sábado, 10 de dezembro de 2016

SAGA INTERNACIONAL - 5/6

TÓPICOS DESTA PARTE DO PRESENTE CAPÍTULO:
Negócios e Famílias - mudanças e bênçãos;
Árvore comercial plantada por meu pai  -  há 80 anos;
James Kelso no Rotary International



Negócios e Famílias - mudanças e bênçãos
  
   Em 1948 meu pai e minha mãe (fotos), meus irmãos Reginaldo, Sônia e Célia mudaram de residência, de Parnaíba para Fortaleza, onde foi instalada uma filial da firma Celso Nunes, que foi nomeada agente comercial da Panair do Brasil e da Pan American Airways. Em consequência, foi-me confiada a administração dos negócios no Piauí, com sede em Parnaíba e filial em Teresina, onde continuamos a vender caminhões, máquinas, motores e mercadorias em geral.

   Na foto abaixo (1948) vê-se um grupo gerador Diesel-elétrico GM que, para efeito de demonstração, fiz funcionar sobre um caminhão Chevrolet - preso com braçadeiras - ligado a um pequeno tanque externo de combustível. Estou (de gravata) entre três funcionários da firma, sendo o mais baixo nosso mecânico;  atrás, o motorista do caminhão.Acrescentei esse ramo  aos negócios da firma em 1947, após  regressar da América, onde estudei no Instituto de Tecnologia  e estagiei na fábrica de motores Diesel - da General Motors.

   Em Outubro de 1949 tive a felicidade de me casar, quando Deus valorizou minha vida unindo-a à da Carminha, com quem eu havia ficado noivo no Natal de 1947. Entre 1950 e 1958 fomos agraciados por Ele com o nascimento de quatro filhos, em Parnaíba. Em 1959 seguimos os passos de meus pais e mudamos nossa residência para Fortaleza, onde fui implantar o setor comercial da Celso Nunes S.A., da qual eu era Diretor-Gerente. Aqui, eu e Carminha fomos enriquecidos com mais dois filhos, em 1959 e 1963. 
    Em 1961 passamos a comercializar também aviões executivos. Na foto ao lado vê-se o 1º - um Piper PA-22 Tripacer - novo de fábrica, que veio (parcialmente desmontado e encaixotado) num navio de Nova York para o Rio de Janeiro, onde foi montado. Com meu irmão Fred o pilotando, voamos da lá para Fortaleza. Tenho agradáveis recordações dessa linda viagem, em que muitas vezes ele me confiava o avião para eu pilotar; foi um prazer e uma honra ser co-piloto de um aviador com as altas qualificações desse querido irmão, de saudosa memória. Eu e ele formávamos, juntos, o nome duplo de nosso avô: James Frederick.
                                                                      
   A foto ao lado, de 1965, foi tirada por mim no Aero Club do Ceará, vendo-se a Carminha e nossos filhos Jimmy Junior, Mauro, Carmen, Mônica, Ivana e Kelso em frente a um avião Cessna 172 que importei (enviando um piloto para o receber na fábrica e trasladar em voo da América ao Brasil) a fim de demonstrar a prováveis compradores no Ceará e Estados vizinhos e, finalmente, revendê-lo. O comércio de aviões me fascinou, como relato adiante, em outro tópico.
Hoje nossa família é constituída de três filhos e três filhas, três genros e três noras, onze netos (seis casados) e dez bisnetos.

Na foto ao lado, de 9.11.2016, eu e minha esposa estamos entre cinco de nossos seis filhos, um genro, uma nora, três netos, a esposa de um neto e o filho deles, que é um de nossos bisnetos.  
Eu e Carminha já fizemos Bodas de Prata, Ouro, Diamante e Platina, correspondentes a 25, 50, 60 e 65 anos, tendo hoje 67 anos de casados. Naquele dia completei 89 anos de idade. Nunca pensei que minha existência terrena chegasse a ser tão longa. Dou graças a Deus por essa imerecida mas verdadeira felicidade!
  
Árvore comercial plantada por meu pai  -  há 80 anos
   Desde que veio morar em Fortaleza, meu pai passou a se dedicar exclusivamente à Agência Panair, sem abrir mão do controle geral da firma e da supervisão de minhas atividades. Quando, onze anos depois, também vim para cá, deixei gerentes em Parnaíba e Teresina, cujos negócios continuaram sob minha administração. Os anos passaram voando e as circunstâncias da vida causaram outras mudanças e adaptações, que foram sendo feitas nos tempos oportunos. 
   Em 1960 fundei em Fortaleza minha própria firma, só com representações. Com o passar dos anos, Papai foi atingido por um enfarte e, por isso, decidiu reduzir as atividades comerciais e afastar-se delas, inclusive desistindo da revenda Chevrolet no Piauí. Anteriormente ele já havia declinado da agência Panair, quando, aliás, ela o premiou com duas passagens (para ele e Mamãe) para todas as cidades das linhas internacionals da empresa, em reconhecimento à dedicação com que ele a serviu durante mais de trinta anos. Eles foram só a Londres, de onde seguiram para Keswick, tendo esta sido a última viagem de minha mãe à terra onde seu pai nasceu.
   Em consequência, a firma Celso Nunes veio a ser incorporada pela Clark Nunes, através da qual continuei operando, apesar de em menor escala. Assim, a “árvore” comercial plantada por Papai em 1936 nunca parou de produzir frutos!
  
        
Representando fábricas ou suas distribuidoras, promovíamos vendas de motores, equipamentos e máquinas, além de aviões executivos.
   Vencendo concorrências públicas, vendemos muitos grupos geradores (com motores  Mercedes-Benz) para eletrificar municípios cearenses que se preparavam para receber a energia da hidroelétrica de Paulo Afonso. A foto, de 1963, mostra um deles na demonstração que fiz para o Governador Virgílio Távora (o 3º da esquerda para a direita) e ilustres integrantes de seu governo. Meu pai e eu somos o 5º e o 6º; os outros são funcionários de nossa firma. Além do vigoroso ronco do motor Diesel, foi muito apreciado o brilho das grandes lâmpadas - simbolizando o advento da força e luz necessárias para o desenvolvimento do interior do Estado, há mais de 50 anos...!

Um exemplo de máquinas vendidas pela Clark Nunes é a escavadeira da foto ao lado, tirada na fábrica da Koehring em Milwaukee (Wisconsin, USA), em 1965. Sou visto no centro, em frente de uma “Skooper” hidráulica (do tipo mais moderno então existente) igual à comprada pelo Grupo Votorantim para sua fábrica de cimento de Sergipe. Estive lá a convite do diretor Clovis Scripilliti, de saudosa memória, com quem fui de Fortaleza a Aracajú em um dos aviões que tive a honra de vender para outras empresas daquele importante e conceituado grupo.  



Em 1975 a Clark Nunes foi honrada pelo convite da Embraer para ser uma das poucas revendedoras dos aviões Piper que ela passaria a produzir no Brasil. Para aceitar, porém, eu e meu filho Mauro - sócio da firma - tivemos  de optar pela dedicação exclusiva ao comércio de aeronaves, comprando por conta própria para revender aviões executivos, agrícolas e utilitários, assim como peças, além de nosso compromisso de instalar duas oficinas homologadas para manutenção de aviões; em compensação a Clark Nunes seria nomeada a única Revendedora Embraer no Nordeste (em oito estados), com bases em Fortaleza e Recife, onde em vez de uma filial teríamos de fundar uma firma com outra razão social.
   A alegria que o convite me trouxe veio acompanhada da triste necessidade de dizer adeus ao comércio de motores, máquinas e equipamentos, do qual eu participava, embora modestamente, com prazer e entusiasmo, representando grandes empresas.
   Decidimos aceitar o promissor desafio. Pouco depois, porém, todos os revendedores foram autorizados a vender para clientes de todo o país. A mudança foi favorável às grandes empresas do Sul e muito desfavorável a nós do Nordeste.
   Foi inestimável a colaboração do jovem Mauro para o desempenho das novas responsabilidades. Além de Engenheiro Civil, ele é homem de ideias e de ação, com o dom de administrar. Ele dignificou nossa empresa durante muitos anos e foi o principal responsável pelo sucesso com que fomos agraciados. Houve um ano em que fomos campeões de vendas de aviões executivos no Brasil, e isso não aconteceu por acaso.
As fotos acima são da 2ª metade da década de 1970 e mostram os hangares (alugados aos Aero Clubes do Ceará e de Pernambuco) em que instalamos oficinas de manutenção de aviões, homologadas pelo Ministério da Aeronáutica.
Em Fortaleza a atividade era praticada pela Clark Nunes Comercial e Técnica Ltda.; e em Recife pela Aviclan Aviação Ltda., que fundamos por exigência da Embraer. Oportunamente ambas foram fechadas, deixando-nos a recordação de uma época dinâmica em que servimos com dedicação e dignidade.
O folder ao lado é um exemplo de nossa atividade vendendo aeronaves -  inestimáveis no processo do desenvolvimento regional.
O relacionamento com pessoas de alta posição que me distinguiram com sua confiança me levou a adotar em nossa empresa o lema “Bons negócios fazem bons amigos”. Nele a palavra “Bons” refere-se à qualidade - sob os aspectos material e moral, com ética profissional.
   Como nada é perene na terra, porém, surgiu uma ocasião em que o Mauro teve de se desligar da firma; só não tenho inveja da Pessoa a quem ele passou a servir com dedicação exclusiva porque eu também sou um humilde servo d’Ele – Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador.
   Chegou também o tempo em que a Embraer parou de produzir aviões de pequeno porte. Só não saímos do ramo porque  já vendíamos helicópteros - da Helibras.  
   As fotos acima foram tiradas em São Paulo em 2014 durante uma feira de aeronáutica, quando o Vice-Presidente Comercial da citada empresa procedeu a entrega de um helicóptero (EC-130-T2) vendido através de minha firma e parabenizou “o colaborador e amigo Jimmy Clark” pelos 30 anos do relacionamento da Clark Nunes com a Helibras. As maquetes são miniaturas do lindo e moderno helicóptero entregue.
   Num olhar retrospectivo de nossa participação no mercado aeronáutico desde 1961, registro - com muita gratidão a Deus - o fato de que através da Clark Nunes foram vendidos mais de 220 aviões executivos mono e bimotores (Cessna, Piper, Wren e principalmente Embraer/Piper) para clientes do Nordeste e outras regiões, além de, em menor escala, helicópteros Eurocopter/Helibras, atualmente Airbus/Helibras.
   Para dar aos leitores uma vaga ideia sobre as atividades acima comentadas, apresento a seguir algumas fotos - de várias épocas - colhidas de meus álbuns:      
 Abro um parêntese: Em passado remoto meu avô James Frederick Clark importava da Europa mercadorias diversas que vinham em navios a vela ou a vapor para serem vendidas (a grosso e a varejo) para clientes do Piauí, Maranhão e outros Estados - que eram visitados pelos seus “caixeiros-viajantes”. Acho que herdei não apenas o nome dele, que sempre procurei honrar, mas também a motivação e o prazer de - através da atividade comercial - ser útil às pessoas e à comunidade.
No comércio de aeronaves, posso acrescentar o seguinte: 
1 - Os clientes que confiaram em mim foram beneficiados pelo uso dos equipamentos adquiridos.
2 - Bons negócios fazem bons amigos.
Tenho um registro com os nomes de todos os clientes e dados de suas aeronaves.   Fecho o parêntese.   
                   
James Kelso no Rotary International – há 65 anos
   Foi com orgulho e satisfação que, aos 23 anos de idade, fui convidado a ser sócio de um clube que se propunha a ser, e verdadeiramente o era, como um “corte transversal” da sociedade - o Rotary
Club de Parnaíba. Assim, em 3.9.1951 passei a integrar um grupo de homens que se distinguiam nas mais diversas profissões, desfrutavam de elevado conceito e sabiam dignificar as atividades em que granjearam o respeito da comunidade. Nele permaneci até 1960, quando entrei no Rotary Club de Fortaleza-Oeste. Elegeram-me Presidente dele para o ano 1964/65. Em 1987/88 o Rotary International me elegeu, por indicação dos clubes rotários do Maranhão, Piauí e Ceará, para ser o Governador do Distrito 449 (atual 4490) que abrange os mesmos.
   Na foto ao lado eu e Carminha somos vistos em Nashville, Tennessee, onde recebi treinamento para administrar um distrito, na mencionada  função.
   Havendo eu completado, em 2011, seis décadas de atividade como rotariano, escrevi vários capítulos na parte “No Rotary - há 60 anos” do livro “Compartilhando Riquezas de Vida”, publicado em 2014.
   No blog com o mesmo título postei agora em Setembro de 2016 o artigo “Meus 65 anos no Rotary” - que pode ser acessado na Internet no seguinte endereço: riquezasdevidaweb.blogspot.com.br

Algumas das missões rotárias que tive o prazer de cumprir em diversos países são compatíveis com o contexto desta saga, mas farei referência apenas às três seguintes:

- Honroso encontro: Em 1964 fui distinguido com o convite para integrar um grupo de eminentes
personalidades de Fortaleza que teriam um breve encontro com S.Exa. o Presidente da República, para entrega de uma proposição de elevado interesse público. Fui convidado porque, na época, eu presidia um Rotary Club (o Fortaleza-Oeste).                        
A relação daquele evento com este artigo é que o Rotary me ensejou a honra de cumprimentar uma insigne pessoa da mesma árvore genealógica de minha mãe (Marie Castelo Branco Clark Nunes) – o Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco. Na foto ele é visto de lado, à direita, lendo o documento entregue pelo industrial José Dias Macedo; à esquerda deste são vistos Romeu Aldigueri e Jimmy Clark Nunes.

Abro um parêntese: Naquele encontro admirei-me ao ouvir o Presidente me dizer que os anos não mudaram minha fisionomia; sua referência era ao dia em que ele, ainda Comandante da 10ª Região Militar, esteve em Parnaíba e fez uma breve visita a mim e à Carminha, antes de jantar com meus tios Septimus e Aracy – de sua faixa etária. O então General Humberto chamava minha mãe de “prima”; ele e a esposa, D. Argentina, mantinham relação social com meus pais, que já residiam em Fortaleza.  Fecho o parêntese.   

- Unindo gerações: Em 1977 proferi uma palestra para rotarianos dos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, numa Conferência do Distrito 450 (atual 4500). O tema escolhido pelo então Governador foi: “O Nordeste e o desenvolvimento integrado do país”. A relação daquele fato com este artigo é que ele uniu (em Recife) pessoas da geração que o vivenciou com pessoas (de galhos diferentes da mesma árvore genealógica) que viveram no século 19.
   Esclareço: quem me convidou foi Eudes de Souza Leão Pinto, Governador 1976/77 do Distrito; ele é um dos ilustres descendentes de Maria das Dores de Souza Leão Gonçalves, que foi esposa de Sigismundo Antônio Gonçalves, que era irmão de Feliciana Matilde Gonçalves Castello Branco, que era esposa de Antônio Borges Leal Castello Branco, sendo estes os pais de minha avó materna - Ana (Magdá) Gonçalves Castelo Branco, que se tornou Clark pelo casamento com James Frederick. A filha caçula deles, Marie - que haveria de ser minha mãe -, tinha 16 anos quando faleceu (aos 69 anos, em 21.5.1915) seu tio-avô “Siza” - aquele piauiense que foi Governador de Pernambuco. Apesar de tão antigo, seu nome ainda brilha hoje em qualquer GPS indicando - no mapa de Olinda - a Avenida Sigismundo Gonçalves.
   O Rotary - unindo gerações da mesma genealogia - me proporcionou uma amizade que me envaidece – a do Eudes de Souza Leão Pinto. Daria um livro contar sua história, mas direi apenas que recentemente ele, aos 95 anos, foi homenageado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco. “Honra ao Mérito”...!

- Função de embaixador: Em 1985 passei quatro semanas na Holanda representando um Distrito do Rotary International localizado no Nordeste do Brasil junto a Rotary Clubes integrantes de um dos distritos rotários holandeses, liderando uma equipe de cinco profissionais não rotarianos escolhidos para participarem de um Intercâmbio de Grupos de Estudos; a função que desempenhei é conhecida no Rotary como a de um “Embaixador de Boa Vontade”.
Foi nessa condição, aliás, que contei às famílias de nossos anfitriões, numa reunião comemorativa do 40º aniversário da libertação da Holanda (após anos de ocupada pelo Exército Alemão), que enquanto eles sofriam com a presença dos invasores, nosso país enviou à Europa uma Força Expedicionária para combater os mesmos inimigos deles. Esclareci que muitos brasileiros morreram em ação e seus corpos ficaram num cemitério na Itália. Os holandeses ignoravam o fato histórico e alguns, emocionados, manifestaram gratidão a nós - que representávamos o Brasil.  
   No livro já citado anteriormente escrevi o capítulo “Conhecendo a Holanda – com rotarianos”. A quem solicitar através do e-mail  jkc.nunes@gmail.com  terei prazer em enviar pela Internet uma separata do mesmo.

Fim da parte 5/6                                                                           Continua na parte 6/6

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SAGA INTERNACIONAL      -      6 PARTES      -      SUMÁRIO

1/6 - Saga internacional; Transplante; “Árvore do vovô”; Inglês que amava o Brasil e brasileira que amava a Inglaterra; Dedicação e fidelidade premiadas; Entreposto comercial na foz de um grande rio

2/6 - Nomes, épocas e circunstâncias; Guerra no mundo...; Frederico no Japão -  Embaixador do Brasil; Frederico outra vez na França, agora como Embaixador

3/6 - Submarinos x Aviões; Cooperação Brasil – USA; Paz e Esperança; Sonhos x Realidade 
 
4/6 - Aviação - Parnaíba entre Nova York e Buenos Aires; Aviação - Panair e Celso Nunes; Aviação - Na paz e na guerra; Aviação - Honra ao mérito e expansão

5/6 - Negócios e Famílias - mudanças e bênçãos; Árvore comercial plantada por meu pai  -  há 80 anos; James Kelso no Rotary International

6/6 - Elos de amor unindo gerações; Floresta de árvores genealógicas; Brasil e Inglaterra; Conclusão

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 “Ele acode à vontade dos que o temem; atende-lhes o clamor e os salva. ”   Salmo 145.19

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