Decepção, orgulho, ambição e vaidade me animavam
a enfrentar o risco de um prejuízo que seria insuportável. Bastava eu recusar o
que me foi oferecido. Horas antes de decidir, porém, Deus me protegeu - com um
susto abençoado!
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SUSTO ABENÇOADO
Decepção, orgulho, ambição e vaidade me animavam a enfrentar o risco de
sofrer um prejuízo maior do que eu poderia suportar. Bastava eu recusar o que
me estava sendo oferecido. Horas antes da difícil decisão que eu teria de
tomar, porém, algo extraordinário aconteceu comigo - assustando-me. Só muito
depois eu haveria de constatar que aquela ocorrência foi, na época, uma
proteção de Deus; e haveria de ser, no futuro, uma bênção.
Em meu blog (“Riquezas de Vida”) compartilho com os leitores alguns
fatos e fotos que me parecem dignos de registro. Os deste relato se encaixam nessa
categoria. Foi em São José dos Campos - SP.
Na manhã de 24 de Janeiro de 1979 participei de uma reunião na Embraer, da
qual a Clark Nunes havia sido revendedora.
Por motivo que escapava ao controle da mencionada empresa, no ano de
1977 o mercado nacional de aviões foi atingido por uma grave e prejudicial redução
de vendas. A imprevisível crise só foi neutralizada quando o Governo Federal - tardiamente
- restabeleceu a normalidade. Em consequência da lamentável conjuntura, minha
firma sofreu um enorme prejuízo, ficou endividada e deixou de ser revendedora
autorizada.
Nossas relações comerciais estiveram suspensas em 1978, enquanto seriam
encontradas as condições necessárias para a Clark Nunes voltar a vender aviões Embraer
- o que aconteceu no início de 1979.
De modo surpreendente, todavia, a Embraer decidiu reintegrar a Clark
Nunes em sua rede de revendedores mas, excepcionalmente, na condição de agente
de uma organização da qual ela era acionista - a Motortec Indústria
Aeronáutica, do Rio. Por tempo indeterminado, as comissões sobre as vendas de
aviões que minha firma realizasse no Nordeste seriam divididas ao meio com a
firma do Rio de Janeiro...!
Ao tomar conhecimento do citado projeto - excessivamente rigoroso - fiquei
revoltado e inclinado a não aceitá-lo, mas deixei para comentar o assunto na
reunião que teríamos à tarde - quando chegaria o superintendente da empresa
carioca.
Regressando ao meu
quarto do hotel após o almoço, comecei a planejar a estratégia para reverter a
situação. Como, porém, isso era quase impossível, pensei em recusar a segura
fonte de rendimentos que as vendas de aviões me proporcionariam (apesar de
reduzida em relação ao passado) se minhas exigências não fossem atendidas.
Paralelamente passei
a raciocinar que minha experiência no ramo constituía um expressivo
"capital intangível" e que - naquela conjuntura - eu não poderia me
dar ao luxo de desprezá-lo. Meditando, fiquei inquieto e preocupado, pois seria
irrecuperável o prejuízo que me atingiria se eu viesse a recusar o que me
estava sendo oferecido. A justiça e o bom senso me animavam a correr o risco de
lutar, mas a dura realidade da vida me desencorajava, pois - sem qualquer culpa
- eu já havia “perdido os anéis para conservar os dedos” e preservar a dignidade.
Contemplando pela
janela as nuvens brancas que realçavam a beleza do céu azul claro, pensei em
Deus mas - como eu ainda não havia sido salvo por Cristo - apenas vagamente. Apesar
de minha ingratidão, Ele se importava comigo e agiu na hora “H”.
Como isso aconteceu - em 1979 - é o objeto deste
relato de 2019:
Há 40 anos, numa angustiosa
encruzilhada - entre a emoção e a razão - eu estava sentado na cama e não sei o
que me levou a abrir a gavetinha da mesa de cabeceira...; ali estava um
livrinho de capa cinza com letras douradas. Era o "Novo Testamento de
Nosso Senhor e Salvador JESUS CRISTO".
Abrindo-o ao acaso, li as seguintes palavras:
"Concilia-te
depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com êle, para que não
aconteça que o adversário te entregue ao juiz, e o juiz te entregue ao oficial,
e te encerrem na prisão. Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali
enquanto não pagares o último ceitil."
Confesso que fiquei muito
assustado! E o susto abrandou a revolta que me instigava. Pedi uma ligação interurbana para Fortaleza.
Eu precisava ouvir a ponderada opinião do Mauro, meu querido filho e
sócio. Poucos anos antes ele havia submetido
o controle de sua vida a Jesus Cristo, e se tornara um estudioso das
Escrituras. Após a troca de ideias, a
emoção cedeu lugar à razão. Senti-me outra vez beneficiado por Deus: Ele me
concedeu a humildade que estava me faltando e, principalmente, a confiança que
eu não tinha nem no amor e no poder de Seu Filho, nem em Suas palavras contidas
na Bíblia.
E assim, quando
chegou a hora da reunião, em vez de eu disparar meus argumentos e reivindicar
minhas exigências, segui o conselho bíblico de procurar a conciliação com meu
adversário enquanto estávamos juntos. Deus, com amor e misericórdia, me impediu
de rumar pela ladeira escorregadia da ilusão e do engano, apontando-me o rumo
certo.
Foi assim que
começou meu novo relacionamento comercial com a Embraer – agora com a
participação da Motortec. Discutindo com diretores de ambas as empresas numa mesa
redonda, o que fizemos foi planejar o modo mais eficiente de somar esforços
visando a expansão de vendas de aviões no Nordeste – através da Clark Nunes.
De volta ao hotel registrei
a data numa folhinha de papel e a coloquei na página cujas palavras me
assustaram... Ela ainda se encontra dentro do exemplar daquele precioso
livrinho - (distribuído pelos Gideões Internacionais). Eu o trouxe comigo (com
autorização do gerente do hotel) e o guardo com carinho. A passagem bíblica acima
transcrita está no capítulo 5, versículos 25 e 26 do Livro de Mateus.
Os meses que se
seguiram foram desfrutados com muito esforço e entusiasmo. Graças à competência
e à dedicação de meu filho e sócio Mauro – (engenheiro por formação e administrador
por natureza), fomos bem sucedidos.
As mensagens da
Clark Nunes nos Natais de 1979 e 1980 (abaixo) refletem o clima de paz,
gratidão e esperança que nos envolvia naquela época, como ainda envolve hoje.
Deixei de confiar em
homens e passei a confiar em Deus, que me capacitou a diminuir a vaidade e a
ambição pelo exercício da humildade e da conformação.
Com parte da receita
das vendas de aviões nos dois primeiros anos conseguimos pagar nossa dívida à
Embraer. Cumprindo o acordo, nossa parceria com a Motortec fluiu normal e
cordialmente. As pessoas de Tor Kameyama, Paulo Buarque de Macedo, Wilibaldo
Rangel, Nilson Almeida, Basílio Araújo e Cte. Regis personificaram e empresa e
sempre nos trataram com amizade e consideração. A recíproca é verdadeira. Uma
vez os controladores da referida empresa distinguiram a mim e ao Mauro prestando-nos
uma expressiva homenagem - no Rio. Além disso, a Embraer nos prestigiou
realizando em Fortaleza um encontro nacional de seus revendedores, cujo ponto
alto foi a entrega de um turboélice “Carajá” vendido pela Clark Nunes a um
empresário cearense.
As seguintes fotos
mostram algumas de nossas atividades no comércio aeronáutico: 1ª e 2ª – entregas simbólicas (em 1982)
de aviões turboélices Xingu a seus ilustres compradores, no Ceará e no
Maranhão, idênticos a outros também vendidos por nós; 3ª - um diretor da Embraer (na presença de um gerente da Motortec)
entregando-me placa comemorativa do 1º lugar em vendas de aviões no Brasil
em 1989. 4ª - o empresário Edivaldo
Lacerda de Andrade (comigo e meus netos André e Tiago - em 1994) e o último
(Seneca III) dos 4 aviões que ele comprou por nosso intermédio. Ele (de saudosa
memória) personificou o lema que escolhi para a Clark Nunes - “Bons negócios
fazem bons amigos”.
A história seria diferente (nada disso teria acontecido...) se eu não
houvesse sido protegido por Deus no dia - 24 de Janeiro de 1979 - daquele susto
abençoado!
No ano seguinte (12
de Outubro de 1980), sem qualquer merecimento de minha parte, Deus me
concedeu a maravilhosa graça da fé em Jesus Cristo, que me salvou para a
vida eterna mediante o lavar renovador e regenerador do Espírito Santo,
tornando-me um filho adotivo de Deus. É como diz a Bíblia (Efésios 2.4-10):
“... Deus, sendo
rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós
mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo, - pela graça sois
salvos, e, juntamente com Ele, nos ressuscitou, e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus; para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema
riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque
pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus;
não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em
Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que
andássemos nelas.”
Numa reflexão sobre minha
longa vida comercial, vejo que para mim foi honroso e gratificante ter sido revendedor da Embraer.
Nela fiz muitas
amizades, com elevada ética. Nas pessoas de Ozires Silva, Ozílio Carlos da
Silva, Dorival Schultz, Benedicto Ivan Perotti e Paulo Urbanavicius presto
homenagem a todos os diretores e funcionários da mesma e de sua subsidiária Indústria
Aeronáutica Neiva - com quem tive o prazer de lidar entre 1974 e 1998 – 24
anos.
No tempo oportuno a
Clark Nunes deixou de ser agente da Motortec e voltou a ser, diretamente, revendedora
autorizada da Embraer. O fato realçou, para mim, o significado da proteção
de Deus quando eu estava prestes a seguir pelo caminho errado - diante de uma
encruzilhada - e Ele me fez ler uma passagem bíblica que me assustou mas fez escolher
o rumo certo - a “conciliação com o adversário”.
Pouco depois, porém,
a conceituada empresa suspendeu a fabricação dos aviões (fotos acima) que eram
comercializados através de revendedores, dispensando-os.
Após a privatização
ela cresceu muito e, produzido aviões de grande porte, conquistou a confiança
mundial. Agora, associando-se à tradicional e grandiosa Boeing, a Embraer
presta mais um inestimável serviço à Aviação e ao Brasil.
*
O TEMPO VOA E, COM ELE, A VIDA TERRENA
PASSA.
COM JESUS CRISTO, DEUS DÁ VIDA NA
ETERNIDADE.
James
Kelso - Jimmy - Clark Nunes
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