A sensação de liberdade
e segurança que tivemos no passado foi substituída pela crescente onda de
criminalidade e a sensação de escravidão e insegurança que, nas últimas
décadas, vem infelicitando o povo brasileiro.
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Uma das boas
recordações de minha longa vida - da infância à velhice, passando pela
juventude e pela fase adulta - era o prazer de andar pelas ruas, avenidas e
praças de minha cidade sem medo e livre do perigo de ser roubado ou morto por
um criminoso.
Meus primeiros 31 anos foram vividos em Parnaíba,
de onde vim morar em Fortaleza em 1959. Em ambas era muito agradável passear
pelos jardins, parques e subúrbios - onde pessoas de todas as idades faziam o
mesmo.
Era muito gostoso parar em lugares apenas para apreciar
belezas naturais ou velhos monumentos e novas construções.
Momentos de saudável convívio com a família e cordial
integração com os conterrâneos eram proporcionados pelas casas em que
morávamos, com janelas sem grades, muros baixos e terraços floridos próximos às
calçadas.
Casas de
minha família em Parnaíba (anos 1950) com um jipe na frente; e em Fortaleza (anos
1960) com bicicletas (dos filhos) e um automóvel na frente.
Os carros só precisavam ser guardados nas
garagens quando as pessoas iam dormir, pois não havia perigo de serem roubados
em frente às casas.
durante décadas; a pessoa vista ao lado de uma coluna
é minha saudosa mãe.
Foto 2 - em frente à mesma casa, eu sou o primeiro à
esquerda,
na calçada, com familiares que estão atrás do muro.
A leveza
decorrente da sensação de liberdade e
segurança que tivemos a felicidade de desfrutar no passado foi sendo
paulatinamente substituída pela crescente onda de violência urbana e
criminalidade; elas roubaram às pessoas e à sociedade o que antigamente era
normal, deixando-nos com o peso decorrente da sensação de escravidão e insegurança que, nas
últimas décadas, vem infelicitando o povo brasileiro.
Muitas
são as famílias, inclusive a minha, que podem contar histórias de lamentáveis mortes
de entes queridos que foram vítimas da violência urbana no Brasil. Perenes
saudades acompanham a memória deles. A recordação de suas preciosas vidas,
porém, pode atenuar - pelo menos comigo - o sofrimento deixado pela ausência de
quem tinha o poder de alegrar com sua presença.
Lamentavelmente são milhares as histórias.
Dentre tantas, escolhi uma (de 1983 e do conhecimento público) que muito me
comoveu. Aconteceu o seguinte:
Um grupo de seis a oito homens
armados assaltou mais uma agência bancária. Apavorados, os clientes ficaram
paralisados... até explodirem em fúria quando uma horripilante cena os
revoltou: um dos bandidos matou uma criança de meses que estava no colo da mãe;
atravessando a cabecinha, a bala atingiu o coração da jovem, que morreu. A
reação dos clientes, vigilantes e policiais causou a morte de cinco dos
assaltantes, enquanto um fugiu com a criancinha e a entregou a quem ia passando
- porém já sem vida...!
A mãe era Laura Thomé Tomarevsky
(professora de balé), de 23 anos, e a filhinha era Talita, de 7 meses. Seus
corpos foram velados na Igreja Batista da Vila Gerty, onde o marido e pai das
vítimas - Vladimir Tomarevsky - disse que “Tudo isso acontece porque as pessoas não
têm Cristo no coração.”
O assalto foi em São Caetano do
Sul (SP) na agência do Banco Itaú em Vila Barcelona. Mais de três mil pessoas
compareceram ao enterro, no “Cemitério das Lágrimas”, acompanhadas por viaturas
da Polícia. Na Av. Visconde de Inhaúma muitas lojas fecharam as portas
enquanto o cortejo passava.
O fato permanece inesquecível em
minha mente, chocada com a desumanidade dos bandidos e a escalada do crime.
Lembro-me que a revista Manchete (na época a maior do país) publicou entrevista
com o estudante de engenharia que perdeu a esposa e a filha única. A elas a
editora dedicou a capa daquela edição, ilustrando-a com fotos das vítimas.
Segundo o jornal “O Estado de São
Paulo" (de 2.11.1983), o povo já estava sendo obrigado a se acostumar com casos
diários de violência e de falta de policiamento, mas esse terrível crime foi
chocante demais, motivando críticas ao Governo e à Justiça.
Transcrevo as seguintes passagens da Bíblia
(Vers. 8 a 11 do
capítulo 1 da 1ª Epístola de Paulo a Timóteo): “... a lei e boa, se alguém dela se utiliza de modo
legítimo, tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para
transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos,
parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens,
mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina, segundo o
evangelho da glória do Deus bendito...”
Desde o bárbaro crime duplo (uma criança e sua
mãe) ocorrido há 35 anos, infelizmente a violência não cessa de crescer no
Brasil, inclusive em Fortaleza. Felizmente, porém, o povo brasileiro demonstrou
sua intolerância com esse deplorável estado. Isso ocorreu nas recentes eleições
(1º turno), quando o candidato a Presidente da República mais votado foi Jair
Bolsonaro - que tem manifestado sua determinação e capacitação para mudar o
Brasil, inclusive no que se refere à segurança pública.
Aos leitores deste blog ofereço uma lista que
há muitos anos me foi enviada pelo saudoso companheiro Romilton de Oliveira
Lima (ex-Presidente do Rotary Club de Fortaleza-Alagadiço), cuja preocupação
com o assunto da falta de segurança o motivou a escrever uma lista de conselhos
a quem anda nas ruas. É a seguinte:
CONSELHOS
A QUEM ANDA NAS RUAS
“COMO SE PREVENIR
·
Evite usar jóias, relógios, roupas e objetos que possam demonstrar ser
de valor.
·
Não carregue objetos de valor, todos os documentos, grandes quantias em
dinheiro ou cartões de crédito se não houver necessidade. Se for preciso,
procure estar acompanhado, divida o dinheiro em várias partes da roupa e siga diretamente
para o seu destino.
·
Nunca demonstre que está procurando um endereço.
·
Procure
andar acompanhado.
·
Evite locais desertos ou pouco iluminados.
·
Em ruas escuras ou desertas, evite dobrar a esquina junto a construções,
prefira o centro da rua.
·
Sempre que possível, faça seus pagamentos com cheques nominais e
cruzados.
·
Procure variar seus horários e fazer rotas diferentes para deslocar-se
de casa ao trabalho ou escola.
·
Procure
andar rápido.
·
Mantenha sua bolsa ou pasta à sua frente. Procure mantê-la sempre firme
entre o braço e o corpo, com a mão sobre o fecho e posicionada do lado da
calçada.
·
Não use bolsos traseiros para carregar carteira ou dinheiro.
·
Caminhe no centro da calçada e contra o sentido do trânsito, para poder
perceber a aproximação de algum veículo suspeito. Atravesse a rua a qualquer sinal de perigo.
·
Fique atento quando parar no semáforo para pedestres.
·
Telefone celular, computadores portáteis (notebooks, handhelds) devem
ser transportados discretamente. Evite as típicas maletas para notebooks. Faça
seguro dos equipamentos.
·
Se você notar que está sendo seguido, aja com naturalidade, entre em
qualquer lugar público e ligue para a Polícia Militar.
·
Não use locais isolados para namorar.
·
Separe previamente pequenas quantias de dinheiro para despesas como
café, cigarro e transporte.
·
Antes de entrar em casa verifique se não há algum suspeito por perto.
·
Oriente seus filhos para irem e voltarem da escola em grupos. Se puder
leve seus filhos à escola ou peça isso a pessoas de sua absoluta confiança.
·
Antes de ir à praia ou locais de grande concentração de pessoas ponha um
papel no bolso da criança, com nome, endereço, telefone, tipo sangüíneo e
possiveis sensibilidades a medicamentos.”
“COMO CRIANÇAS DEVEM AGIR
·
Não
converse com estranhos.
·
Não aceite presentes, doces ou refrigerantes de pessoas que você não
conhece. Fale claro que não quer
e se afaste delas.
·
Procure não andar sozinho, tente sempre a companhia de seus amigos e se
sentir medo ligue para a polícia e esplique seu problema.
·
Quando estiver esperando condução para ir à escola ou para voltar para
casa, evite os pontos de parada em locais escuros e sem movimento.
·
Não acredite em estranhos que digam trazer recado de seus familiares.
Peça a uma pessoa amiga que confirme o que estão dizendo.
·
Se for seguido por estranhos na rua, entre na primeira casa habitada e
peça socorro.
·
Se alguém o atacar, tentando agarrá-ló, esperneie e grite bem alto,
muitas vezes, pedindo ajuda.
·
Não aceite carona de motoristas desconhecidos e, se algum deles lhe chamar,
não dê atenção e nunca se aproxime do veículo.
·
Quando estiver desacompanhado e alguém o incomodar, querendo pôr a mão
em seu corpo, grite bastante para chamar a atenção de outras pessoas que
estejam por perto.
·
Se você ainda não consegue guardar na memória o seu endereço ou o
telefone de sua casa, peça a alguém de sua família que os escreva em um cartão
e carregue-o sempre com você.
·
Quando precisar de ajuda, procure um policial. Você receberá apoio e
orientação.”
A lista acima transcrita constitui um valioso
serviço à comunidade prestado pelo citado rotariano. Ela vai se tornando mais útil à medida em que
a insegurança vai aumentando, como ocorre atualmente.
Ainda há pouco um crime (de repercussão
internacional) foi a tentativa de matarem exatamente o candidato presidencial que
se propõe a reduzir a criminalidade. Oro a Deus pedindo que o proteja.
Esta triste realidade tem forçado as famílias -
escravizadas pelo medo - a se manterem presas em suas casas ou apartamentos, que vão se tornando cada vez mais fortificados para impedir que bandidos (livres) os invadam e assaltem os
“prisioneiros” que neles residem.
Peço a Deus que conceda ao povo brasileiro a
felicidade de eleger um presidente apto a nos proporcionar Ordem e Progresso
com liberdade e segurança.
Comungo do ponto de vista do autor do excelente artigo.
ResponderExcluirO senhor está correto em suas bem lançadas colocações. Hoje, somos prisioneiros de nossas casas e apartamentos, e até os carros precisam ser blindados.
Vivemos em uma zona de guerra, mas nessa guerra, só um dos lados (o dos bandidos), é que está armado. Somos reféns da insegurança e da impunidade dos criminosos.
Parabéns por seu artigo!
Jarlan Botelho.