terça-feira, 6 de dezembro de 2016

SAGA INTERNACIONAL - 3/6


TÓPICOS DESTA PARTE DO PRESENTE CAPÍTULO:
Submarinos x Aviões;
Cooperação Brasil – USA;
Paz e Esperança;
Sonhos x Realidade   




Submarinos x Aviões
   Retornando ao assunto relacionado à guerra no mundo, faço referência especial ao relevante papel dos submarinos alemães - que começaram com tremendo sucesso - assim como a enorme importância das Forças Aéreas aliadas, que, com o passar dos anos, ajudaram a combater e finalmente a neutralizar os pavorosos inimigos.  Nesse contexto, vem à tona a lembrança dos aviadores da FAB que se especializaram na Aviação Naval dos Estados Unidos e escreveram uma página respeitável da história da participação do Brasil naquele conflito; refiro-me ao patrulhamento aéreo da costa brasileira, em 1944 e parte de 1945, com aviões bombardeiros anfíbios “PBY Catalina”.   
   Um dos comandantes desses aviões era meu irmão Fred - neto de James Frederick Clark. A foto ao lado mostra as “asas” da FAB e da U.S.Navy que ele usava no uniforme. Elas tem imenso valor
sentimental para mim, pois me foram presenteadas pelos queridos sobrinhos Sheyla e Fernando (seus filhos) depois que ele foi baleado por um assaltante quando começou a dirigir o carro ao sair de um restaurante no Rio - na triste noite de 20.11.1994. Aquele homem, vitorioso em atividades aeronáuticas na guerra e na paz, veio a ser vitimado na violência que – desafiando a incompetência de sucessivos governos – transformou a antiga “Cidade Maravilhosa” no sinistro palco de uma revoltante “guerra sem fronteiras”...!
   Transcrevo a frase final do capítulo que, sob o título “Fred – Meu saudoso irmão e admirado aviador”, escrevi no já citado livro:  “Na memória guardarei sempre o semblante alegre, inteligente e esperançoso de um grande e admirável aviador, o homem de espírito e ideias elevadas que foi meu querido e saudoso irmão Fred.”    
O avião ao lado foi fotografado - em 1944 - por um tripulante de outro quando o Fred comandava o nº 21 (foto). Eles integravam a esquadrilha de Catalinas da Base Aérea do Galeão, no Rio, de onde partiam para missões de combate a submarinos e patrulha da costa, até o fim da guerra. Os flutuadores (para pouso em água) estão recolhidos e completam as pontas das asas; o trem (para operação em terra) também era retrátil.
   A inestimável importância de aviões desse tipo para a vitória dos “Aliados” pode ser avaliada pela seguinte constatação (citada no livro “O Brasil da mira de Hitler”, de Roberto Sander): na 2ª Guerra Mundial os submarinos alemães afundaram 2.603 navios mercantes e abateram 175 aviões, causando mais de 40.000 mortes! Só gradualmente eles foram neutralizados por aviões capazes de combatê-los. Acrescento que eles eram comandados por pilotos especializados em localizá-los e destruí-los com bombas de profundidade (que não explodem no impacto com a água).    
   Segundo o referido livro, o Primeiro-Ministro inglês Winston Churchill confessou em suas memórias que o vitorioso plano de retomada da Europa em 1944 não teria sido concretizado se os submarinos alemães já não estivessem, pelo menos em sua maior parte, varridos das águas do Atlântico, por onde os navios traziam o indispensável suprimento de material bélico.

Abro um parêntese: Quando a Força Expedicionária Brasileira embarcou para a guerra na Europa, uma esquadrilha de aviões da FAB protegeu o comboio de navios com a preciosa tropa - até o meio do Atlântico, onde a responsabilidade foi transferida para aviões americanos vindos da África. Pois bem, no contexto da saga internacional que estou relatando, refiro-me à seguinte coincidência que naquele momento histórico uniu dois parnaibanos ex-colegas de infância e juventude, sendo um oficial do Exército e um da Aeronáutica: Alcione de Araújo Melo e Fred Clark Nunes. O “Catalina” pilotado por meu irmão era equipado com câmera e várias fotos foram tiradas. Anos depois ele me mostrou algumas e, brincando, me disse que - procurando bem - eu haveria de identificar nosso conterrâneo entre os milhares de brasileiros que ele viu navegando em direção à Itália para combater alemães no tempo de Hitler.  Fecho o parêntese.

Cooperação BRASIL – ESTADOS UNIDOS
 A ampliação da guerra (decorrente do ataque japonês, da adesão do Brasil aos países "Aliados", etc.) motivou os Presidentes Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas a criar condições para uma efetiva cooperação do Brasil com os Estados Unidos. Veio para nosso litoral a South Atlantic Fleet (Frota do Atlântico Sul) da Marinha Americana, baseada em Recife, sob o comando do Almirante Jonas Ingram.
Na foto ao lado ele é visto numa reunião com o  Presidente Getúlio Vargas.
Quando eu era estudante naquela capital, tive o privilégio de ser apresentado a tão importante personagem. Foi numa festa comemorativa do Dia da Independência dos Estados Unidos (4.7.1943) - prestigiada pela presença da maior autoridade militar americana no Brasil. Tive a honra de dizer ao Almirante (em inglês...) que meu irmão mais velho, Tenente da FAB, estava fazendo um curso no Texas na base de Corpus Christie da Marinha Americana. Ele me cumprimentou por isso, deixando-me orgulhoso e feliz...! Quem me apresentou a ele foi um oficial a quem eu ensinava português - Tenente James William Fogarty, da Marinha Americana.
   Ele é visto na foto ao lado, entre uma senhora conhecida dele e eu. Passei a ensinar português a ele por indicação de um diretor do Colégio Nóbrega (onde eu era aluno do Curso Clássico) atendendo a uma solicitação do próprio ao citado colégio. Acho que aprimorei meu inglês mais do que ele aprendeu português. Talvez eu ainda venha a escrever um capítulo relatando episódios - ocorridos no Brasil e nos Estados Unidos - em torno desse distinto amigo a quem Deus utilizou como instrumento Seu para me beneficiar. O nome dele e o meu sendo iguais ao de meu avô James me fazia recordar do pai de Mamãe.

Paz e Esperança
   Depois da tempestade da guerra (de 1939 a 1945) veio a bonança da paz trazendo esperança para um mundo sofrido, que acabara de perder mais de 40 milhões de habitantes, num conflito que manchou indelevelmente a história da humanidade.
   Em 7 de Maio a Alemanha se rendeu incondicionalmente aos Aliados; a cerimônia formal ocorreu na cidade francesa de Reims.
   Em 15 de Agosto foi a vez do Japão aceitar a rendição incondicional; a solenidade do ato ocorreu no dia 2 de Setembro, perante o General Douglas MacArthur, a bordo de um navio da Marinha Americana ancorado em águas japonesas.
   Os principais responsáveis pela indescritível tragédia mundial foram Adolf Hitler  (ditador da Alemanha nazista) e Hideki Tojo (General e Primeiro Ministro do Japão); o alemão suicidou-se ou fugiu e o japonês, condenado por um tribunal, foi enforcado.
   O Imperador Hirohito foi poupado, pelos americanos, de ser julgado entre os “criminosos de guerra” japoneses, mas teve de desistir de sua suposta divindade.
Sonhos x Realidade   
    Desde criança eu sonhava com a diplomacia, elegendo-a em minha mente como a profissão que mais me fascinava. Eu colecionava selos e simpatizava com cada país de onde eles procediam, querendo conhecer mais a respeito de cada um. Sempre fui atraído pelas relações internacionais entre os povos. Minha avaliação da importância da diplomacia para a manutenção e a defesa da paz foi aumentada pela deflagração da 2ª Guerra Mundial.
   Foi justamente ela, porém, que me direcionou para outra profissão; ocorreu o seguinte: meu pai me pediu para interromper provisoriamente meus estudos em Recife no final do ano letivo, motivado pela perda de três auxiliares de sua firma que a deixaram para prestar serviços militares. Por isso, voltei para Parnaíba e no dia 16 de Dezembro de 1943 ingressei na firma Celso Nunes. Em 1945, estando o mundo ainda em guerra, Papai me ofereceu a chance de passar o Carnaval no Rio de Janeiro, com meu irmão mais velho, que ainda era solteiro, aproveitando para em seguida eu viajar a São Paulo a fim de visitar a General Motors e outras empresas cujos produtos eram vendidos no Piauí por nosso intermédio. Em 1946 ele me ofereceu outra chance ainda mais valiosa: estudar na América ao longo de um ano. Assim, no meu 19º aniversário eu era aluno do Instituto de Tecnologia da General Motors - GMI, em Flint, Michigan.
Refletindo, lá, sobre minha presença no Exterior, minha mente teve de lidar com um conflito: os sonhos, de um lado, e a realidade, do outro. Nem a beleza do Outono no Norte dos Estados Unidos me fazia esquecer do assunto e da pessoa que continuava sendo o ídolo de minha juventude e que sempre estimulou minha ideia de seguir sua nobre carreira: meu tio Freddie. Ele havia sido Embaixador do Brasil no Japão e era o Embaixador do Brasil na França.
   Abrindo meu coração, escrevi a ele relatando o fato e explicando a razão pela qual  tive de ceder à realidade da vida e desistir dos lindos sonhos que a alimentaram até pouco antes. Foi difícil, mas ele merecia aquela satisfação.
Ele me respondeu com uma confortadora carta, típica de um verdadeiro diplomata...! Só Deus sabe quanto ela me comoveu e só Ele mesmo poderia me dar força para suportar a dor de sepultar um sonho...! Guardei essa carta como uma joia de raro valor durante anos, mas as mudanças  de residência e de local de trabalho a roubaram de mim, deixando só o envelope. Ele é visto ao lado,  scaneado, para   valorizar o presente artigo e esclarecer que a caligrafia é do próprio tio Freddie, que o endereçou sem indicar o nome da rua - apenas General Motors Institute - Flint, Michigan, U.S.A.; de igual modo, ele não mencionou seu endereço de remetente, escrevendo apenas Brazilian Ambassador – Paris. Apesar disso, ele foi recebido pelo Mr. N.T. Witt, o diretor do GMI que o entregou em minhas mãos. Os selos são da França e os carimbos são do Correio de Paris, com a data de 28 de Outubro de 1946.
   Quando finalmente regressei da América, em 1947, meu sonho de diplomacia havia cedido lugar à realidade que me envolveu no comércio, ao lado de meu pai. Refletindo sobre os 70 anos que transcorreram entrementes, posso afirmar que Deus não erra. Eu desejava seguir a carreira diplomática e me tornar digno de um dia ser embaixador do Brasil em algum país, mas Deus tinha planos melhores para mim. Diz a Bíblia: “Muitos propósitos há no coração do homem, mas o desígnio do SENHOR permanecerá.” - (Pv 19.21).
   No ano de 1980 fui salvo para a vida eterna, quando Ele me concedeu a graça da fé em Seu Filho, Jesus Cristo. Explicando a feliz ocorrência escrevi o capítulo “Aconteceu Comigo” no livro “Compartilhando Riquezas de Vida”. Uma separata desse capítulo poderá ser enviada a quem enviar um e-mail para o endereço jkc.nunes@gmail.com solicitando-a.
   Hoje tenho a honra de ser um humilde embaixador de Cristo, como manifestado pelo apóstolo Paulo e registrado na Bíblia (2 Co 5.20) – “... somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso  intermédio.”

          Fim da parte 3/6                                                                             Continua na parte 4/6

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SAGA INTERNACIONAL    -     6  PARTES     -    SUMÁRIO

1/6 - Saga internacional; Transplante; “Árvore do vovô”; Inglês que amava o Brasil e brasileira que amava a Inglaterra; Dedicação e fidelidade premiadas; Entreposto comercial na foz de um grande rio

2/6 - Nomes, épocas e circunstâncias; Guerra no mundo...; Frederico no Japão -  Embaixador do Brasil; Frederico outra vez na França, agora como Embaixador

3/6 - Submarinos x Aviões; Cooperação Brasil – USA; Paz e Esperança; Sonhos x Realidade 
 
4/6 - Aviação - Parnaíba entre Nova York e Buenos Aires; Aviação - Panair e Celso Nunes; Aviação - Na paz e na guerra; Aviação - Honra ao mérito e expansão

5/6 - Negócios e Famílias - mudanças e bênçãos; Árvore comercial plantada por meu pai  -  há 80 anos; James Kelso no Rotary International

6/6 - Elos de amor unindo gerações; Floresta de árvores genealógicas; Brasil e Inglaterra; Conclusão

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“O teu reino é o de todos os séculos, e o teu domínio subsiste por todas as  gerações.”   Salmo 145.13





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