quinta-feira, 25 de outubro de 2018

LIBERDADE E SEGURANÇA


A sensação de liberdade e segurança que tivemos no passado foi substituída pela crescente onda de criminalidade e a sensação de escravidão e insegurança que, nas últimas décadas, vem infelicitando o povo brasileiro.

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  LIBERDADE E SEGURANÇA 

        Uma das boas recordações de minha longa vida - da infância à velhice, passando pela juventude e pela fase adulta - era o prazer de andar pelas ruas, avenidas e praças de minha cidade sem medo e livre do perigo de ser roubado ou morto por um criminoso.

Meus primeiros 31 anos foram vividos em Parnaíba, de onde vim morar em Fortaleza em 1959. Em ambas era muito agradável passear pelos jardins, parques e subúrbios - onde pessoas de todas as idades faziam o mesmo.
    
Era muito gostoso parar em lugares apenas para apreciar belezas naturais ou velhos monumentos e novas construções.

Momentos de saudável convívio com a família e cordial integração com os conterrâneos eram proporcionados pelas casas em que morávamos, com janelas sem grades, muros baixos e terraços floridos próximos às calçadas.
 
Casas de minha família em Parnaíba (anos 1950) com um jipe na frente; e em Fortaleza (anos 1960) com bicicletas (dos filhos) e um automóvel na frente.

Os carros só precisavam ser guardados nas garagens quando as pessoas iam dormir, pois não havia perigo de serem roubados em frente às casas.

Foto 1 – Vista lateral da casa de meus pais em Fortaleza, construída em 1948 e habitada
durante décadas; a pessoa vista ao lado de uma coluna é minha saudosa mãe.

Foto 2 - em frente à mesma casa, eu sou o primeiro à esquerda,
na calçada, com familiares que estão atrás do muro.

 A leveza decorrente da sensação de liberdade e segurança que tivemos a felicidade de desfrutar no passado foi sendo paulatinamente substituída pela crescente onda de violência urbana e criminalidade; elas roubaram às pessoas e à sociedade o que antigamente era normal, deixando-nos com o peso decorrente da sensação de escravidão e insegurança que, nas últimas décadas, vem infelicitando o povo brasileiro.

 Muitas são as famílias, inclusive a minha, que podem contar histórias de lamentáveis mortes de entes queridos que foram vítimas da violência urbana no Brasil. Perenes saudades acompanham a memória deles. A recordação de suas preciosas vidas, porém, pode atenuar - pelo menos comigo - o sofrimento deixado pela ausência de quem tinha o poder de alegrar com sua presença.

Lamentavelmente são milhares as histórias. Dentre tantas, escolhi uma (de 1983 e do conhecimento público) que muito me comoveu. Aconteceu o seguinte:  

Um grupo de seis a oito homens armados assaltou mais uma agência bancária. Apavorados, os clientes ficaram paralisados... até explodirem em fúria quando uma horripilante cena os revoltou: um dos bandidos matou uma criança de meses que estava no colo da mãe; atravessando a cabecinha, a bala atingiu o coração da jovem, que morreu. A reação dos clientes, vigilantes e policiais causou a morte de cinco dos assaltantes, enquanto um fugiu com a criancinha e a entregou a quem ia passando - porém já sem vida...!

A mãe era Laura Thomé Tomarevsky (professora de balé), de 23 anos, e a filhinha era Talita, de 7 meses. Seus corpos foram velados na Igreja Batista da Vila Gerty, onde o marido e pai das vítimas - Vladimir Tomarevsky - disse que “Tudo isso acontece porque as pessoas não têm Cristo no coração.”  

O assalto foi em São Caetano do Sul (SP) na agência do Banco Itaú em Vila Barcelona. Mais de três mil pessoas compareceram ao enterro, no “Cemitério das Lágrimas”, acompanhadas por viaturas da Polícia. Na Av. Visconde de Inhaúma muitas lojas fecharam as portas enquanto o cortejo passava.

O fato permanece inesquecível em minha mente, chocada com a desumanidade dos bandidos e a escalada do crime. Lembro-me que a revista Manchete (na época a maior do país) publicou entrevista com o estudante de engenharia que perdeu a esposa e a filha única. A elas a editora dedicou a capa daquela edição, ilustrando-a com fotos das vítimas.

Segundo o jornal “O Estado de São Paulo" (de 2.11.1983), o povo já estava sendo obrigado a se acostumar com casos diários de violência e de falta de policiamento, mas esse terrível crime foi chocante demais, motivando críticas ao Governo e à Justiça.

Transcrevo as seguintes passagens da Bíblia (Vers. 8 a 11 do capítulo 1 da 1ª Epístola de Paulo a Timóteo): “... a lei e boa, se alguém dela se utiliza de modo legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, segundo o evangelho da glória do Deus bendito...”

Desde o bárbaro crime duplo (uma criança e sua mãe) ocorrido há 35 anos, infelizmente a violência não cessa de crescer no Brasil, inclusive em Fortaleza. Felizmente, porém, o povo brasileiro demonstrou sua intolerância com esse deplorável estado. Isso ocorreu nas recentes eleições (1º turno), quando o candidato a Presidente da República mais votado foi Jair Bolsonaro - que tem manifestado sua determinação e capacitação para mudar o Brasil, inclusive no que se refere à segurança pública.  

Aos leitores deste blog ofereço uma lista que há muitos anos me foi enviada pelo saudoso companheiro Romilton de Oliveira Lima (ex-Presidente do Rotary Club de Fortaleza-Alagadiço), cuja preocupação com o assunto da falta de segurança o motivou a escrever uma lista de conselhos a quem anda nas ruas. É a seguinte:

CONSELHOS A QUEM ANDA NAS RUAS

“COMO SE PREVENIR


·         Evite usar jóias, relógios, roupas e objetos que possam demonstrar ser de valor.
·         Não carregue objetos de valor, todos os documentos, grandes quantias em dinheiro ou cartões de crédito se não houver necessidade. Se for preciso, procure estar acompanhado, divida o dinheiro em várias partes da roupa e siga diretamente para o seu destino.
·         Nunca demonstre que está procurando um endereço.
·         Procure andar acompanhado.
·         Evite locais desertos ou pouco iluminados.
·         Em ruas escuras ou desertas, evite dobrar a esquina junto a construções, prefira o centro da rua.
·         Sempre que possível, faça seus pagamentos com cheques nominais e cruzados.
·         Procure variar seus horários e fazer rotas diferentes para deslocar-se de casa ao trabalho ou escola.
·         Procure andar rápido.
·         Mantenha sua bolsa ou pasta à sua frente. Procure mantê-la sempre firme entre o braço e o corpo, com a mão sobre o fecho e posicionada do lado da calçada.
·         Não use bolsos traseiros para carregar carteira ou dinheiro.
·         Caminhe no centro da calçada e contra o sentido do trânsito, para poder perceber a aproximação de algum veículo suspeito. Atravesse a rua a qualquer sinal de perigo.
·         Fique atento quando parar no semáforo para pedestres.
·         Telefone celular, computadores portáteis (notebooks, handhelds) devem ser transportados discretamente. Evite as típicas maletas para notebooks. Faça seguro dos equipamentos.
·         Se você notar que está sendo seguido, aja com naturalidade, entre em qualquer lugar público e ligue para a Polícia Militar.
·         Não use locais isolados para namorar.
·         Separe previamente pequenas quantias de dinheiro para despesas como café, cigarro e transporte.
·         Antes de entrar em casa verifique se não há algum suspeito por perto.
·         Oriente seus filhos para irem e voltarem da escola em grupos. Se puder leve seus filhos à escola ou peça isso a pessoas de sua absoluta confiança.
·         Antes de ir à praia ou locais de grande concentração de pessoas ponha um papel no bolso da criança, com nome, endereço, telefone, tipo sangüíneo e possiveis sensibilidades a medicamentos.”

“COMO CRIANÇAS DEVEM AGIR


·         Não converse com estranhos.
·         Não aceite presentes, doces ou refrigerantes de pessoas que você não conhece. Fale claro que não quer e se afaste delas.
·         Procure não andar sozinho, tente sempre a companhia de seus amigos e se sentir medo ligue para a polícia e esplique seu problema.
·         Quando estiver esperando condução para ir à escola ou para voltar para casa, evite os pontos de parada em locais escuros e sem movimento.
·         Não acredite em estranhos que digam trazer recado de seus familiares. Peça a uma pessoa amiga que confirme o que estão dizendo.
·         Se for seguido por estranhos na rua, entre na primeira casa habitada e peça socorro.
·         Se alguém o atacar, tentando agarrá-ló, esperneie e grite bem alto, muitas vezes, pedindo ajuda.
·         Não aceite carona de motoristas desconhecidos e, se algum deles lhe chamar, não dê atenção e nunca se aproxime do veículo.
·         Quando estiver desacompanhado e alguém o incomodar, querendo pôr a mão em seu corpo, grite bastante para chamar a atenção de outras pessoas que estejam por perto.
·         Se você ainda não consegue guardar na memória o seu endereço ou o telefone de sua casa, peça a alguém de sua família que os escreva em um cartão e carregue-o sempre com você.
·         Quando precisar de ajuda, procure um policial. Você receberá apoio e orientação.”

A lista acima transcrita constitui um valioso serviço à comunidade prestado pelo  citado rotariano.  Ela vai se tornando mais útil à medida em que a insegurança vai aumentando, como ocorre atualmente.

Ainda há pouco um crime (de repercussão internacional) foi a tentativa de matarem exatamente o candidato presidencial que se propõe a reduzir a criminalidade. Oro a Deus pedindo que o proteja.

Esta triste realidade tem forçado as famílias - escravizadas pelo medo - a se manterem presas em suas casas ou apartamentos, que vão se tornando cada vez mais fortificados para impedir que  bandidos (livres) os invadam e assaltem os “prisioneiros” que neles residem.

Peço a Deus que conceda ao povo brasileiro a felicidade de eleger um presidente apto a nos proporcionar Ordem e Progresso com liberdade e segurança.


Um comentário:

  1. Comungo do ponto de vista do autor do excelente artigo.
    O senhor está correto em suas bem lançadas colocações. Hoje, somos prisioneiros de nossas casas e apartamentos, e até os carros precisam ser blindados.
    Vivemos em uma zona de guerra, mas nessa guerra, só um dos lados (o dos bandidos), é que está armado. Somos reféns da insegurança e da impunidade dos criminosos.
    Parabéns por seu artigo!
    Jarlan Botelho.

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