SAUDADE sugere melancolia, tristeza ou nostalgia - sem alegria.
Tratando-se, porém, de pessoas ausentes que estão felizes ou de fatos
gratificantes ocorridos há décadas mas
que conservo vívidos na memória, o que sinto é saudade alegre.
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SAUDADE ALEGRE
James Kelso Clark Nunes
A palavra
saudade sugere melancolia, tristeza ou nostalgia, sem alegria. Quando, porém, ela se refere a pessoas queridas
que estão ausentes mas felizes e fazendo o que gostam – o que sinto a seu respeito é saudade alegre. Sinto o mesmo quando lembro muito bem de fatos
gratificantes ocorridos comigo há décadas.
Para
oferecer aos internautas que vierem a ler meu modesto blog passo a relatar
algumas experiências que tive a alegria de viver há 72 anos mas que guardo na
mente e no coração com a nitidez de algo vivido há apenas 72 dias...! Assim, com
a idade de 91 vou contar (enquanto posso...) episódios do tempo de meus 19.
MARCOS E MARCAS
Os dias
de Natal de três anos seguidos (que estão sete décadas distantes de 2018)
tornaram-se marcos cronológicos e marcas sentimentais na
trajetória de minha vida. Tenho saudade alegre
deles. São os seguintes:
O de 1945, que marca o início de meu namoro com a Carminha; o de 1946, que marca um lindo “Natal Branco” (comentado abaixo); e o de 1947, que marca o noivado dos jovens (foto) daquele namoro que em 1949 resultou em casamento (há 69 anos).
O mais brilhante e que
tem o maior significado é o de 1947.
JOVEM DO PIAUÍ NA AMÉRICA
Em Parnaíba,
em 14 de Setembro de 1946, embarquei num bimotor Douglas DC-3 (foto 1) para
Belém. Após a obtenção do visto do Consulado Americano para eu estudar na
América, embarquei para Nova York num quadrimotor Douglas DC-4 (foto 2), que
escalou em Caracas (Venezuela), Port of Spain (Trinidad) e San Juan (Puerto
Rico).
Após alguns dias em
Nova York admirando a grandiosa “Capital do Mundo” (foto), fui a Toronto, Canada,
onde visitei a Coleman, cujas lanternas tipo Petromax a firma de meu pai importava
para vender no Nordeste. De lá voltei para a América.
Meu destino era a
cidade de Flint (Estado de Michigan) a
fim de estudar no Instituto de Tecnologia da General Motors (GM Tech) -
num curso de mecânica automobilística e marketing programado para mim por recomendação da GM do Brasil, da qual a firma Celso Nunes era revendedora Chevrolet (foto). É inestimável o valor do presente de meu pai (que custeou tudo), além de abrir mão de meu trabalho por tanto tempo.
num curso de mecânica automobilística e marketing programado para mim por recomendação da GM do Brasil, da qual a firma Celso Nunes era revendedora Chevrolet (foto). É inestimável o valor do presente de meu pai (que custeou tudo), além de abrir mão de meu trabalho por tanto tempo.
Completei
19 anos em 9 de Novembro – dia em que a beleza da neve cobrindo tudo de branco
compensou a saudade - nostálgica
- que me envolveu. Na foto ao
lado estou pisando em neve, no chão que ficou branco. No começo de Dezembro um colega de estudos - Ken - me convidou a acompanhá-lo numa viagem a Cincinnati, Ohio.
Lá ele iria passar o Natal com a família de um ex-professor e encontrar uma
amiga deles. Ela era uma das namoradas do meu colega, que tinha outra em Nova
York. Ele planejou passar o Natal com uma e o Ano Novo com a outra. O motivo
era sério, pois seu propósito era escolher uma delas para - oportunamente - ficar
noivo. Ele tinha 21 anos e era filho de um diretor de uma das fábricas da GM.
NATAL BRANCO (“White Christmas”) -
1946
No
amanhecer de 24 de Dezembro de 1946 ele foi me buscar num carro novo que
recebeu de presente dos pais. Era um lindo Pontiac coupê de duas portas e duas cores - branco
perolado e azul. Equipado com rádio, ele nos ofereceu o ambiente propício para
valorizarmos o Natal, sempre ouvindo belas músicas natalinas.
O
cenário que pude contemplar foi deslumbrante e algo nunca imaginado por mim
anteriormente, pois a neve não parou de cair enquanto estivemos na estrada,
felizmente em quantidade suficiente apenas para manter tudo coberto por um
manto cuja brancura - aos meus olhos - sugeria pureza.
Ao ver
uma enorme composição ferroviária - cuja cor escura contrastava com o imenso
campo de neve que separava a rodovia da ferrovia - lembrei-me de “Gato Preto em
Campo de Neve”. Trata-se do livro que li antes de viajar para o país visitado
em 1941 pelo admirável romancista Érico Veríssimo a fim de escrever o que na
época foi considerado o melhor livro de viagens até então escrito no Brasil.
O Ken dirigiu até meio dia e, após o almoço, me pediu para dirigir umas horas.
O Ken dirigiu até meio dia e, após o almoço, me pediu para dirigir umas horas.
Com uns vinte
minutos, porém, percebi que eu não conseguiria atingir a alta velocidade que
ele vinha mantendo e isso atrasaria nossa chegada prevista para o final da
tarde. O motivo era a estrada - lisa como sabão - que me apavorou. A prudência prevaleceu
sobre o meu constrangimento. Deus me proporcionou a força do bom senso a
fim de me habilitar a confessar minha incapacidade e desistir do imenso e raro
prazer de dirigir um carro novo numa excelente estrada americana. Meu colega compreendeu,
reassumiu a direção e chegamos na hora certa. Ótima e pitoresca viagem!
Abro um
parêntese: Refletindo hoje sobre
o assunto, percebo que aquela experiência me
ensinou o seguinte: na vida é mais feliz quem consegue dominar prazeres e tentações
– de qualquer natureza. Isso me lembra
um velho amigo e “irmão em Cristo” que tinha um avião e pilotava com muita
prudência. Sabendo que muitos aviadores corajosos morreram ainda jovens, ele
dizia: “não sou um piloto corajoso porque quero ser um piloto idoso”. Fecho o parêntese.
A
receptividade de nossos anfitriões (o casal amigo do Ken), a namorada dele e a
amiga que ela levou para ser meu par naquela festa natalina americana foi um
presente de Deus para mim. Eu estava em Cincinnati mas meu pensamento em
Parnaíba. A ausência aumenta o valor das pessoas cujas presenças são desejadas.
No dia seguinte o Ken e eu fomos passear pela cidade. Senti muita vontade de ir a uma igreja mas como ele nunca havia entrado num templo católico, sua reação foi dizer que não sabia onde encontrar uma. Não deu tempo de argumentar, pois ao dobrarmos a esquina o que vimos foi uma linda igreja...! Enquanto me sentei num banco, rezei um pouco, agradeci a Deus e refleti sobre o nascimento de Jesus, meu amigo ficou andando e observando o ambiente, respeitosa e silenciosamente.
Abro um parêntese: Em Detroit ele me apresentou a seu pai, que antes da 2ª Guerra Mundial foi um dos diretores da GM na Alemanha, onde a empresa sofreu o maior prejuízo de sua história; o governo nazista obrigou-a a reinvestir os lucros na expansão da mesma e, sucessivamente, a substituir os diretores por alemães. Na guerra a grandiosa fábrica americana produziu muitos produtos que nas forças armadas alemãs foram utilizados contra as tropas aliadas, até ela ser destruída por bombas lançadas por aviões americanos...! Eles não previram o advento do satânico Hitler. Hoje quando ouço notícias de empresas estrangeiras construindo fábricas em outros países, lembro desse fato. Espero que a história não se repita. Fecho o parêntese.
De
Cincinnati o Ken foi para Nova York em seu carro; eu fui de ônibus para outras
cidades de Ohio. Em Akron visitei o centro de pesquisas da Firestone e peguei
num produto novo - espuma de borracha, que viria a se tornar popular ao redor
do mundo.
De Cleveland viajei para
Detroit no avião do tipo mais moderno da
época: Lockheed Constellation. Pertencia à Eastern Air Lines. A foto é de um
da Panair, que adquiriu Constellations idênticos para sua linha Brasil-Europa.
Abro dois parênteses: 1 - Visão comercial - Em 1948 a Panair convidou a firma Celso Nunes para agenciá-la em Fortaleza e meu pai conseguiu uma linha diária de Constellations ligando-a ao Rio. A ideia foi um grande sucesso sob todos os aspectos.
2 - “Air Force One” - Foi exatamente um Constellation o avião escolhido em 1953 por Eisenhower para a presidência dos Estados Unidos. Fecho os parênteses.
ANO NOVO DE 1947 – Chicago
A
convite de meus primos Septimus e Bruce Mendonça Clark, que estudavam em
Chicago, fui passar com eles a entrada do Ano Novo de 1947.
1ª
foto:
Bruce, eu, Rocha, uma amiga deles e Septimus.
2ª foto: em pé, da esq. para a direita: eu, Bruce, Septimus e
dois colegas deles; sentado (na lambreta coberta de neve) outro colega -
Fernando Santos Rocha. Ele e eu nos tornamos amigos quando a convite de meus
primos ele foi morar em Parnaíba depois de formado e passou a fazer parte da
“Casa Ingleza”, da qual veio a ser diretor. Ele é um homem de bem.
Meus
primos (ambos de saudosa memória) eram pouco mais velhos do que eu. Eles me
levaram a um espetáculo de rara beleza, para vermos um show da ex-campeã
mundial de patinação no gelo – Sonja Henie. Eu já havia assistido filmes de Hollywood
em que ela aparecia, mas nunca imaginei vê-la ao vivo. De repente o Bruce,
brincando, me disse que meus olhos estavam para sair...! Não é para menos um
piauiense de 19 anos ver, bem perto, a linda norueguesa “flutuando” em graciosa
exibição artística.
Foi
também na vibrante cidade às margens do grande Lago Michigan que tive a
oportunidade de sentir o maior frio (com forte ventania) – compensado pelo calor humano de meus
anfitriões. Num dia nevou mais de onze horas , deixando um manto de 10 cm de
neve. É o que diz o jornal de 30.12.1946 cujo recorte guardo como simples lembrança.
Abro dois
parênteses:
1 - Reator nuclear - Poucos anos antes, foi na Universidade de Chicago que Enrico Fermi construiu o 1º reator nuclear de urânio, baseado na desintegração dos átomos - de onde surgiu a bomba atômica (lançada em 1945 sobre o Japão). O grande físico Fermi (Prêmio Nobel de 1938) nasceu em Roma em 1901 e faleceu em Chicago em 1954.
2 - Rotary International - Muitos anos depois, lendo sobre Paul Harris - o fundador do Rotary International - fiquei sabendo que a última passagem de ano (1946/47) desfrutada por ele foi em Chicago, quando eu estava lá.
Ele faleceu 27 dias depois, em Janeiro, aos 78 anos. Nascido em 19.4.1868,
ele fundou a nobre instituição em 23.2.1905.
Uma das últimas fotos em que ele aparece é dando comida para um
passarinho no jardim de sua casa, estando ele bem agasalhado. Um símbolo de
quem se agradava em servir, “dando de si antes de pensar em si”. Em 1951 ingressei no Rotary. Em 1987-88 (foto)
tive a honra de ser Governador do Distrito 4490 (Rotary Clubes do Ceará, Piauí e Maranhão) e
desempenhei várias outras missões rotárias no Brasil e no Exterior. Eu gostaria
de ter conhecido pessoalmente aquele benfeitor da humanidade. Fecho os parênteses.
UNIÃO DO ÚTIL AO AGRADÁVEL
Em
meado de 1951 viajei a Nova York e Detroit a serviço da firma de meu pai, que
me confiou uma grande responsabilidade: a de escolher automóveis e,
principalmente, peças e acessórios que seriam importados pela filial de
Fortaleza. A duração seria de poucas semanas.
Tive a agradável companhia da
Carminha, que ganhou de seu pai o custo da viagem dela. Nós já tínhamos um
filhinho, de meses, que ficou com os avós maternos. Ela me ajudou muito e
compreensivamente se conformou em só me ver depois do expediente comercial,
deixando-me livre para trabalhar.
Aproveitamos
bem, principalmente nos fins de semana. Consideramos aquela viagem como nossa
2ª Lua de Mel, compensando a simplicidade da 1ª – que, apesar de maravilhosa,
foi muito modesta, na pequenina Amarração.
Um amigo (funcionário
da GM) nos proporcionou um passeio em torno de Manhattan, num Cadillac
conversível (no qual eu e Carminha posamos em frente ao hotel em que nos
hospedamos). A foto, valendo mais de 1.000 palavras, foi tirada por ele. Obs.: As fábricas de veículos Chevrolet, Pontiac e Cadillac são integrantes da "holding" GM.
FELIZ COINCIDÊNCIA – NOVA YORK,
1951
Por
feliz coincidência o Ken - aquele colega com quem viajei de Flint a
Cincinnati num dia de Natal - também
havia se casado e morava em Nova York. Sua esposa (Virginia) era uma de suas
namoradas naquela época e foi a eleita de seu coração para, juntos, constituírem
família. A foto ao lado mostra ela, a Carminha, eu e a filhinha deles. O Ken
tirou a foto. Para mim foi muito
agradável o encontro em que eu e ele, como felizes chefes de duas famílias,
tivemos a alegria de recordar o tempo em que éramos colegas no GM Tech (1946/47).
Os fatos acima relatados se encaixam no meu conceito de saudade alegre.
PERGUNTA EM 2018 SOBRE FATO OCORRIDO EM 1946
Comecei
este com a intenção de contar histórias do tempo de meus 19 anos, o que em
parte já fiz. Agora, porém, vou contar uma de meus 91 (foto), mas que é coerente
com a intenção inicial: Em 9.11.2018 meus filhos e familiares me valorizaram com
um programa muito superior aos de um simples aniversário. Com antecedência me
pediram para responder perguntas que me seriam feitas na ocasião. Concordei, apenas
pedindo que me enviassem as perguntas até a véspera, por e-mail.
Ao final, segundo disseram, todos gostaram. Quem mais gostou, porém, fui eu. É grande a satisfação de reviver as histórias enquanto elas são contadas...
Ao final, segundo disseram, todos gostaram. Quem mais gostou, porém, fui eu. É grande a satisfação de reviver as histórias enquanto elas são contadas...
Dada a naturalidade com que fui respondendo, uma filha me fez uma pergunta que lhe surgiu na hora. Coincidentemente, ela focalizou a época a respeito da qual estou a escrever este capítulo (“Saudade Alegre”), pois a pergunta se referia ao tempo de meus 18 e 19 anos. Ela perguntou se eu tive medo quando, sozinho, fui estudar num país desconhecido (aliás o maior do mundo) e onde até a língua era diferente.
Eu nunca tinha pensado nisso mas não demorei a responder que não tive medo. Refletindo sobre o assunto e achando que a pergunta era cabível, pois seria natural que o medo me envolvesse naquelas circunstâncias, percebi o que aconteceu para neutralizar tal sentimento e esclareci: foi uma promessa de Deus, contida na Bíblia.
PROTEÇÃO, LONGEVIDADE E SALVAÇÃO
Essa
preciosidade me foi oferecida por minha mãe. Ela copiou numa folha de papel, à
mão, um Salmo e me pediu para lê-lo todo dia e para levá-lo sempre comigo
até eu voltar no ano seguinte. Prometi e cumpri. A foto
ao lado (de meses antes de minha viagem) mostra Mamãe e Papai entre cinco dos
seis filhos. Sou o caçula dos homens - o último à direita. Um dia, já na
América, não precisei mais do papel manuscrito para recitar o maravilhoso salmo,
pois o decorei.
Confiei em Deus e tenho a honra de declarar que fui agraciado com a proteção, a longevidade e a salvação mencionadas no referido salmo. Às vésperas de meus 53 anos (em 1980), Deus me concedeu a maravilhosa graça da fé em Jesus Cristo. Com ela, passei a ter a certeza de que ao falecer - deixando meu corpo na Terra - estarei para sempre no Céu, com Cristo. Que certeza confortadora!
O medo da morte, compreensível e natural nos seres humanos, é atenuado ou eliminado pela segurança dos crentes - confiados no amor, no poder e na misericórdia do grandioso Deus Triuno – Pai, Filho e Espírito Santo.
Ao me oferecer o salmo por ela copiado e me fazer aquele pedido, minha querida mãe foi utilizada por Deus como instrumento d’Ele para aumentar meu conhecimento a Seu respeito e, consequentemente, a confiança que eu já tinha n’Ele - para meu benefício físico e espiritual, tanto naquela época como hoje.
Mamãe
me emocionou com o belo gesto e o carinho com que agiu para proteger o filho (foto
de 1946) em terras estranhas. Sua iniciativa
atingiu o alvo, graças a Deus. Tenho saudade alegre
disso.
NATAL E ANO NOVO
Compartilhando
o assunto com quem vier a ler histórias que ainda posso contar, peço a
Deus que lhes conceda muitas bênçãos, como fez comigo.
Tenho saudade alegre, também, da entrada daquele ano - 1947 - em que eu tinha 19 anos, conforme comentei no início. Agora aos 91, desejo a todos os leitores desde modesto blog um Alegre Natal e um Feliz Ano Novo.
Aos que já são salvos, desejo que o novo ano lhes proporcione mais crescimento espiritual e fortalecimento da fé em Cristo. É o mesmo que peço para mim e para minha esposa, que em 2018 completamos 38 anos de salvos para a vida eterna - ao longo dos quais temos sido alvos de muitas e imerecidas bênçãos de Deus.
E aos que ainda permanecem na ilusão de que basta conhecer vagamente o Filho de Deus, desejo que em 2019 possam crer efetivamente no único mediador entre Deus e os homens - Jesus Cristo, que é o caminho, a verdade e a vida.
*
DEDICATÓRIA
Com este
capítulo presto homenagem a meus pais, falecidos há 29 anos (Mamãe) e 25
(Papai).
O amor com que os amei em suas vidas não diminui com a
passagem do tempo.
Obrigado, meu irmão, por compartilhar momentos tão significativos de sua vida, não deixando de reconhecer nestes a benignidade do SENHOR. Um abraço. Elder
ResponderExcluirMeu caro tio Jim,
ResponderExcluirNeste momento estou sentindo a sua definição de "Saudade Alegre" lembrando de momentos inesquecíveis, embalados pelas conversas maravilhosas na varanda de sua casa da Av. Santos Dumont.
Um carinhoso abraço.
Meu caro tio Jim,
ResponderExcluirEstou sentindo agora a sua definição de "Saudade Alegre", relembrando as agradaveis conversas na varanda de sua casa na Av. Santos Dumont