A
quem ainda pode desfrutar da presença da sua mãe, dou o seguinte conselho: nunca desperdice a felicidade de alegrá-la com
gestos de consideração, reconhecimento e amor filial.
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HINO DE AMOR FILIAL
Há 120 anos nasceu Marie - em 12 de Setembro
de 1898 - a filhinha que seria a caçula de James Frederick Clark e Ana (Magdá)
Gonçalves Castelo Branco Clark. Foi em Parnaíba, no Piauí. Em 1921 ela se
tornou esposa de Celso Augusto de Moura Nunes. Tiveram seis filhos, sendo eu o
caçula dos homens. Em 1948 ela veio morar em Fortaleza, com Papai e três
filhos. Aqui ela viveu 41 anos, tendo falecido em 19.5.1989.
Na foto acima (de 1963
em Fortaleza), meus pais e os filhos que Deus lhes deu.
Pelo “Dia das Mães” do ano passado postei
neste blog (em 14.5.2017) um capítulo que escrevi em 1989 - “MARIE – MINHA MÃE”.
Aproveitei para escrever um Posfácio, a fim de dar a quem ainda pode
desfrutar da presença da sua, o seguinte conselho: nunca desperdice a felicidade de alegrar sua mãe com gestos de consideração,
reconhecimento e amor filial.
Para lê-lo ou relê-lo - na Internet - basta
clicar no seguinte link:
O referido artigo foi escrito quando eu tinha
61 anos. Hoje tenho 90 – a mesma idade que Mamãe atingiu. Na foto abaixo (de
1988),ela em seu último aniversário...
Hoje ela faria 120. Pelo transcurso desta
data escolhi algo que, há algum tempo, escrevi e li num Rotary Club, pois ainda
hoje eu utilizaria as mesmas palavras para expressar meu pensamento. Ao
fazê-lo, presto homenagem não só à minha saudosa mãe, mas também à minha
esposa, às nossas filhas e noras e às mães de quem vier a ler o discurso que um
dia fiz e abaixo transcrevo:
“Tenho observado que os Rotary
Clubes nutrem um grande apreço pelas senhoras mães, apreço este que não é
demonstrado apenas através de homenagens em reuniões festivas como a de hoje,
mas, principalmente, através do reconhecimento do inexcedível papel que elas
desempenham na sociedade e na família.
Com efeito, nós rotarianos
reconhecemos que as mães constituem o centro da família, merecendo toda a
consideração por sua importância. Seria cômodo limitar-me a ressaltar as
excelsas qualidades que adornam as figuras queridas de nossas próprias mães,
assim como de nossas esposas e também das filhas que nos deram netos, porém
elas merecem muito mais do que simples elogios e expressões de amor ou de
saudade.
Por isso, nas asas da imaginação fiz um voo em pensamento a fim de
obter uma visão panorâmica da mulher-mãe em seu habitat. Perscrutei o
horizonte; descortinei um cenário variado de rios, montanhas e planícies; e
faço uma analogia:
- os rios em turbilhão lembram as mães que se agitam em intensa luta
pela vida;
- os rios vagarosos sugerem as vidas mansas e confortáveis de outras;
- os rios que saltam em cachoeiras representam as mães que tiveram de
suportar
quedas e sofrimentos ao longo de suas vidas;
- as montanhas (admiradas por se
destacarem na paisagem) lembram as mães que se distinguiram em gestos de amor,
abnegação, coragem, fé em Deus e perseverança;
- as planícies representam a multidão de mulheres cujos passos moderados
foram dados no mesmo plano, sem altos nem baixos.
Em conjunto, todas elas participaram da construção dos elos da
corrente que liga os primórdios da humanidade ao momento atual e haverá de
ligá-lo às gerações vindouras.
Que sublime responsabilidade as mulheres receberam do Criador: a de construírem com seus corpos e mentes os
elos que ligam o Passado ao Presente e ao Futuro !
A própria raça humana foi marcada por um nascimento – aquele que mais a
dignificou; efetivamente, a História foi dividida em dois períodos: antes e
depois de Cristo.
Conforme ensina a Bíblia, a criança que veio ao mundo como Deus e como
homem foi, nessa condição única, gerada pelo Espírito Santo e nascida de uma
virgem. Aquela jovem mãe, Maria, apesar da honrosa missão recebida, deixou um
magnífico exemplo de humildade e de submissão ao Senhor e Salvador. Parece que
Deus homenageou as mães quando decidiu dar a uma mulher o privilégio de trazer
no ventre a criança que seria o maior de todos os homens – Jesus, o único
mediador entre Ele e os homens.
Continuando meu voo imaginário, observo que as mães estão para os
filhos assim como a Terra está para as árvores. Explico: a mulher tem sido
utilizada pela Criador como um maravilhoso instrumento Seu para a reprodução da
espécie humana, tal como Ele utiliza a Terra para fazer nascerem dela as
árvores, que, por sua vez, produzirão frutos, cujas sementes (retornando às
suas origens) germinarão quando plantadas no solo.
A tecnologia é capaz de fabricar máquinas complexas, mas não é capaz de
fazer uma criança. Só Deus o pode; o homem e a mulher apenas participam.
Consta que o Presidente Kennedy, em 1960, tentava diminuir o prazo de
dez anos calculados por Von Braun para fazer o homem chegar à Lua; esgotados
todos os argumentos, o cientista ponderou ao estadista o seguinte: só se
V.Exa., com todos os recursos do mundo, conseguir que 9 homens e 9 mulheres
façam 1 filho em 1 mês! Diante disso, o Presidente se conformou e
determinou a prioridade nacional que resultaria na fantástica viagem de ida e volta à Lua, onde só em 1969 o
1º homem pisou.
As mães já foram crianças mas, como todas as criaturas, também
envelhecem e morrem. Quando suas preciosas vidas se extinguem elas deixam uma
lacuna impreenchível, mas também deixam, em seus descendentes, traços
indeléveis de suas personalidades – que, pela maravilha da genética, atravessam
gerações ao longo dos séculos.
Outra notável característica das mães é que, geralmente, elas ficam em
segundo plano ou até incógnitas enquanto seus filhos se projetam ou se
agigantam, ou, inversamente, são esmagados e sucumbem. Quem já ouviu ao menos
falar nos nomes das mães dos grandes gênios e heróis da História? E dos famosos
traidores e criminosos? E dos deficientes? E dos pobres e flagelados?
Elas simplesmente cumpriram, através da maternidade, a imprescindível
missão de construírem os elos de que é feita a corrente da humanidade,
compartilhando dos sucessos, fracassos, alegrias e tristezas de seus descendentes.
No início mencionei o apreço que os Rotary Clubes nutrem pelas mães; a
razão é que os clubes de serviço zelam e se interessam pelos problemas da
humanidade - a partir das comunidades. E como as esposas dos rotarianos prestam
um inestimável serviço à causa rotária, a elas peço licença para abordar um
aspecto do “Dia das Mães” que é fora do contexto desta homenagem.
Trata-se do conhecido drama exposto pela imprensa – das milhares de
famílias que sofreram com a prolongada seca e agora foram atingidas pelas
chuvas que tornaram inabitáveis suas precárias moradias improvisadas nas
periferia das cidades. Evitando entrar em detalhes, aproveito para mencionar
que as Exmas. Senhoras dos rotarianos podem dar uma expressiva contribuição em
favor das mães necessitadas. Como? Perguntando aos seus maridos, semanalmente,
o que é que eles estão fazendo no Rotary e o que o clube está realizando pela
comunidade. Esta seria uma forma de fazermos algo mais do que apenas demonstrar
preocupação e interesse pelas mães que não podem, sozinhas, alterar uma
conjuntura social e econômica de que são pobres vítimas indefesas.
Concluindo, quero focalizar um fato que bem demonstra o que são as mães
aos olhos dos filhos: visitando em Brasília uma digna e ilustre personalidade
em seu gabinete, vi na parede um quadro com a foto de uma senhora idosa entre
quatro homens, seus filhos. Como todos atingiram os mais altos postos da
carreira militar, manifestei ao meu eminente amigo o seguinte pensamento: “a
senhora sua mãe deve se orgulhar de vocês”. Imediatamente ele retrucou: “não,
Jimmy, nós é que nos orgulhamos dela.” Se eu citasse nomes, todos conheceriam
pelo menos um, mas por certo ninguém reconheceria o nome daquela abençoada
senhora. Assim são as mães – heroínas
anônimas...!
É, por tudo isso, justa a homenagem deste Rotary Club, em cuja
iniciativa percebo um carinhoso significado: um hino de amor filial em memória das mães que pertencem ao Passado, em
homenagem às mães contemporâneas e em intenção das futuras mães.”
*
Na foto acima (de 1908 na Inglaterra) a menina entre os pais, duas
tias, um irmão e uma irmã, é Marie (minha futura mãe) aos dez anos.
Ela herdou algumas das excelentes qualidades
de meus avós. E a seus filhos, netos e bisnetos, ela transmitiu algumas das
excelentes qualidades dela e de meu pai.
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