregar a bagagem, proteger e suprir as necessidades dos filhos e do coleguinha deles. A marcha era calma e lenta, comandada por um cavaleiro que tinha segurança do que fazia. As horas se arrastavam mas não me impacientei, preferindo tentar assimilar o ritmo e os costumes de meus colegas e a desfrutar da natureza em estado puro naquele pitoresco sertão do meu lindo estado natal – o Piauí.

A hospitalidade dos pais e da irmã de meus colegas foi admirável e nunca os esquecerei. Muitos anos depois tive a alegria de encontrar o Manoel Elias e sua família, em Belo Horizonte, onde desfrutamos bons momentos e recordamos nossa juventude. Ele era um conceituado engenheiro e trabalhava no Depto. de Estradas de Rodagem de Minas Gerais. Lamentavelmente sua preciosa vida foi ceifada precocemente, em um acidente. Em Araxá (MG) tive o prazer de ver o seu honrado nome escrito na fachada de um prédio do governo estadual.

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3º ANIVERSÁRIO DO BLOG

            O dia 5.5.2016 foi o 1º em que algo de minha autoria ficou disponível na Internet para ser lido por quem acessasse essa extraordinário rede mundial.

Sob o título “JFK - A morte de uma esperança” (alusiva ao Presidente John Kennedy, assassinado em 22.11.1963)) tive a honra de inaugurar este modesto blog - que em 5.5.2019 completa três anos.  Ao longo desse período ele foi alvo de 9.691 visualizações, segundo verificação do Pastor José Wadson.

Registrando o fato - que me envaidece - tenho a satisfação de expressar meus agradecimentos a todos os leitores, cuja leitura me estimula a continuar escrevendo - enquanto Deus me capacitar a fazê-lo. Os assuntos serão os mesmos: Aviação, Família, Rotary, Terra e Céu e Variedades.

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Fim da postagem 1/3 da parte ESTUDO E LAZER.
Continua na postagem 2/3 da mesma parte


Um comentário:

  1. Papai, gostei muito da história 82 dos navios alemães que o Brasil recebeu como reparação da Alemanha pelos estragos da I Guerra. Bem feito! Pena que não aprenderam a lição. Fiquei orgulhoso do tio Frederico (ou Freddie, ou Freddy, ou Fred - nunca vou saber). Seja como for, fiquei muito vaidoso em conhecê-lo na casa do vovô Celso, e foi entrevistado lá mesmo pela Rádio Assunção, antes de seguir para Parnaíba. Achei o máximo participar de tudo aquilo...

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