BATALHA NAVAL PERTO DO BRASIL
O transcurso do 80º aniversário
de algo assustador que aconteceu em meu tempo de menino me motiva a contar aos
leitores deste blog um resumo do fato, pois as novas gerações devem meditar
sobre guerras, tragédias e erros do passado – para evitar que se repitam no
presente ou no futuro.
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BATALHA NAVAL PERTO DO BRASIL
Jimmy Clark Nunes - 13.12.2019
Daqui a 80 anos - no
ano de 2099
- poucos (com exceção dos que ainda são jovens) terão disposição para comentar fatos
que presenciaram ou dos quais foram contemporâneos em 2019.
Pois bem, se em 7.12.2021
eu ainda for vivo e Deus me mantiver com saúde física e mental, tentarei escrever
sobre um bombardeio ocorrido há 78 anos - o de Pearl Harbour. Hoje vou escrever
sobre algo ocorrido há 80 anos -quando
eu era um menino de 12 anos.
Sinto-me motivado a
divulgar o assunto por achar que ele merece ser lembrado pelos que dele já tinham
conhecimento e informado aos que ainda não tinham, pois as novas gerações devem
meditar sobre guerras, tragédias e erros do passado – objetivando evitar que se repitam no presente ou no futuro.
Em 13.12.1939 quatro navios da Inglaterra
e da Alemanha travaram (no estuário dos rios Paraná e Uruguai, em cujas margens
ficam Montevidéu e Buenos Aires) a 1ª batalha naval da 2ª Guerra Mundial (iniciada
três meses antes), que ficou conhecida como a “Batalha do Rio de la Plata “.
Ali o moderno encouraçado alemão GRAF SPEE (foto acima) foi encontrado e atacado por três antigos cruzadores ingleses – que o caçavam tentando eliminar seu poder destrutivo. Ele - o responsável pelo afundamento de numerosos navios mercantes ingleses - representava um incalculável perigo para a navegação marítima, da qual dependia a sobrevivência da Inglaterra.
Os cruzadores (fotos)
eram o AJAX, o EXETER e o ACHILLES.
Dada a proximidade do Uruguai com o Brasil, a repercussão do evento foi enorme em nosso país, inclusive em minha terra natal.
Abro um parêntese: Apesar de Parnaíba ser
pequena como cidade, seu comércio importador e exportador era grande o
suficiente para justificar a presença, nela, da filial de uma companhia inglesa
de navegação (Booth Line), cujo gerente era o Vice-Consul da Inglaterra. Um dos
navios ( Clement ) que servia a comerciantes parnaibanos (inclusive meu pai) foi
afundado pelos alemães entre o Brasil e a
África – no 1º mês da guerra! Fecho o parêntese.
Já
escrevi sobre o assunto (no artigo “Marcos e Marcas de Naufrágios” – postado em 9.7.2017 neste blog) mas o
transcurso dos 80 anos do fato me estimula a transcrever as seguintes frases
daquele artigo:
“Apesar da enorme
superioridade do “Graf Spee”, todos eles sofreram extensas avarias, além de
numerosas mortes e ferimentos nas respectivas tripulações. Após
dramática luta, um dos navios ingleses teve que se retirar para as
Malvinas, enquanto o vaso de guerra alemão se refugiou em Montevidéu.
Como os uruguaios não
poderiam permitir uma demorada permanência da belonave em seu território, sob
pena de prejudicar a neutralidade do país, surgiram complexas gestões
diplomáticas e militares, que por sua vez geraram grande inquietação
internacional. Verdades e mentiras propagavam o deslocamento de reforços navais
convergindo para a área, aumentando a tensão. Para a Inglaterra, era vital a
destruição do mortífero inimigo. E este, finalmente, teve de deixar o porto
rumo ao Atlântico, onde os cruzadores ingleses novamente haveriam de
enfrentá-lo.
Surpreendentemente, porém,
seu comandante decidiu poupar a vida de seus comandados (cerca de mil homens) e
evitar o risco de cair em mãos dos ingleses o encouraçado que era uma das
preciosas joias da “Kriegsmarine”. Para isso, ele navegou até um local
propício, acompanhado de apenas alguns tripulantes, onde todos desceram para
uma lancha que os levaria a Buenos Aires. Minutos depois, uma grande carga
explosiva provocou a fragorosa autodestruição do “Graf Spee”...!
Na esteira desses
inesperados acontecimentos, ainda viria o seu epílogo: dois dias depois, já na
Argentina (em 19.12.1939), o Capitão
Hans Langsdorff cometeu suicídio! É provável que o fanático Hitler e seus
seguidores do Nazismo - o Partido Nacional Socialista que se tornou uma desgraça
para o mundo e para seu próprio país -
esperassem dele uma bravata para enaltecer a decantada superioridade da
raça ariana; agindo, porém, como agiu, o jovem e bravo oficial honrou as
tradições da antiga Marinha Alemã e sua cultura militar.
A “Batalha do Rio de la Plata”
- como o episódio ficou registrado na história naval - mereceu grande destaque no livro
“Encouraçados e Cruzadores do III Reich”, lançado em 1992 pelo meu ilustre
amigo Argos Vasconcelos, de saudosa memória. Além de membro da Academia
Cearense de Letras, ele foi Governador do Distrito do Rotary International que
abrange os clubes rotários do Maranhão, do Piauí e do Ceará – função essa que
igualmente tive a honra de exercer poucos anos depois dele. Entre as
fotografias que ilustram o mencionado livro, duas me parecem dignas de reflexão:
uma mostrando o citado comandante alemão fazendo a continência naval (em vez da
saudação nazista..., como outros presentes ao ato) durante os funerais dos
tripulantes do “Graf Spee” que foram sepultados em Montevidéu; e a outra em que
são vistos oficiais e marinheiros daquele encouraçado – no seu próprio funeral,
em Buenos Aires.
O afundamento de um formidável
navio de guerra alemão em águas sul-americanas - logo nos primeiros meses das
hostilidades - me deixou, aos doze anos, o marco da época em que vi e ouvi
homens temerosos de que as labaredas da guerra chegassem ao Brasil; e a marca
do zelo de meu pai, aproveitando para ensinar os filhos e para nos preparar
para o futuro - com dignidade.”
Agora em 2019 acrescento o seguinte: Um dos
cruzadores ingleses que (danificado pelos tiros do encouraçado alemão) foi precariamente
navegando para a base da Marinha Inglesa nas Ilhas Malvinas, veio a ser substituído
por outro - denominado CUMBERLAND. Este foi um dos três
cruzadores ingleses que se mantiveram ao largo (no litoral do Uruguai) à espera do encouraçado alemão que se refugiara
em Montevidéu.
O tempo continuou
passando e eu - como todo mundo - envelhecendo...
Quando cheguei aos 57 anos tive a surpresa de
encontrar justamente em CUMBERLAND (ao visitar a terra natal
de meu avô - Keswick - que fica naquele condado) um inglês que participou da
famosa “Batalha do Rio de la Plata
“...!
Ele era o motorista
do taxi em que eu viajava (com a Carminha e o casal Aílame e Jaime Aquino) pela
circunvizinhança de Keswick. Tendo em seu carro quatro brasileiros, ele
mencionou que já havia estado no Brasil. Respondendo minhas perguntas, ele
esclareceu que era marinheiro de um cruzador durante a 2ª Guerra Mundial - o AJAX – e
que este fez uma escala no porto do Rio de Janeiro quando voltava das Malvinas
para a Inglaterra depois daquela batalha. Foi assim que conheci um homem que
lutou contra o temível, mortífero e famoso GRAF SPEE...!
Que rica exposicão você nos traz agora, dando-nos a conhecer ou recordando-nos de fatos históricos relevantes à nossa cultura geral e à solidificação de princípios morais que excedem o tempo. Exemplo a seguir.
ResponderExcluirGratidão à Deus pelo que lhe tem concedido de dons : Memória, Organização, Arquivo de dados valiosos, Discernimento, Interesse em propagar o Bem, Disposição fenomenal ao trabalho e ao Serviço entre tantos outros. Aos 92 anos de idade ! Testemunho de envelhecer Feliz !