quinta-feira, 7 de julho de 2016

O VENTO, O VOO, O HOMEM E... DEUS

Lembranças, analogias e reflexões baseadas em fatos dignos de registro - no contexto histórico da Aviação.
Parte  nº  2  deste capítulo

NAVEGAÇÃO AÉREA A SERVIÇO DO HOMEM - No tempo do dilúvio, quando Noé em sua arca despachou um corvo e uma pomba para os primeiros “voos de reconhecimento” da história, teve início a navegação aérea a serviço do homem.  Ao colher o fruto da bem sucedida missão, ele se tornou a primeira pessoa que recebeu, numa embarcação ao largo, algo vindo de terra pelo ar – a “folha nova de oliveira” trazida pela pombinha no segundo dos três voos, revelando que “as águas tinham minguado de sobre a terra” (Bíblia – Gênesis 8.6-12).
Transcorreram milênios até a humanidade perceber, lentamente, que mesmo sem nada poder criar, muito poderia produzir e obter com os elementos que Deus criou e colocou à sua disposição na natureza – em terra, nas águas e nos ares. Na pré-história o homem aprendeu a usar o ferro. Processando-o industrialmente, dele se obteve o aço, com diferentes tipos de dureza. Mediante a mistura de enxofre, carvão e salitre, foi descoberta a pólvora. Extraindo-se gorduras de origem animal ou vegetal, foi obtida a glicerina, que misturada com outras substâncias resultou em nitroglicerina; e esta é a base da dinamite, que veio a ser descoberta por Alfred Nobel (1833-1896). Da bauxita, rocha sedimentar, chegou-se ao alumínio, que passou a ser muito utilizado na fabricação de aeronaves. Os exemplos citados, e muitos outros, comprovam a lei de Antoine Lavoisier (1743-1794), segundo a qual “na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma”.
Na antiguidade, admirando aves, muitos sonharam em voar...! E ainda hoje os homens se impressionam com os voos e com as manobras realizadas nos ares por enormes águias, pequeninos colibris e alguns extraordinários insetos como as delicadas libélulas com suas quatro asas de membrana.
Eles são admiráveis exemplos da perfeição de Deus ao criar os ventos, as aves e os insetos que dependem deles para tudo e que nascem com capacidade para fazer bom uso da natureza.

LENTO PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA AERONÁUTICA - No processo de consolidação da aeronáutica os nomes de Dédalo e Ícaro são conhecidos na mitologia grega. Em tempos menos remotos muitas pessoas tiveram participação, mas para este modesto comentário escolhi apenas as seguintes, em nome das quais rendo minha homenagem a todas as demais:
Bartolomeu de Gusmão (1685-1724), padre brasileiro que, em 1708, fez subir um balão, em Lisboa – onde, porém, o catolicismo romano o impediu, através da Inquisição, de prosseguir na prática do balonismo;
Otto Lilienthal (1848-1896), engenheiro alemão que, em 1891, foi pioneiro do voo em planador;

Alberto Santos Dumont (1873-1932), inventor e aeronauta brasileiro que, em 1901, voou em Paris com o 1º balão dotado de dirigibilidade, e realizou, em 1906, o 1º voo de um avião decolando com sua própria força motriz, sendo considerado o “Pai da Aviação”;
Orville Wright (1871-1948), construtor americano que, em 1903, havia voado em um avião que, porém, para ser lançado ao ar – com o apoio de seu irmão Wilbur (1867-1912) – teve de deslizar do alto de uma colina, nos Estados Unidos, onde o feito é considerado o 1º voo mecânico;
Paul Cornu (1881-1944), engenheiro francês que, em 1907, realizou o 1º voo vertical - considerado o 1º voo de helicóptero;
Louis Blériot (1872-1936), aviador e engenheiro francês que, em 1909, foi o 1º a voar através do Canal da Mancha;
D. Sensaud de Lavaud (1882-1947), industrial francês que, em São Paulo em 1910, fez o 1º avião brasileiro e nele o 1º voo do Brasil;
Gago Coutinho (1869-1958) e Sacadura Cabral (1880-1924), aviadores portugueses que, em 1922, realizaram a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul, em hidroavião de Lisboa ao Rio de Janeiro.
Charles Lindbergh (1902-1974), aviador americano que, em 1927, fez o 1º voo sobre o Atlântico Norte sem escala, ligando Nova York a Paris pelo ar;
Jean Mermoz (1901-1936), aviador francês que, em 1930, realizou o 1º voo sobre o Atlântico Sul sem escalas e a 1ª ligação aérea da França à América do Sul;
Auguste Piccard (1884-1962), físico suíço que, em 1931, subiu a 15.000 metros em um balão de hidrogênio com cabine pressurizada, tornando-se o 1º homem na estratosfera;
Douglas-Hamilton (Lord Clydesdale) (1903-1973) e David McIntire (1905-1957) pilotos escoceses que, em 1933, em dois aviões da Royal Air Force, realizaram o 1º voo sobre o ponto culminante da Terra (8.880 metros) - o Everest, no Himalaia;
Chuck Yeager (1923), oficial americano que pilotou, em 1947, o 1º avião a ultrapassar a velocidade do som;
Yuri Gagarin (1934-1968), cosmonauta soviético que, em 1961, foi o 1º homem no espaço, circundando a Terra em 1 hora e 48 minutos;
Neil Armstrong e Edwin Aldrin Jr., que, em 1969, foram o 1º e o 2º homens a pisar na Lua, enquanto Michael Collins pilotou a nave em que os três americanos (todos nascidos em 1930) foram lá e voltaram à Terra.
Didier Delsalle, aviador francês que, em 2005, pilotou a 1ª aeronave (um helicóptero “Esquilo”) a pousar no “topo do mundo” -  o alto do Everest. No livro “Compartilhando Riquezas de Vidas” fiz comentários (pág. 209/210) referentes a essa façanha, inclusive com uma foto.

            Em outro capítulo citarei, se Deus me permitir, nomes de alguns fabricantes de aeronaves - que se tornaram credores da humanidade pela sua inestimável contribuição ao invulgar progresso  da indústria aeronáutica.

RESPEITO ÀS IMUTÁVEIS LEIS DA NATUREZA - O piloto do helicóptero que pousou ao lado do farol de Atalaia (referido na parte nº 1 deste capítulo) certamente confiava em sua maravilhosa máquina, mas também conhecia as leis imutáveis da natureza, sabendo que poderia dispor delas enquanto as respeitasse. Exatamente como faziam os pilotos dos tempos antigos e fazem os dos tempos modernos. Essas leis sempre foram, continuam e haverão de permanecer indispensáveis. A propósito, destaco o seguinte trecho das Escrituras, escrito há mais de 2.500 anos:
“Assim diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as leis fixas à lua e às estrelas para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; o Senhor dos Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim para  sempre.” (Bíblia - Jeremias 31.35-36).
A respeito do assunto, a história registra a lamentável ocorrência com o primeiro avião a quebrar a “barreira do som” (na Inglaterra), pois ele se fragmentou em voo antes de ultrapassar a velocidade atingida. Os fenômenos que acompanham os movimentos relacionados com os corpos e o ar que os circunda são estudados pela aerodinâmica. Conheço um jovem oficial engenheiro da Aeronáutica, graduado pelo ITA, que atualmente faz, em Londres, um curso de pós-graduação (de quatro anos) estudando a referida ciência. É tão complexo o tema que, nada entendendo sobre ele, limito-me a admirar o Criador da aerodinâmica e das leis que a governam.

VALORIZANDO OS DIAS E AS PESSOAS - Enquanto eu pensava nas leis que regem as forças da natureza e outros assuntos importantes como o progresso da aeronáutica, de repente surgiu algo que, apesar de tão pequeno, teve o poder de mudar o foco de meus pensamentos: um passarinho...! 
Cantando alto as palavras “bem te vi” ele pousou no peitoril da janela de meu gabinete. Fotografei-o o mais rápido que pude, antes que ele fosse embora.
O objeto escuro visto no 1º plano é o monitor do computador em que escrevo este blog.

Bem que eu gostaria de compartilhar com os leitores a alegria de ver um lindo passarinho solto e parado bem perto, do lado de fora de uma janela entreaberta.  Não pude, mas a surpresa da agradável “visita” está me dando agora o prazer de compartilhar as fotos tiradas antes que fosse quebrado o encanto daquele fugaz momento de simpatia e admiração.
Era manhã no dia 29 de Junho de 2016, mas minha mente voou para o remoto ano de 1936. Eu era menino e passava férias, com meus pais e irmãos, na fazenda “Caro-custou” - de meu tio Benedicto Estelita de Moura Nunes e sua esposa, tia Maria Benedita Barbosa Nunes, em Oeiras.
Dentre inúmeras recordações daquela época guardo as seguintes: 1ª - bem cedo, antes do café, minha tia jogava xerém num pátio onde dezenas de passarinhos pousavam e se deleitavam com o alimento; 2ª - passeando a pé ou a cavalo nos campos era comum a gente ver lindos pássaros e ouvir seus agradáveis trinados; 3ª - à noite, depois do jantar, meus primos (rapazes) se distraíam encandeando passarinhos que dormiam numa árvore baixa em frente à casa da fazenda; ofuscados com luz de lanterna, eles eram facilmente apanhados pela mão; depois de contemplados eles eram recolocados em seus galhos. Apesar do longo tempo já transcorrido desde aquele maravilhoso período de minha infância, lembro-me bem dos três cenários acima descritos, que muito contribuíram para tornar agradáveis os dias passados na fazenda de familiares de meu saudoso pai.
Outro momento digno de ser lembrado foi ver uma graúna no alto de uma carnaubeira dando um show de canto que faria inveja a um tenor no palco de um teatro; a linda ave parecia gostar de exibir seus talentos...! 
O BEM-TE-VI que acaba de me sensibilizar com sua presença me motivou a dar uma sugestão aos leitores (da infância à velhice): valorizem cada dia de suas existências e as pessoas que delas participaram ou participam. Recordações poderão lhes proporcionar incalculáveis riquezas de vida.

MEU 1º VOO - Foi também naquele memorável ano - 1936 - que voei pela 1ª vez. Para passarmos férias  no Sul do Piauí, Papai viajou de Parnaíba a Oeiras por terra com meus dois irmãos mais velhos; e Mamãe viajou de avião (até Floriano) com minhas três irmãs (duas mais velhas e a caçulinha) e eu.

Feliz da vida embarquei num hidroavião da CONDOR (foto acima) - Junkers G-24, de três motores, que a 140 km/h transportava nove passageiros e três tripulantes.

         Assim, aos 8 anos,  realizei meu sonho de voar, que eu acalentava desde tenra idade,  conforme revelei na parte nº 1 deste capítulo. Desde então tenho voado centenas  de vezes, em dezenas de tipos de aeronaves, mas isso é assunto para outro tópico - que tenciono escrever brevemente.



Meu voo mais recente, aos 88 anos, foi em companhia de meus filhos Mauro (que a meu pedido tirou a foto abaixo) e Ivana (que embeleza o ambiente) – no interior do Ceará.

AVIAÇÃO - COMPANHEIRA DO PROGRESSO - O contraste entre o antigo trimotor do meu 1º voo e o moderno jato no qual voei há poucos meses é uma impressionante prova de que a Aviação é companheira do progresso.  80 anos unem as duas épocas...!  Ao longo desse período tive o prazer de constatar, com admiração, as grandes mudanças que acompanharam a evolução da aeronáutica.   

GRATIDÃO E DESEJO - Agradecendo a Jesus Cristo - meu Senhor e Salvador - a longevidade que me tem sido concedida, a felicidade de usufruir de tantas bênçãos e o privilégio de poder compartilhar riquezas de vida, desejo que este blog possa ser útil e agradável a todos os leitores.
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OBSERVAÇÕES - Para efeito de postagem neste blog, o capítulo “O VENTO, O VOO, O HOMEM E... DEUS” - referente à AVIAÇÃO - foi dividido em várias partes.  A 1ª foi postada em 25.6.2016. Esta é a 2ª.  Em continuação, outras devem ser postadas oportunamente.                      Jimmy Clark Nunes

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