Reflexão sobre diferenças de riquezas e exemplos de
pessoas que lidaram com elas.
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Para ilustrar
minha despretensiosa reflexão sobre diferentes tipos de riquezas que podem
envolver pessoas ao longo de suas existências, escolhi três homens já falecidos,
de biografias e profissões também muito diferentes. Refiro-me a eles como dignos
exemplos de muitos outros que viveram ou vivem de modo semelhante. Os dois
primeiros morreram em 2011; o último entrou para a história há meio século.
São eles: um empresário
que enriqueceu de modo fenomenal graças à sua mente privilegiada e sua instintiva
capacidade de inventar; um missionário cuja ambição era pregar a Bíblia para
ver pessoas sendo salvas por Cristo; e um político que se tornou estadista quando
o mundo precisou de um corajoso defensor do bem em luta contra o mal.
O empresário foi STEVE
JOBS (1955-2011) - 56 anos; o missionário foi HAROLD REINER (1927-2011)
- 83 anos; o estadista foi WINSTON CHURCHILL (1874-1965) - 91 anos.
O EMPRESÁRIO
Quem não ouviu falar de STEVE JOBS em vida - mesmo
utilizando um dos milhões de aparelhos de sua invenção, fabricação e
distribuição - ficou sabendo de sua morte. A curta duração de sua preciosa vida
foi exageradamente desproporcional à grandiosidade de sua mente. O mundo perdeu
um gênio da informática. A seu respeito, a Veja de 12 de Outubro de 2011 contém
citações que se aplicariam a raros seres humanos que vivem no presente ou
viveram no passado.
Dentre os comentários de pessoas
importantes, destaco os seguintes: (Alan Deutschman) - “Ele criou não apenas
produtos que deram prazer aos consumidores e enriqueceram sua empresa. Ele
ergueu ou reergueu indústrias inteiras. A computação pessoal, o negócio da
música, a editoração eletrônica, Hollywood, tudo foi transformado radicalmente
por Steve Jobs.” (Leander Kahney) – “Os
produtos de Steve Jobs tiveram tanto impacto em nossa cultura quanto o telefone
e o carro. O mundo seria um lugar mais pobre caso não tivéssemos acesso às
invenções dele.” (Fábio Altman) – “Sonhou em deixar uma marca no universo – e
conseguiu. Morreu como um ídolo pop, o que é extraordinário para o dono de uma
empresa que vendia produtos caros, ainda que quase mágicos e esteticamente
próximos da perfeição. Foi-se um Leonardo da Vinci da era digital, mas suas ideias
e sua sabedoria ficam.”
E dentre declarações feitas por ele
próprio em situações diversas, destaco as seguintes:
1 (em 2005) – “Tenha
coragem de seguir o seu coração e a sua intuição. Eles, de algum modo, já sabem
o que você realmente quer ser.”
2 (em 2003) - “À
medida que aumenta a complexidade da tecnologia, também cresce a demanda pela
força básica da Apple (sua empresa) de tornar compreensível para meros mortais
recursos tecnológicos muito complexos.”
3 (em 1996) - “Eu valia mais de 1 milhão de dólares quando
tinha 23 anos, mais de 10 milhões quando tinha 24, mais de 100 milhões quando
tinha 25, e isso não era importante, porque nunca fiz nada por dinheiro.”
Em viagem à California, em 1994, eu
e Carminha fomos hóspedes de um distinto casal americano de “irmãos em Cristo” em Cupertino. Nessa
cidade fica a sede da Apple, mas nosso interesse era apenas visitar um lindo
parque (“Big Basin Redwoods”) não muito distante dali, para conhecer as sequóias
da região.
Sequóia na California, atravessada por um túnel
para carros.
Naquele parque fiquei comovido ao imaginar que as gigantescas árvores
nada mais representavam do que uma pequenina amostra do poder de Deus; apreciando,
agora, iPhones e iPads que meus filhos e netos utilizam, e refletindo sobre o
gênio de quem os inventou - Steve Jobs - raciocino o seguinte:
- Deus, além de
criar sequóias de 90
metros de altura que podem viver 2.000 anos, criou também,
na mesma região, um ser humano genial e lhe proporcionou a inteligência, a motivação
e os meios para fundar, aos 17 anos, uma pequenina empresa - Apple.
- o Criador do
Universo concedeu a Steve Jobs a alegria e a façanha de experimentar um fabuloso
crescimento econômico-financeiro da Apple, que no curto espaço de 39 anos veio
a se tornar uma das empresas mais
valiosas do mundo, ultrapassando organizações bilionárias tradicionalmente conhecidas.
Por outro lado, permitiu-lhe viver apenas 56 anos! Ele não conseguiu vencer sua
guerra particular contra um câncer no pâncreas, apesar de haver lutado bravamente
nos anos que antecederam sua lamentável morte em 5.10.2011.
STEVE PAUL JOBS nada levou da imensa riqueza
representada pelo valor de sua empresa, mas esta ficou – capacitada a prosseguir
contribuindo para a melhoria de vida terrena de multidões de seres humanos.
O MISSIONÁRIO
Quando HAROLD REINER
completou 80 anos, três meses antes de mim, tive o prazer de saudá-lo em nome
de familiares e amigos no jantar que
oferecemos a ele, sua esposa e filhos. Foi aqui em Fortaleza, em 16 de
Agosto de 2007. Em seguida, redigi o artigo “O Aviador de Cristo” – como
capítulo do livro “Compartilhando Riquezas de Vida”.
Meses antes do 84º aniversário desse
amigo, porém, fomos surpreendidos pelo seu inesperado falecimento. Ele foi
chamado por Deus, que o premiou com uma morte invejável - indolor, calma,
serena e tranquila - em sua casa no interior de Nova York.
Para a cerimônia de sepultamento, em
2.7.11, eu e meu filho Mauro
fomos convidados a enviar nossos respectivos pronunciamentos, em inglês, pela
Internet. O Mauro tinha muito mais a dizer, e o fez muito bem. E a tradução do que
falei é a seguinte:
“Agradeço ao Timóteo e ao Jota o privilégio que estão me concedendo de
dizer algumas palavras a respeito de seu querido pai. Farei apenas 4 breves
comentários, isolados:
1º - Logo após minha conversão,
viajei a São Paulo, tendo então o Haroldo me apresentado ao missionário Carlos Hocking.
E este me convidou para almoçar em sua casa. Orando antes da refeição, ele
agradeceu pela minha salvação em Cristo, realçando o fato de que ele e D. Marta
haviam orado por mim durante 20 anos!
Quando terminou, perguntei como foi isso, pois eles nem me conheciam; e
a resposta foi que o Haroldo levou 20 anos pedindo que orassem por mim... Esta
valiosa lição merece ser lembrada por todo crente que tem parentes e amigos
pelos quais vai perdendo a esperança de vê-los salvos.
2º - Passaram-se 30 anos, mas recordo que enquanto eu ainda era
católico, o Haroldo e Joana convidaram a mim e à Carminha (salva pouco antes)
para um fim de semana em um resort no vizinho Estado da Paraíba. Fomos no Piper
Arrow pilotado por aquele extraordinário aviador, que me beneficiou duplamente,
pois além do prazer dos voos e da estada no “Brejo das Freiras” fui sendo
evangelizado pelo notável casal de missionários.
3º - Levei dois anos ouvindo pregações, perguntando e discutindo, antes
do inesquecível dia em que fui salvo. Na véspera, convidei o Haroldo para
almoçar comigo em um restaurante calmo – para ele me esclarecer algumas dúvidas
que eu ainda trazia na pesada bagagem de 52 anos de católico. Ele foi tão
paciente, que levamos 4 horas conversando. Na noite do dia seguinte, a mensagem
do Mauro completou o que Deus havia reservado para mim, tendo eu submetido
minha vida ao Senhor Jesus Cristo.
4º - Minha família tem sido muito beneficiada por Deus, que utilizou o Haroldo
como instrumento Seu para evangelizar não só por palavras, mas também pelo
admirável testemunho que foi sua vida. Sua única ambição era ver mais pessoas
sendo salvas por Cristo...! E com
certeza foram milhares os que, como eu, tiveram a felicidade de ter um bom
amigo que viveu para indicar o
Caminho, a Verdade e a Vida.”
No contexto da reflexão que ora faço, abordando biografias de homens diferentes
e tipos de riquezas com as quais os mesmos lidaram em vida, cabe-me acrescentar
o seguinte:
O missionário batista HAROLD
ELMER REINER, que pregou a Bíblia ao longo de mais de 60 anos no interior do
Nordeste, não possuiu riqueza material. Deixou, porém, incomensurável riqueza
espiritual representada pela salvação em Cristo, mediante a qual Deus houve por
bem conceder vida na eternidade a incalculável número de pessoas.
O ESTADISTA
No momento mais difícil e perigoso de sua história,
o povo inglês confiou a defesa de suas honrosas tradições a WINSTON CHURCHILL.
Num só dia - 10 de Maio de 1940
- dois fatos importantes e opostos
ocorreram: o início do pavoroso ataque
alemão à Europa ocidental e a posse de um novo primeiro-ministro na
Grã-Bretanha. Conforme explica John Lukacs em seu empolgante livro “O Duelo:
Churchill x Hitler”, o destino do mundo estava em jogo e dependia de quem
vencesse – o grande estadista ou o grande incendiário.
Após anos de indescritível
sofrimento de toda ordem, venceram os países “Aliados” (comandados por
Churchill, Roosevelt / Truman e Stalin), com a rendição incondicional dos
países do “Eixo” - que transformou em pesadelos os sonhos megalomaníacos de
Hitler, Mussolini e Hirohito.
E assim, merecidamente, Churchill
atingiu - entre 1940 e 1945 - o auge da fama em sua invulgar trajetória
política; possuiu nas mãos o invejável poder
de Primeiro Ministro; e comandou sabiamente a enorme riqueza do Império
Britânico naquela época.
Pouco depois do final da guerra,
porém, ele amargou uma surpreendente derrota eleitoral. Sua decepção foi tão
grande que ele recusou a condecoração com a qual o Rei da Grã-Bretanha - Jorge
VI (1936/1952) - tentou homenageá-lo na época. Posteriormente o povo se redimiu
perante seu herói, elegendo-o outra vez primeiro-ministro (1951/1955).
Salvo engano, Churchill foi o único
estadista que comandou uma guerra e escreveu sobre ela. Aliás, ele foi
agraciado em 1953 com o Prêmio Nobel de Literatura.
O maior legado da longa vida de WINSTON LEONARD
SPENCER CHURCHILL (91 anos – 1874/1965) ficou para a humanidade, que pode
livremente usufruir da herança representada pela riqueza dos exemplos de
político honrado, aristocrata que enalteceu a democracia ao praticá-la e
patriota que arriscou a vida em prol da liberdade das nações.
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