sexta-feira, 3 de junho de 2016

DIFERENTES TIPOS DE RIQUEZAS

Reflexão sobre diferenças de riquezas e exemplos de pessoas que lidaram com elas.
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            Para ilustrar minha despretensiosa reflexão sobre diferentes tipos de riquezas que podem envolver pessoas ao longo de suas existências, escolhi três homens já falecidos, de biografias e profissões também muito diferentes. Refiro-me a eles como dignos exemplos de muitos outros que viveram ou vivem de modo semelhante. Os dois primeiros morreram em 2011; o último entrou para a história há meio século.
            São eles: um empresário que enriqueceu de modo fenomenal graças à sua mente privilegiada e sua instintiva capacidade de inventar; um missionário cuja ambição era pregar a Bíblia para ver pessoas sendo salvas por Cristo; e um político que se tornou estadista quando o mundo precisou de um corajoso defensor do bem em luta contra o mal.
            O empresário foi STEVE JOBS (1955-2011) - 56 anos; o missionário foi HAROLD REINER (1927-2011) - 83 anos; o estadista foi WINSTON CHURCHILL (1874-1965) - 91 anos.
O EMPRESÁRIO
Quem não ouviu falar de STEVE JOBS em vida - mesmo utilizando um dos milhões de aparelhos de sua invenção, fabricação e distribuição - ficou sabendo de sua morte. A curta duração de sua preciosa vida foi exageradamente desproporcional à grandiosidade de sua mente. O mundo perdeu um gênio da informática. A seu respeito, a Veja de 12 de Outubro de 2011 contém citações que se aplicariam a raros seres humanos que vivem no presente ou viveram no passado.
            Dentre os comentários de pessoas importantes, destaco os seguintes: (Alan Deutschman) - “Ele criou não apenas produtos que deram prazer aos consumidores e enriqueceram sua empresa. Ele ergueu ou reergueu indústrias inteiras. A computação pessoal, o negócio da música, a editoração eletrônica, Hollywood, tudo foi transformado radicalmente por Steve Jobs.”  (Leander Kahney) – “Os produtos de Steve Jobs tiveram tanto impacto em nossa cultura quanto o telefone e o carro. O mundo seria um lugar mais pobre caso não tivéssemos acesso às invenções dele.” (Fábio Altman) – “Sonhou em deixar uma marca no universo – e conseguiu. Morreu como um ídolo pop, o que é extraordinário para o dono de uma empresa que vendia produtos caros, ainda que quase mágicos e esteticamente próximos da perfeição. Foi-se um Leonardo da Vinci da era digital, mas suas ideias e sua sabedoria ficam.”
            E dentre declarações feitas por ele próprio em situações diversas, destaco as seguintes:
1 (em 2005) – “Tenha coragem de seguir o seu coração e a sua intuição. Eles, de algum modo, já sabem o que você realmente quer ser.”
2 (em 2003) - “À medida que aumenta a complexidade da tecnologia, também cresce a demanda pela força básica da Apple (sua empresa) de tornar compreensível para meros mortais recursos tecnológicos muito complexos.”
3 (em 1996) -  “Eu valia mais de 1 milhão de dólares quando tinha 23 anos, mais de 10 milhões quando tinha 24, mais de 100 milhões quando tinha 25, e isso não era importante, porque nunca fiz nada por  dinheiro.”
            Em viagem à California, em 1994, eu e Carminha fomos hóspedes de um distinto casal americano de “irmãos em Cristo” em Cupertino. Nessa cidade fica a sede da Apple, mas nosso interesse era apenas visitar um lindo parque (“Big Basin Redwoods”) não muito distante dali, para conhecer as sequóias da região.

Sequóia na California, atravessada por um túnel para carros.

Naquele parque fiquei comovido ao imaginar que as gigantescas árvores nada mais representavam do que uma pequenina amostra do poder de Deus; apreciando, agora, iPhones e iPads que meus filhos e netos utilizam, e refletindo sobre o gênio de quem os inventou - Steve Jobs - raciocino o seguinte:
- Deus, além de criar sequóias de 90 metros de altura que podem viver 2.000 anos, criou também, na mesma região, um ser humano genial e lhe proporcionou a inteligência, a motivação e os meios para fundar, aos 17 anos, uma pequenina empresa - Apple.
- o Criador do Universo concedeu a Steve Jobs a alegria e a façanha de experimentar um fabuloso crescimento econômico-financeiro da Apple, que no curto espaço de 39 anos veio a  se tornar uma das empresas mais valiosas do mundo, ultrapassando organizações bilionárias tradicionalmente conhecidas. Por outro lado, permitiu-lhe viver apenas 56 anos! Ele não conseguiu vencer sua guerra particular contra um câncer no pâncreas, apesar de haver lutado bravamente nos anos que antecederam sua lamentável morte em 5.10.2011.
            STEVE PAUL JOBS nada levou da imensa riqueza representada pelo valor de sua empresa, mas esta ficou – capacitada a prosseguir contribuindo para a melhoria de vida terrena de multidões de seres humanos.
O MISSIONÁRIO
Quando HAROLD REINER completou 80 anos, três meses antes de mim, tive o prazer de saudá-lo em nome de familiares e amigos no jantar que  oferecemos a ele, sua esposa e filhos. Foi aqui em Fortaleza, em 16 de Agosto de 2007. Em seguida, redigi o artigo “O Aviador de Cristo” – como capítulo do livro “Compartilhando Riquezas de Vida”.
            Meses antes do 84º aniversário desse amigo, porém, fomos surpreendidos pelo seu inesperado falecimento. Ele foi chamado por Deus, que o premiou com uma morte invejável - indolor, calma, serena e tranquila - em sua casa no interior de Nova York.
            Para a cerimônia de sepultamento, em 2.7.11, eu e meu filho Mauro fomos convidados a enviar nossos respectivos pronunciamentos, em inglês, pela Internet. O Mauro tinha muito mais a dizer, e o fez muito bem. E a tradução do que falei é a seguinte:
“Agradeço ao Timóteo e ao Jota o privilégio que estão me concedendo de dizer algumas palavras a respeito de seu querido pai. Farei apenas 4 breves comentários, isolados:
1º -  Logo após minha conversão, viajei a São Paulo, tendo então o Haroldo me apresentado ao missionário Carlos Hocking. E este me convidou para almoçar em sua casa. Orando antes da refeição, ele agradeceu pela minha salvação em Cristo, realçando o fato de que ele e D. Marta haviam orado por mim durante 20 anos!  Quando terminou, perguntei como foi isso, pois eles nem me conheciam; e a resposta foi que o Haroldo levou 20 anos pedindo que orassem por mim... Esta valiosa lição merece ser lembrada por todo crente que tem parentes e amigos pelos quais vai perdendo a esperança de vê-los salvos.
2º - Passaram-se 30 anos, mas recordo que enquanto eu ainda era católico, o Haroldo e Joana convidaram a mim e à Carminha (salva pouco antes) para um fim de semana em um resort no vizinho Estado da Paraíba. Fomos no Piper Arrow pilotado por aquele extraordinário aviador, que me beneficiou duplamente, pois além do prazer dos voos e da estada no “Brejo das Freiras” fui sendo evangelizado pelo notável casal de missionários.
3º - Levei dois anos ouvindo pregações, perguntando e discutindo, antes do inesquecível dia em que fui salvo. Na véspera, convidei o Haroldo para almoçar comigo em um restaurante calmo – para ele me esclarecer algumas dúvidas que eu ainda trazia na pesada bagagem de 52 anos de católico. Ele foi tão paciente, que levamos 4 horas conversando. Na noite do dia seguinte, a mensagem do Mauro completou o que Deus havia reservado para mim, tendo eu submetido minha vida ao Senhor Jesus Cristo.
4º - Minha família tem sido muito beneficiada por Deus, que utilizou o Haroldo como instrumento Seu para evangelizar não só por palavras, mas também pelo admirável testemunho que foi sua vida. Sua única ambição era ver mais pessoas sendo salvas por Cristo...!  E com certeza foram milhares os que, como eu, tiveram a felicidade de ter um bom amigo que viveu para indicar o Caminho, a Verdade e a Vida.”
            No contexto da reflexão que ora faço, abordando biografias de homens diferentes e tipos de riquezas com as quais os mesmos lidaram em vida, cabe-me acrescentar o seguinte: 
            O missionário batista HAROLD ELMER REINER, que pregou a Bíblia ao longo de mais de 60 anos no interior do Nordeste, não possuiu riqueza material. Deixou, porém, incomensurável riqueza espiritual representada pela salvação em Cristo, mediante a qual Deus houve por bem conceder vida na eternidade a incalculável número de pessoas.    
O ESTADISTA
No momento mais difícil e perigoso de sua história, o povo inglês confiou a defesa de suas honrosas tradições a WINSTON CHURCHILL.
            Num só dia - 10 de Maio de 1940 -  dois fatos importantes e opostos ocorreram:  o início do pavoroso ataque alemão à Europa ocidental e a posse de um novo primeiro-ministro na Grã-Bretanha. Conforme explica John Lukacs em seu empolgante livro “O Duelo: Churchill x Hitler”, o destino do mundo estava em jogo e dependia de quem vencesse – o grande estadista ou o grande incendiário.
            Após anos de indescritível sofrimento de toda ordem, venceram os países “Aliados” (comandados por Churchill, Roosevelt / Truman e Stalin), com a rendição incondicional dos países do “Eixo” - que transformou em pesadelos os sonhos megalomaníacos de Hitler, Mussolini e Hirohito.
            E assim, merecidamente, Churchill atingiu - entre 1940 e 1945 - o auge da fama em sua invulgar trajetória política; possuiu nas mãos o invejável poder de Primeiro Ministro; e comandou sabiamente a enorme riqueza do Império Britânico naquela época.  
            Pouco depois do final da guerra, porém, ele amargou uma surpreendente derrota eleitoral. Sua decepção foi tão grande que ele recusou a condecoração com a qual o Rei da Grã-Bretanha - Jorge VI (1936/1952) - tentou homenageá-lo na época. Posteriormente o povo se redimiu perante seu herói, elegendo-o outra vez primeiro-ministro (1951/1955).
            Salvo engano, Churchill foi o único estadista que comandou uma guerra e escreveu sobre ela. Aliás, ele foi agraciado em 1953 com o Prêmio Nobel de Literatura.
            O maior legado da longa vida de WINSTON LEONARD SPENCER CHURCHILL (91 anos – 1874/1965) ficou para a humanidade, que pode livremente usufruir da herança representada pela riqueza dos exemplos de político honrado, aristocrata que enalteceu a democracia ao praticá-la e patriota que arriscou a vida em prol da liberdade das nações. 

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