Do minuto em que nasce até o instante em que morre, cada pessoa envelhece a cada segundo. Felizmente, Deus está no controle de tudo, desde antes da concepção até a vida na Eternidade: •
"Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda." Salmo 139:16
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FAMÍLIA -
ESTUDO E LAZER - TRABALHO - AVIAÇÃO -
ROTARY -
BRASIL - MUNDO - TERRA E CÉU
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Graças a Deus, tive uma infância e uma juventude
feliz, com muito amor e união, ao lado de meus pais e cinco irmãos.
As fotos abaixo - todas em Parnaíba - mostram: 1 e 2 - Mamãe e eu aos 8
meses, em 1928, e aos 5 anos, em 1932; 3 - eu com minhas irmãs Ena, Sônia e
Célia, além da cadela Fraulein; 4 – em Fevereiro de 1943, eu (15 anos) entre
Sônia e Ena (16 e 18) no terraço da casa em que vivemos nossa infância e parte
da juventude. Pouco depois fui estudar em Recife; em Junho a Ena casou-se, indo
residir em Teresina. Quando regressei, em Dezembro, senti o vácuo deixado pela
ausência dessa querida irmã. Na vida terrena nada é perene...!
Agora em 2017, havendo completado 90 anos, escrevo sob
o peso de perenes saudades de Papai, Mamãe e dos queridos irmãos Fred, Reggie e
Célia, que já seguiram o caminho de todos os mortais. As duas irmãs e eu
(vistos na última foto, acima) somos os remanescentes da família. Como “1 foto
vale 1.000 palavras”, escolhi uma (ao lado) que foi tirada 60 anos depois
daquela e mostra os mesmos três irmãos, idosos mas unidos pelo amor, apesar de
residirem em cidades diferentes – Ena em Teresina, Sônia em São Paulo e eu em
Fortaleza.
Minhas irmãs já são viúvas, enquanto eu ainda tenho a felicidade de
desfrutar da presença da Carminha – a querida mulher de minha mocidade e de
minha velhice. Nós três somos alvos da dedicação e do amor com que nossos
descendentes alegram nossas vidas e fortalecem nossa gratidão a Deus por tantas
bênçãos recebidas ao longo de tanto tempo...!
Morávamos na Avenida Presidente Vargas, 550 (ex-Rua
Grande, 74), esquinas das Ruas do Passeio e Visconde de Itaboraí - até 1948,
quando meus pais e irmãos Reggie, Sônia e Célia foram residir em Fortaleza.
Fiquei só, pois o Fred residia no Rio e a Ena em Teresina, com suas famílias.
Só no feliz dia de meu casamento, em 29.10.1949, deixei aquela casa (foto) de
tão gratas recordações.
Na 1ª foto, os irmãos Clark Nunes em várias épocas; da
esq. para a dir., acima: Fred, Reggie e Ena (com filha); abaixo: Sônia, Jimmy e
Célia.
Em 1943 (2ª Guerra Mundial) o Fred fez um curso de
aviação na América (como oficial da FAB); no regresso, comandou aviões Catalina
em missões de patrulha e combate a submarinos; eu estudei em Recife - Curso
Clássico; a Ena casou (com o Dr. Raimundo Mendes de Carvalho) e foi residir em
Teresina.
Na 2ª foto, nossa família (menos a Ena) em Parnaíba, 6.1.1946, quando nossos pais
comemoraram Bodas de Prata – 25 anos
de um feliz casamento. Da esq. para a dir.: Célia, Fred, Sônia, Papai, Mamãe,
Reggie e eu (18 anos).
Fortaleza, 31.12.1948 - Sônia,
Célia, Mamãe, Ena e Raimundo, Reggie, Papai.
Bodas de Diamante (60 anos) de Celso e Marie
- Fortaleza, 6.1.1981. Coincidências:
Papai e Mamãe eram os caçulas de meus avós. Eu sou o caçula (dos homens)
de meus pais.
Eles tiveram seis filhos. Eu também.
O 1º deles nasceu em 31.10.1921; o meu em 31.10.1950.
MÍ
Família
Castelo Branco Clark
A foto ao lado, de
1918, é da jovem Marie (que haveria
de ser minha mãe), quando ainda era noiva.
Ela estava com seus pais: James
Frederick Clark e Ana (Magdá) Castelo Branco Clark.
Ele faleceu aos 72
anos, em 2.9.1928. Eu tinha 10 meses.
Vovó Magdá - quando ficou viúva - continuou a residir no
1º andar da enorme residência que ficava em cima da “Casa Ingleza”. Meu tio
Septimus e sua família moravam no 2º andar.
No térreo funcionavam escritório, loja e armazéns da referida firma (James Frederick Clark & Cia. Ltda. –
“Casa Ingleza” ) que pertenceu ao Vovô e passou a ser dirigida pelo citado tio
e por meu pai.
Sempre
que meus pais viajavam na época de minha infância era lá que eu me hospedava,
aos cuidados de Vovó e da Titia (Flora). Esta era solteirona, irmã da Vovó, a
quem ajudava na administração doméstica.
Vovó ficara cega em
consequência de uma cirurgia de catarata. Mamãe contava que ela se levantou na
cama do hospital, após a operação, e exultou de alegria ao enxergar tudo com clareza;
então a vista escureceu de forma
irreversível. As duas irmãs sempre me
trataram com muito carinho e afeição. A 1ª vez que me hospedei com elas foi em
1930, quando meus pais foram à Europa levando o Fred e o Reggie. A foto ao lado
é em Londres naquele ano. Eu os amei enquanto viveram; agora, o amor permanece
mas envolto em perenes saudades. Agradeço a Deus por haver enriquecido minha
vida com as preciosas existências deles...!
Minhas
irmãs Ena e Sônia também devem ter ficado com Vovó e Titia, mas não garanto,
pois eu tinha só 2,1/2 anos. Guardo nítida lembrança do período em que, aos 5,1/2
anos, em 1933, Papai e Mamãe viajaram com aqueles dois irmãos para deixá-los internos
no Colégio Nóbrega em Recife.
Como o
tio Seppie, tia Aracy e os filhos Seppinho e Bruce moravam na mesma casa,
também fui hóspede deles. Aqueles
primos, maiores do que eu, estudavam no Rio, onde
moravam seus avós maternos. Só nas férias, que eles passavam em Parnaíba, eu me
tornava companheiro de passeios e brincadeiras - com os amigos Osvaldo Almendra
e os irmãos Ivaldo e Aloísio Ribeiro - cada um com sua bicicleta. 1ª foto acima (da esq. para a dir.): Seppinho, Osvaldo, Jimmy
e Bruce; 2ª foto: Aloísio, Seppinho, Jimmy, Ivaldo e Osvaldo.
A foto
ao lado, tirada por Papai em nossa casa em 9.11.1932, num dia de aniversário da
Vovó e de meus 5 anos, mostra, da
direita para a esquerda: Bruce, tios Aracy e Seppie, Vovó Magdá (de
preto), Fred (sentados), Sônia e Ena (em pé). Eu tive o privilégio de conversar
e compartilhar de agradáveis momentos com aquele extraordinário irmão de minha
mãe: Septimus James Frederick Clark. Tanto ele como a esposa e os filhos me
dedicavam afetuosa atenção, sendo a recíproca verdadeira. Todos me achavam
parecido com ele.
No
dormitório de Vovó havia uma sacada, de onde eu não me cansava de contemplar
torres de igrejas, telhados de casas, cata-ventos girando, palmeiras balançando
e, no outro lado do Rio Igaraçu, a Ilha Grande. Vovó me emprestava seu
binóculo, e, com ele, eu me sentia como se estivesse voando sobre aquele amplo
e belo cenário, pois eu via aproximar-se o que era bem distante, pelo efeito
das lentes. Numerosas vezes aquele
binóculo me deu o prazer de sonhar acordado...
Minha
tia Flora ensinou-me as primeiras lições de inglês, que ela falava muito bem
por haver estado diversas vezes na Inglaterra. Eu, quando jovem estudante,
muitas vezes escrevi, lá na velha “Casa
Ingleza”, cartas ditadas pela Vovó para seus filhos, as quais, com esforço, ela
fazia questão de assinar (mesmo sem enxergar), num gesto de amor e saudades.
Esse trabalho de “correspondente” foi exercido de 1939 a 1942. Aprendi muito
ao ler cartas a ela dirigidas e ao escrever respostas por ela ditadas, muitas
das quais contendo sábios conceitos de vida. Era admirável minha querida Vovó
Magdá – Ana Gonçalves Castelo Branco Clark. Na foto ao lado, de 1946. ela é
vista entre os filhos. Sentadas: Marie (minha mãe) e Florrie; em pé: Septimus,
Oscar, Frederico e Antônio (Tó). O irmão mais velho de Mamãe, Frederico, vivia
no Exterior, por ser diplomata; um irmão e a irmã residiam no Rio, com suas
famílias.
Em
Parnaíba moravam os tios Seppie e Antônio (Tó), sendo este meu padrinho. Quando
ele casou, tarde, ganhei uma tia (Margarida), que me distinguia muito. Na 1ª
foto abaixo eu (onze anos) sou visto ao lado dela. Ele era arquiteto e
construiu o lindo castelo (2ª foto) em que passou a residir.
Meus
irmãos e eu muitas vezes desfrutamos de sua piscina, mas nunca abusamos da
receptividade dos queridos tios. Ele, Antônio Castelo Branco Clark, foi
Governador do Distrito 26 do Rotary International. em 1941/42.
Transcorridos
46 anos - em 1987/88 - eu também fui Governador do Rotary (no Distrito que
abrange os Clubes do Ceará, Piaui e Maranhão). Prestei homenagem póstuma ao
saudoso tio e padrinho - que plantou o ideal rotário de Servir na mente do
menino que eu era.
Abro um parêntese: Quando meu avô faria
90 anos o Governo do Estado do Piauí o homenageou com um monumento . No Suplemento
desta escrevi sobre o assunto, na parte “PERENES SAUDADES”. Fecho o parêntese.
Família Moura Nunes
Na foto ao lado, de 1909. o 2º da
esq. para a direita, em pé, é o menino de 13 anos Celso
Augusto (que haveria de ser meu pai). Ele era o caçula de Deolindo Augusto Pereira Nunes e Elisa Rosa
de Moura Nunes.
Os outros são seus irmãos Benedicto e Sebastião. Celso ficou órfão de
pai ainda criança. Foi educado por dois tios e suas esposas, em Fortaleza:
Pedro Paulo da Silva Moura (desembargador) e Aurélio de Lavor (médico). Eles
foram grandes exemplos para o sobrinho, que soube honrar suas memórias.
Em 1936 nossa família foi passar férias numa fazenda
no Sul do Piauí - “Carocustou” - no
município de Oeiras (antiga capital do
Estado) e pertencente ao tio Benedicto Estelita de Moura Nunes e sua esposa,
tia Benedita.
Papai, Fred e Reggie foram por terra; Mamãe foi de avião, com Ena,
Sônia, Célia e eu. Assim, aos 8 anos,
realizei o sonho de subir aos ares a bordo de um avião – um Junkers G24 alemão,
de três motores (foto). Ele deslizou sobre as águas do Parnaíba, decolou e, no
final da viagem (Floriano), pousou sobre dois grandes flutuadores - que
pareciam canoas carregando um avião. Foi sensacional.
De lá prosseguimos de automóvel, em estrada
carroçável. A temporada foi excelente e, para mim, instrutiva. Nunca esqueci a
linda cena de muitos passarinhos pousando num terreiro para comer xerém de
milho que minha tia lhes dava toda manhã bem cedo. E dos poucos que meus primos
pegavam com a mão no escuro da noite - ofuscando-os com uma lanterna enquanto
dormiam numa árvore baixa - e depois os recolocavam num galho. Banhos em
lugares pitorescos, passeios a cavalo e a pé, etc., faziam o tempo passar
imperceptível e agradavelmente.
Sendo eu muito mais novo do que meus irmãos e primos,
nem sempre pude acompanhá-los, ficando com minhas irmãs e primas, ou sozinho.
Eu gostava de apreciar os homens no campo cortando
palhas de lindas carnaubeiras (foto acima) e derretendo o pó que delas extraiam
para obterem a valiosa cera de carnaúba. Esse produto era importante para a
economia do Piauí e exportado em grande escala, inclusive por meu pai, que
conhecia pessoalmente os principais importadores europeus.
Um dia os rapazes me permitiram acompanhá-los num
longo passeio a pé, e um primo nos preveniu que atravessaríamos a área em que
poderia aparecer um touro bravo; de sobreaviso, ficamos sempre perto de uma
cerca que teríamos de saltar para o outro lado... se o bicho viesse em nossa
direção. Pois bem, ele veio...! O pavor que tive foi tão grande que fui o
primeiro a pisar o chão no outro lado, sem saber como consegui transpor aquele
arame farpado (altíssimo para mim). Em pensamento senti a mão de Deus me
protegendo!
Abro um parêntese: Às vezes íamos à
cidade - Oeiras - onde moravam minha avó
paterna, Elisa, e muitos familiares de meu pai. Fiz amizade com alguns. Dois
primos que se formaram, o advogado João e o médico Tibério, vieram a ser Prefeitos
de Oeiras e Floriano; este veio a ser Governador do Piauí. Seu honrado nome é
lembrado numa avenida de Teresina.
Muitos anos depois, em 1988, quando eu e Carminha estivemos em Picos, de
onde sairíamos para Teresina na manhã seguinte num avião executivo, resolvi
fazer uma escala em Oeiras para tomar café da manhã com meu primo João da Mata
Barbosa Nunes e esposa, Júlia. Aquele encontro permanece lembrado como uma de
minhas inestimáveis riquezas de vida...! Fecho o
parêntese.
Meu pai e o avião que caiu - 1942
Corria o ano de 1942 e no dia 25 de Abril o impacto de um grande
susto atingiu a Mamãe, a meus irmãos e a mim: caiu o avião em que Papai
viajava...! Ninguém morreu, por
misericórdia de Deus! É difícil acreditar que um avião com flutuadores (para
pouso n’água) não se espatife ou se transforme numa bola de fogo ao cair na
mata. Passei a considerar aquele dia como o do 2º nascimento
de meu pai. As fotos são do próprio avião.
Naquele
dia inesquecível eu tinha 14 anos e meu pai 46. A amarga sensação de
quase tê-lo perdido haveria de perdurar por muito tempo. Como ocorre com uma
pedrinha que, afundando ao ser atirada num lago sereno, causa ondinhas que se
propagam em círculos a partir de onde ela caiu, a ocorrência ficou indelével em
meus pensamentos.
Fui levado a imaginar
como seria minha vida, a de meus cinco irmãos e a de nossa mãe – sem a presença
amorosa e destemida de Papai, que nos transmitia entusiasmo e confiança. Todos
dependíamos dele e nenhum de nós tinha condição de substituí-lo na empresa que
ele fundara e dirigia.
Agradeci muito a Deus
por havê-lo poupado e pedi a Ele que o conservasse com vida e saúde até eu
completar 30 anos, no mínimo. Ao longo de meses, toda noite eu reiterava minha
gratidão e meu pedido. Sem qualquer merecimento, fui encorajado a apelar ao
Todo Poderoso pela lembrança de uma história que Mamãe havia incutido em meu
espírito - “O Grumete”. Foi escrita por Júlia Lopes de Almeida no livro
em que estudei Português: Crestomatia.
Ela destaca o jovem marinheiro que escapou de um naufrágio e salvou um
velho paralítico e rico - quando falharam os recursos humanos e tudo parecia
perdido - porque ele apelou para Deus, a Quem sua mãe o ensinara a confiar.
O tempo continuou
voando. Deus me concedeu mais do que o triplo do que, confiantemente, Lhe
pedi - sem qualquer merecimento meu.
O que aconteceu está
relatado no Suplemento, num capítulo com o mesmo titulo acima.
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HOMENAGEM
ESPECIAL
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Saudade da ENA - querida irmã
Um dia depois que enviei a INTRODUÇÃO
de “90 anos, 1 vida...” para ser postada na Internet fui atingido pela
notícia do falecimento - na véspera - de minha querida irmã ENA. Por mais que o
doloroso fato já fosse esperado, a realidade tem o poder de suplantar todos os
sentimentos e fazer com que o atingido faça uma pausa em sua mente para ceder
lugar à saudade!
A postagem 1/3 do capítulo FAMÍLIA (o 1º desse Livro em blog)
também estava pronta para ser liberada pouco depois, mas suspendi o envio, a
fim de incluir nele uma homenagem póstuma a quem teve um papel da maior
importância em minha vida.
Eu gostaria de poder oferecer a ela algo que representasse
ao menos um átomo do amor fraterno que ela sempre mereceu de minha parte...!
Comecei a garimpar fotos como se elas fossem flores
para um buquê imaginário. Elas, porém, me deixaram com a sensação de inutilidade, pois a todo
instante a mente me fazia lembrar o fato inexorável: nunca mais minha irmã as verá; jamais
ouvirei sua voz - que sempre teve para mim o som de pura amizade.
Apesar dessa triste
realidade, não parei, pois outra verdade se impôs: ela deixou excelentes
frutos - personificados em uma das mais dignas e numerosas famílias do Piauí.
Ela sempre plantou amor e colheu muito amor – merecidamente.
Os filhos do casal Raimundo e Ena podem
ter orgulho e agradecer a Deus por serem seus descendentes. A vocês e aos seus
familiares ofereço o imaginário buquê acima referido, que fiz com muita saudade
da querida ENA.
Jimmy 26.3.2019
1934 - Da esq.
p/dir.: Sônia, Ena, Reggie, Jimmy e Lyra. O Fred tirou a foto.
E os primos Renato e Florrie. Sônia e Ena.
1938
Parnaíba,
1939. Ena aos 14 anos. Fotos tiradas por mim, aos 11 anos, na simplicidade do
quintal de nossa casa.
Parnaíba, Junho de 1943
Fortaleza,1951
Teresina, 19.5.2004 – 90 anos do Raimundo.
A Ena tinha 79 e eu 76 anos.
Sônia, Ena e Jimmy. Atrás: Raimundo Filho
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Fim da postagem 1/3 da
parte FAMÍLIA – de 90 ANOS, 1 VIDA...
Benção grande três irmãos de suas idades terem 1 usufruído um do outro até os 90 anos seus ! Parabens paizinho pela sua lucidez envolvente!!.
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