Cooperação Brasil – USA;
Paz e Esperança;
Sonhos x Realidade
Submarinos x Aviões
Retornando ao assunto
relacionado à guerra no mundo, faço referência especial ao relevante papel dos submarinos alemães - que começaram com tremendo
sucesso - assim como a enorme importância das Forças Aéreas aliadas, que, com o
passar dos anos, ajudaram a combater e finalmente a neutralizar os pavorosos
inimigos. Nesse contexto, vem à tona a
lembrança dos aviadores da FAB que se especializaram na Aviação Naval dos
Estados Unidos e escreveram uma página respeitável da história da participação
do Brasil naquele conflito; refiro-me ao patrulhamento aéreo da costa
brasileira, em 1944 e parte de 1945, com aviões bombardeiros anfíbios “PBY Catalina”.
Um dos comandantes desses
aviões era meu irmão Fred - neto de James Frederick Clark. A foto ao lado
mostra as “asas” da FAB e da U.S.Navy que ele usava no uniforme. Elas tem
imenso valor
sentimental para mim, pois me foram presenteadas pelos queridos sobrinhos Sheyla e Fernando (seus filhos) depois que ele foi baleado por um assaltante quando começou a dirigir o carro ao sair de um restaurante no Rio - na triste noite de 20.11.1994. Aquele homem, vitorioso em atividades aeronáuticas na guerra e na paz, veio a ser vitimado na violência que – desafiando a incompetência de sucessivos governos – transformou a antiga “Cidade Maravilhosa” no sinistro palco de uma revoltante “guerra sem fronteiras”...!
sentimental para mim, pois me foram presenteadas pelos queridos sobrinhos Sheyla e Fernando (seus filhos) depois que ele foi baleado por um assaltante quando começou a dirigir o carro ao sair de um restaurante no Rio - na triste noite de 20.11.1994. Aquele homem, vitorioso em atividades aeronáuticas na guerra e na paz, veio a ser vitimado na violência que – desafiando a incompetência de sucessivos governos – transformou a antiga “Cidade Maravilhosa” no sinistro palco de uma revoltante “guerra sem fronteiras”...!
Transcrevo a frase final do
capítulo que, sob o título “Fred – Meu saudoso irmão e admirado aviador”,
escrevi no já citado livro: “Na memória
guardarei sempre o semblante alegre, inteligente e esperançoso de um grande e
admirável aviador, o homem de espírito e ideias elevadas que foi meu querido e
saudoso irmão Fred.”
A inestimável importância de aviões
desse tipo para a vitória dos “Aliados” pode ser avaliada pela seguinte
constatação (citada no livro “O Brasil da mira de Hitler”, de Roberto Sander): na
2ª Guerra Mundial os submarinos alemães afundaram 2.603 navios mercantes e
abateram 175 aviões, causando mais de 40.000 mortes! Só gradualmente eles foram
neutralizados por aviões capazes de combatê-los. Acrescento que eles eram
comandados por pilotos especializados em localizá-los e destruí-los com bombas
de profundidade (que não explodem no impacto com a água).
Segundo o referido livro, o
Primeiro-Ministro inglês Winston Churchill confessou em suas memórias que o
vitorioso plano de retomada da Europa em 1944 não teria sido concretizado se os
submarinos alemães já não estivessem, pelo menos em sua maior parte, varridos
das águas do Atlântico, por onde os navios traziam o indispensável suprimento
de material bélico.
Abro
um parêntese: Quando a Força Expedicionária Brasileira
embarcou para a guerra na Europa, uma esquadrilha de aviões da FAB protegeu o
comboio de navios com a preciosa tropa - até o meio do Atlântico, onde a
responsabilidade foi transferida para aviões americanos vindos da África. Pois
bem, no contexto da saga internacional que estou relatando, refiro-me à
seguinte coincidência que naquele momento histórico uniu dois parnaibanos
ex-colegas de infância e juventude, sendo um oficial do Exército e um da
Aeronáutica: Alcione de Araújo Melo e Fred Clark Nunes. O “Catalina” pilotado
por meu irmão era equipado com câmera e várias fotos foram tiradas. Anos depois
ele me mostrou algumas e, brincando, me disse que - procurando bem - eu haveria
de identificar nosso conterrâneo entre os milhares de brasileiros que ele viu
navegando em direção à Itália para combater alemães no tempo de Hitler. Fecho o parêntese.
Cooperação BRASIL – ESTADOS UNIDOS
A ampliação da guerra (decorrente do ataque
japonês, da adesão do Brasil aos países "Aliados", etc.) motivou os
Presidentes Franklin Roosevelt e Getúlio Vargas a criar condições para uma
efetiva cooperação do Brasil com os Estados Unidos. Veio para nosso litoral a South
Atlantic Fleet (Frota do Atlântico Sul) da Marinha Americana, baseada em
Recife, sob o comando do Almirante Jonas Ingram.
Quando eu era
estudante naquela capital, tive o privilégio de ser apresentado a tão
importante personagem. Foi numa festa comemorativa do Dia da Independência dos
Estados Unidos (4.7.1943) - prestigiada pela presença da maior autoridade
militar americana no Brasil. Tive a honra de dizer ao Almirante (em inglês...)
que meu irmão mais velho, Tenente da FAB, estava fazendo um curso no Texas na
base de Corpus Christie da Marinha Americana. Ele me cumprimentou por isso,
deixando-me orgulhoso e feliz...! Quem me apresentou a ele foi um oficial a quem
eu ensinava português - Tenente James William Fogarty, da Marinha Americana.
Ele é visto na foto ao lado, entre uma
senhora conhecida dele e eu. Passei a ensinar português a ele por indicação de um
diretor do Colégio Nóbrega (onde eu era aluno do Curso Clássico) atendendo a
uma solicitação do próprio ao citado colégio. Acho que aprimorei meu inglês mais
do que ele aprendeu português. Talvez eu ainda venha a escrever um capítulo
relatando episódios - ocorridos no Brasil e nos Estados Unidos - em torno desse
distinto amigo a quem Deus utilizou como instrumento Seu para me beneficiar. O
nome dele e o meu sendo iguais ao de meu avô James me fazia recordar do pai de
Mamãe.
Paz e Esperança
Depois da tempestade
da guerra (de 1939 a 1945) veio a bonança da paz trazendo esperança para um
mundo sofrido, que acabara de perder mais de 40 milhões de habitantes, num
conflito que manchou indelevelmente a história da humanidade.
Em 7
de Maio a Alemanha se rendeu incondicionalmente aos Aliados; a cerimônia formal
ocorreu na cidade francesa de Reims.
Em 15
de Agosto foi a vez do Japão aceitar a rendição incondicional; a solenidade do
ato ocorreu no dia 2 de Setembro, perante o General Douglas MacArthur, a bordo
de um navio da Marinha Americana ancorado em águas japonesas.
Os
principais responsáveis pela indescritível tragédia mundial foram Adolf
Hitler (ditador da Alemanha nazista) e
Hideki Tojo (General e Primeiro Ministro do Japão); o alemão suicidou-se ou
fugiu e o japonês, condenado por um tribunal, foi enforcado.
O
Imperador Hirohito foi poupado, pelos americanos, de ser julgado entre os “criminosos
de guerra” japoneses, mas teve de desistir de sua suposta divindade.
Sonhos x Realidade
Desde
criança eu sonhava com a diplomacia, elegendo-a em minha mente como a profissão
que mais me fascinava. Eu colecionava selos e simpatizava com cada país de onde
eles procediam, querendo conhecer mais a respeito de cada um. Sempre fui
atraído pelas relações internacionais entre os povos. Minha avaliação da
importância da diplomacia para a manutenção e a defesa da paz foi aumentada
pela deflagração da 2ª Guerra Mundial.
Foi
justamente ela, porém, que me direcionou para outra profissão; ocorreu o
seguinte: meu pai me pediu para interromper provisoriamente meus estudos em
Recife no final do ano letivo, motivado pela perda de três auxiliares de sua
firma que a deixaram para prestar serviços militares. Por isso, voltei para
Parnaíba e no dia 16 de Dezembro de 1943 ingressei na firma Celso Nunes. Em
1945, estando o mundo ainda em guerra, Papai me ofereceu a chance de passar o
Carnaval no Rio de Janeiro, com meu irmão mais velho, que ainda era solteiro,
aproveitando para em seguida eu viajar a São Paulo a fim de visitar a General
Motors e outras empresas cujos produtos eram vendidos no Piauí por nosso
intermédio. Em 1946 ele me ofereceu outra chance ainda mais valiosa: estudar na
América ao longo de um ano. Assim, no meu 19º aniversário eu era aluno do
Instituto de Tecnologia da General Motors - GMI, em Flint, Michigan.
Refletindo,
lá, sobre minha presença no Exterior, minha mente teve de lidar com um
conflito: os sonhos, de um lado, e a realidade, do outro. Nem a beleza do
Outono no Norte dos Estados Unidos me fazia esquecer do assunto e da pessoa que
continuava sendo o ídolo de minha juventude e que sempre estimulou minha ideia
de seguir sua nobre carreira: meu tio Freddie. Ele havia sido Embaixador do
Brasil no Japão e era o Embaixador do Brasil na França.
Abrindo meu coração, escrevi a ele relatando
o fato e explicando a razão pela qual
tive de ceder à realidade da vida e desistir dos lindos sonhos que a
alimentaram até pouco antes. Foi difícil, mas ele merecia aquela satisfação.
Ele me
respondeu com uma confortadora carta, típica de um verdadeiro diplomata...! Só
Deus sabe quanto ela me comoveu e só Ele mesmo poderia me dar força para
suportar a dor de sepultar um sonho...! Guardei essa carta como uma joia de
raro valor durante anos, mas as mudanças
de residência e de local de trabalho a roubaram de mim, deixando só o
envelope. Ele é visto ao lado, scaneado,
para valorizar o presente artigo e
esclarecer que a caligrafia é do próprio tio
Freddie, que o endereçou sem indicar o nome da rua - apenas General Motors Institute - Flint, Michigan,
U.S.A.; de igual modo, ele não mencionou seu endereço de remetente,
escrevendo apenas Brazilian Ambassador –
Paris. Apesar disso, ele foi recebido pelo Mr. N.T. Witt, o diretor do GMI que
o entregou em minhas mãos. Os selos são da França e os carimbos são do Correio
de Paris, com a data de 28 de Outubro de 1946.
Quando finalmente regressei da América, em
1947, meu sonho de diplomacia havia cedido lugar à realidade que me envolveu no
comércio, ao lado de meu pai. Refletindo sobre os 70 anos que
transcorreram entrementes, posso afirmar que Deus não erra. Eu desejava seguir
a carreira diplomática e me tornar digno de um dia ser embaixador do Brasil em
algum país, mas Deus tinha planos melhores para mim. Diz a Bíblia: “Muitos propósitos há no coração do homem,
mas o desígnio do SENHOR permanecerá.” - (Pv 19.21).
No ano
de 1980 fui salvo para a vida eterna, quando Ele me concedeu a graça da fé em
Seu Filho, Jesus Cristo. Explicando a feliz ocorrência escrevi o capítulo
“Aconteceu Comigo” no livro “Compartilhando Riquezas de Vida”. Uma separata
desse capítulo poderá ser enviada a quem enviar um e-mail para o endereço jkc.nunes@gmail.com solicitando-a.
Hoje tenho a honra de ser um humilde
embaixador de Cristo, como manifestado pelo apóstolo Paulo e registrado na
Bíblia (2 Co 5.20) – “... somos
embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio.”
Fim da parte 3/6 Continua na parte 4/6
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SAGA INTERNACIONAL - 6 PARTES - SUMÁRIO
1/6 -
Saga internacional; Transplante; “Árvore do vovô”; Inglês que amava o Brasil e
brasileira que amava a Inglaterra; Dedicação e fidelidade premiadas; Entreposto
comercial na foz de um grande rio
2/6 -
Nomes, épocas e circunstâncias; Guerra no mundo...; Frederico no Japão - Embaixador do Brasil; Frederico outra vez na
França, agora como Embaixador
3/6 -
Submarinos x Aviões; Cooperação Brasil – USA; Paz e Esperança; Sonhos x
Realidade
4/6 -
Aviação - Parnaíba entre Nova York e Buenos Aires; Aviação - Panair e Celso
Nunes; Aviação - Na paz e na guerra; Aviação - Honra ao mérito e expansão
5/6 -
Negócios e Famílias - mudanças e bênçãos; Árvore comercial plantada por meu
pai -
há 80 anos; James Kelso no Rotary International
6/6 -
Elos de amor unindo gerações; Floresta de árvores genealógicas; Brasil e
Inglaterra; Conclusão
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“O teu reino é o de todos os séculos, e
o teu domínio subsiste por todas as gerações.”
Salmo 145.13
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