Lembranças,
analogias e reflexões baseadas em fatos dignos de registro - no contexto
histórico da Aviação.
Parte nº 2 deste capítulo
NAVEGAÇÃO
AÉREA A SERVIÇO DO HOMEM - No tempo do dilúvio, quando
Noé em sua arca despachou um corvo e uma pomba para os primeiros “voos de
reconhecimento” da história, teve início a navegação aérea a serviço do homem. Ao colher o fruto da bem sucedida missão, ele
se tornou a primeira pessoa que recebeu, numa embarcação ao largo, algo vindo
de terra pelo ar – a “folha nova de oliveira” trazida pela pombinha no segundo
dos três voos, revelando que “as águas tinham minguado
de sobre a terra” (Bíblia – Gênesis 8.6-12).
Transcorreram milênios até a humanidade perceber, lentamente, que mesmo
sem nada poder criar, muito poderia produzir e obter com os elementos que Deus
criou e colocou à sua disposição na natureza – em terra, nas águas e nos ares.
Na pré-história o homem aprendeu a usar o ferro. Processando-o industrialmente,
dele se obteve o aço, com diferentes tipos de dureza. Mediante a mistura de
enxofre, carvão e salitre, foi descoberta a pólvora. Extraindo-se gorduras de
origem animal ou vegetal, foi obtida a glicerina, que misturada com outras substâncias
resultou em nitroglicerina; e esta é a base da dinamite, que veio a ser
descoberta por Alfred Nobel (1833-1896). Da bauxita, rocha sedimentar, chegou-se
ao alumínio, que passou a ser muito utilizado na fabricação de aeronaves.
Os exemplos citados, e muitos outros, comprovam a lei de Antoine Lavoisier
(1743-1794), segundo a qual “na natureza nada se cria
e nada se perde, tudo se transforma”.
Na antiguidade, admirando aves, muitos sonharam em voar...! E ainda hoje os homens se impressionam
com os voos e com as manobras realizadas nos ares por enormes águias,
pequeninos colibris e alguns extraordinários insetos como as delicadas
libélulas com suas quatro asas de membrana.
LENTO
PROCESSO DE CONSOLIDAÇÃO DA AERONÁUTICA - No processo de consolidação da aeronáutica os
nomes de Dédalo e Ícaro são conhecidos na mitologia grega.
Em tempos menos remotos muitas pessoas tiveram participação, mas para este modesto
comentário escolhi apenas as seguintes, em nome das quais rendo minha homenagem
a todas as demais:
Bartolomeu de Gusmão (1685-1724),
padre brasileiro que, em 1708, fez
subir um balão, em Lisboa – onde, porém, o catolicismo romano o impediu,
através da Inquisição, de prosseguir na prática do balonismo;
Otto Lilienthal (1848-1896),
engenheiro alemão que, em 1891, foi
pioneiro do voo em planador;
Alberto Santos Dumont (1873-1932),
inventor e aeronauta brasileiro que, em 1901,
voou em Paris com o 1º balão dotado de dirigibilidade, e realizou, em 1906, o 1º voo de um avião decolando
com sua própria força motriz, sendo considerado o “Pai da Aviação”;
Orville Wright (1871-1948),
construtor americano que, em 1903, havia
voado em um avião que, porém, para ser lançado ao ar – com o apoio de seu irmão
Wilbur (1867-1912)
– teve de deslizar do alto de uma colina, nos Estados Unidos, onde o feito é
considerado o 1º voo mecânico;
Paul Cornu (1881-1944),
engenheiro francês que, em 1907,
realizou o 1º voo vertical - considerado o 1º voo de helicóptero;
Louis Blériot (1872-1936),
aviador e engenheiro francês que, em 1909,
foi o 1º a voar através do Canal da Mancha;
D. Sensaud de Lavaud (1882-1947),
industrial francês que, em São Paulo em 1910,
fez o 1º avião brasileiro e nele o 1º voo do Brasil;
Gago Coutinho (1869-1958) e Sacadura
Cabral (1880-1924), aviadores portugueses que, em 1922, realizaram a 1ª travessia aérea do Atlântico Sul, em
hidroavião de Lisboa ao Rio de Janeiro.
Charles Lindbergh (1902-1974),
aviador americano que, em 1927, fez
o 1º voo sobre o Atlântico Norte sem escala, ligando Nova York a Paris pelo ar;
Jean Mermoz (1901-1936),
aviador francês que, em 1930,
realizou o 1º voo sobre o Atlântico Sul sem escalas e a 1ª ligação aérea da
França à América do Sul;
Auguste Piccard (1884-1962),
físico suíço que, em 1931, subiu a
15.000 metros em um balão de hidrogênio com cabine pressurizada, tornando-se o
1º homem na estratosfera;
Douglas-Hamilton
(Lord Clydesdale) (1903-1973) e David McIntire (1905-1957)
pilotos escoceses que, em 1933, em dois
aviões da Royal Air Force, realizaram o 1º voo sobre o ponto culminante da
Terra (8.880 metros) - o Everest, no Himalaia;
Chuck Yeager (1923),
oficial americano que pilotou, em 1947,
o 1º avião a ultrapassar a velocidade do som;
Yuri Gagarin (1934-1968),
cosmonauta soviético que, em 1961,
foi o 1º homem no espaço, circundando a Terra em 1 hora e 48 minutos;
Neil Armstrong e
Edwin Aldrin Jr.,
que, em 1969, foram o 1º e o 2º
homens a pisar na Lua, enquanto Michael
Collins pilotou a nave em que os
três americanos (todos nascidos em 1930) foram lá e voltaram à Terra.
Didier Delsalle, aviador francês que, em 2005, pilotou a 1ª aeronave (um helicóptero “Esquilo”) a
pousar no “topo do mundo” - o alto do
Everest. No livro “Compartilhando Riquezas de Vidas” fiz comentários (pág. 209/210)
referentes a essa façanha, inclusive com uma foto.
Em outro capítulo citarei, se Deus
me permitir, nomes de alguns fabricantes
de aeronaves - que se tornaram credores da humanidade pela sua inestimável
contribuição ao invulgar progresso da indústria
aeronáutica.
RESPEITO
ÀS IMUTÁVEIS LEIS DA NATUREZA - O
piloto do helicóptero que pousou ao lado do farol de Atalaia (referido na parte
nº 1 deste capítulo) certamente confiava em sua maravilhosa máquina, mas também
conhecia as leis imutáveis da natureza, sabendo que poderia dispor delas
enquanto as respeitasse. Exatamente como faziam os pilotos dos tempos antigos e
fazem os dos tempos modernos. Essas leis sempre foram, continuam e haverão de
permanecer indispensáveis. A propósito, destaco o seguinte trecho das
Escrituras, escrito há mais de 2.500 anos:
“Assim
diz o Senhor, que dá o sol para a luz do dia, e as leis fixas à lua e às estrelas
para a luz da noite, que agita o mar e faz bramir as suas ondas; o Senhor dos
Exércitos é o seu nome. Se falharem estas leis fixas diante de mim, diz o
Senhor, deixará também a descendência de Israel de ser uma nação diante de mim
para sempre.” (Bíblia
- Jeremias 31.35-36).
A respeito do assunto, a história registra a lamentável ocorrência
com o primeiro avião a quebrar a “barreira do som” (na Inglaterra), pois ele se
fragmentou em voo antes de ultrapassar a velocidade atingida. Os fenômenos que
acompanham os movimentos relacionados com os corpos e o ar que os circunda são
estudados pela aerodinâmica. Conheço um jovem oficial engenheiro da
Aeronáutica, graduado pelo ITA, que atualmente faz, em Londres, um curso de
pós-graduação (de quatro anos) estudando a referida ciência. É tão complexo o
tema que, nada entendendo sobre ele, limito-me a admirar o Criador da
aerodinâmica e das leis que a governam.
VALORIZANDO
OS DIAS E AS PESSOAS - Enquanto eu pensava nas leis que regem
as forças da natureza e outros assuntos importantes como o progresso da aeronáutica, de repente surgiu algo que, apesar de tão pequeno, teve o poder de
mudar o foco de meus pensamentos: um passarinho...!
Cantando alto as palavras “bem te vi” ele pousou
no peitoril da janela de meu gabinete. Fotografei-o o mais rápido que pude, antes
que ele fosse embora.
O objeto escuro
visto no 1º plano é o monitor do computador em que escrevo este blog.
Bem que eu gostaria de
compartilhar com os leitores a alegria de ver um lindo passarinho solto e
parado bem perto, do lado de fora de uma janela entreaberta. Não pude, mas a surpresa da agradável “visita”
está me dando agora o prazer de compartilhar as fotos tiradas antes que fosse quebrado
o encanto daquele fugaz momento de simpatia e admiração.
Era
manhã no dia 29 de Junho de 2016, mas minha mente voou para o remoto ano de 1936. Eu era menino e passava férias, com
meus pais e irmãos, na fazenda “Caro-custou” - de meu tio Benedicto Estelita de
Moura Nunes e sua esposa, tia Maria Benedita Barbosa Nunes, em Oeiras.
Dentre
inúmeras recordações daquela época guardo as seguintes: 1ª - bem cedo, antes do
café, minha tia jogava xerém num pátio onde dezenas de passarinhos pousavam e
se deleitavam com o alimento; 2ª - passeando a pé ou a cavalo nos campos era
comum a gente ver lindos pássaros e ouvir seus agradáveis trinados; 3ª - à
noite, depois do jantar, meus primos (rapazes) se distraíam encandeando
passarinhos que dormiam numa árvore baixa em frente à casa da fazenda;
ofuscados com luz de lanterna, eles eram facilmente apanhados pela mão; depois de
contemplados eles eram recolocados em seus galhos. Apesar do longo tempo já transcorrido
desde aquele maravilhoso período de minha infância, lembro-me bem dos três
cenários acima descritos, que muito contribuíram para tornar agradáveis os dias
passados na fazenda de familiares de meu saudoso
pai.
Outro
momento digno de ser lembrado foi ver uma graúna no alto de uma carnaubeira dando
um show de canto que faria inveja a um tenor no palco de um teatro; a linda ave
parecia gostar de exibir seus talentos...!
O
BEM-TE-VI que acaba de me sensibilizar com sua presença me motivou a dar
uma sugestão aos leitores (da infância à velhice): valorizem cada dia de suas existências e as pessoas que delas participaram ou participam.
Recordações poderão lhes proporcionar incalculáveis riquezas de vida.
MEU 1º VOO -
Foi também naquele memorável ano - 1936 - que voei pela 1ª vez. Para passarmos
férias no Sul do
Piauí, Papai viajou de
Parnaíba a Oeiras por terra com meus dois irmãos mais velhos; e Mamãe viajou de
avião (até Floriano) com minhas três irmãs (duas mais velhas e a caçulinha) e
eu.
Feliz da vida
embarquei num hidroavião da CONDOR (foto acima) - Junkers G-24, de três
motores, que a 140 km/h transportava nove passageiros e três tripulantes.
Assim, aos 8 anos, realizei meu
sonho de voar, que eu acalentava desde tenra idade, conforme revelei na parte nº 1 deste capítulo.
Desde então tenho voado centenas de vezes, em dezenas de tipos de aeronaves, mas isso
é assunto para outro tópico - que tenciono escrever brevemente.
Meu voo mais recente, aos 88 anos, foi
em companhia de meus filhos Mauro (que a meu pedido tirou a foto abaixo) e Ivana
(que embeleza o ambiente) – no interior do Ceará.
AVIAÇÃO -
COMPANHEIRA DO PROGRESSO - O contraste entre o antigo trimotor do
meu 1º voo e o moderno jato no qual voei há poucos meses é uma impressionante
prova de que a Aviação é companheira do progresso. 80 anos unem as duas épocas...! Ao longo desse período tive o prazer de constatar,
com admiração, as grandes mudanças que acompanharam a evolução da aeronáutica.
GRATIDÃO E
DESEJO - Agradecendo
a Jesus Cristo - meu Senhor e Salvador - a longevidade que me tem sido
concedida, a felicidade de usufruir de tantas bênçãos e o privilégio de poder compartilhar
riquezas de vida, desejo que este blog possa ser útil e agradável a todos os leitores.
*
OBSERVAÇÕES - Para efeito de postagem neste blog, o capítulo “O VENTO, O
VOO, O HOMEM E... DEUS” - referente à AVIAÇÃO - foi dividido em várias partes. A 1ª foi postada em 25.6.2016. Esta é a 2ª. Em continuação, outras devem ser postadas
oportunamente. Jimmy Clark Nunes
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