Nem todo mundo sabe o que sofre a pessoa engasgada, que passa pela
aflição da falta de ar e sente a morte bem próxima. Isso aconteceu comigo.
MORTES EVITÁVEIS
Meditações após
um engasgo quase fatal.
Ao abrir a Bíblia no lugar marcado para minha
leitura diária, em 19.1.2017, a primeira frase que li foi Cântico de louvor pela misericórdia divina - escrita em negrito
acima do capítulo 25 do livro de Isaías. Embora sabendo que o contexto nada tem
a ver comigo, tomo a liberdade de transcrevê-lo, deixando que a explicação do
motivo apareça no relato subsequente: “Ó SENHOR, tu és o meu Deus; exaltar-te-ei a
ti e louvarei o teu nome, porque tens feito maravilhas e tens executado os teus
conselhos antigos, fiéis e verdadeiros.”
Há seis anos escrevi “Aviso Prévio” relatando
minha hospitalização em uma UTI, que eu considerava a “sala de espera” do
cemitério. Agora estou a escrever para relatar o engasgo que - no ano passado -
me levou à beira da morte.
Almoçando em casa, com a Carminha, ouvi-a
recomendando à nossa nova cozinheira para, na próxima vez, não deixar o frango
ficar torrado como aquele. Enquanto isso, eu já havia mastigado e engolido uma
porção dele, que não desceu. Bebi um gole de suco, mas não adiantou...;
levantei-me aflito e comecei a urrar, instintivamente, num esforço enorme para
expelir o que estava preso na garganta. Duas empregadas apareceram e uma me
apertou, bateu, levantou meus braços, enquanto a outra foi buscar um ventilador,
para suprir o ar que estava me faltando. O olhar da Carminha, aflita e
impotente, me deu força para pedir a Deus, intimamente, que me livrasse
daquilo. Ele me deu um pouquinho de controle para não desesperar e “entregar os
pontos” - o que esteve bem perto de acontecer...
Os aviões das fotos acima são um do tempo
antigo (1930/40) e um da época moderna..
Os três passarinhos vistos acima foram fotografados por mim em diferentes lugares de meu apartamento - que eles aparentemente gostam de visitar. O do centro, com bico aberto, está cantando.! Eu e Carminha nos alegamos só em vê-los, livres e voando. Ouvi-los é um deleite..
Os motores param se neles a
entrada de ar for bloqueada. Homens, aves e animais morrem se neles um engasgo
impedir a respiração. Fecho o
parêntese.
Graças a Deus minha respiração foi sendo
restabelecida lentamente, a partir de quando fui expelindo pedaços de alimento.
Sentei-me e passei a beber água em pequenos goles; saíram lágrimas dos olhos e
muito muco do nariz. Quando achei que o auge do perigo havia passado, chorei,
mas ainda sentindo algo travado na garganta.
Informadas pela Carminha, em pouco tempo minhas
filhas Mônica e Ivana vieram me buscar e levaram à emergência do Hospital São
Mateus, onde fui colocado uma confortável poltrona num salão com outras iguais
e alguns leitos - ocupados. Minhas filhas foram tentar conseguir os cuidados
médicos que um velho engasgado estava precisando. Depois de muito tempo elas me
trouxeram uma guia da Unimed. Se eu estivesse em condições de comentar naquele
momento, eu teria dito o que me passou na mente, isto é, que aquele papel bem
poderia ser a certidão de óbito que algum médico teria de assinar quando
soubesse que eu havia morrido lá, sem atendimento algum.
Vi enfermeiras transitando entre uma sala
contígua e o salão em que estive contemplando o atendimento dado a outros;
nenhuma delas se dignou falar comigo. Finalmente apareceu um médico que veio me
ver e examinar com um estetoscópio. Disse-me que em breve voltaria, mas nunca
mais voltou. Minhas filhas o acompanharam e ele lhes disse que eu estava
respirando e que meu quadro não era de emergência. Realmente não era mais;
tinha sido...!
Realmente, como nesse ínterim o que esteve
preso em minha garganta desceu ou diluiu - quando Deus houve por bem prorrogar
minha existência – minhas filhas me levaram para uma consulta com um grande
endoscopista que é um querido “irmão em Cristo” - Dr. Rúver Herculano Junior.
Ele confirmou o quadro e recomendou, por prudência, uma endoscopia a ser feita
oito horas depois do ocorrido.
As filhas que amorosamente me acompanharam
durante toda a tarde cederam o novo encargo aos seus irmãos Carmen e Kelso, que
à noite me levaram ao Hospital da Unimed. Apesar da placa “Lotado” no
estacionamento, meu filho entrou com o carro alegando que alguém poderia sair;
não por acaso, isso aconteceu a poucos metros! Graças às providências dos dois,
que se revezavam ficando sempre um ao meu lado, fui muito bem atendido. Após
demora apenas razoável fui submetido ao exame endoscópico, cujo resultado foi o
esperado e desejado: nenhum corpo estranho no esôfago. Registro minha gratidão
ao Dr. Raphael Felipe Bezerra de Aragão pelo modo atencioso com que ele uniu
competência e suavidade realizando o delicado procedimento.
De volta ao lar quebrei o jejum de dez horas,
ao lado da Carminha, cujo olhar revelava alegria e gratidão a Deus - o oposto
daquele demonstrado quando ela quase ficou viúva.
Eu já havia passado por algo semelhante, mas a 1ª
foi há uns quarenta anos, em São José dos Campos. Eu estava jantando com um
proprietário de avião e seu piloto, quando um filé enganchou na garganta e só
foi expelido quando instintivamente dei um prolongado rugido e bati com força
na parte de trás do pescoço. Depois do ocorrido ambos revelaram sua impressão
de que eu ia morrer.
A 2ª vez foi há sete anos, numa recepção de
casamento, quando um chocolate me fez perder o fôlego por instantes. Ainda não
havia chegado meu dia final. Passou rapidamente, mas a lembrança permanece até
hoje.
Além disso, perdi um amigo e companheiro
rotariano que faleceu engasgado com alimento. Um dia livrei uma octogenária
(ex-babá de nossos filhos) de morrer assim, abraçando-a pelas costas e
comprimindo a parte superior do abdome contra os pulmões para forçar o ar a ser
expelido pela boca levando o alimento engasgado. Funcionou, graças a Deus, que
me motivou e capacitou a fazer algo que eu nunca faria se não fosse diante de uma
emergência real.
Todo mundo sabe que engolir é fazer descer pela
garganta, que respirar é absorver o oxigênio do ar nos pulmões e que engasgo
significa obstrução da passagem da garganta com um objeto, como ocorre quando
um alimento não desce normalmente para o esôfago (que liga a faringe ao
estômago) e dificulta ou impede a respiração.
Nem todo mundo sabe, porém, o que sofre a
pessoa que, engasgada, passa pela aflição da falta de ar e sente a morte bem
próxima, como aconteceu comigo.
Horas depois do
ocorrido a Carminha me contou que, no auge da aflição, nossa cozinheira exclamou
“matei o seu Jimmy”...!
Mais tarde, minha esposa me perguntou se eu estava triste, ao que
respondi “não” e acrescentei “estou é alegre - porque não morri...”
A experiência acima descrita pode ter sido um 2º
“Aviso Prévio” para mim. É certo, porém, que ela foi uma lição, aliás muito amarga
e inesquecível. Peço a Deus que me capacite a tirar bom proveito dela,
principalmente para beneficiar a quem eu puder alertar com o objetivo de evitar
MORTES EVITÁVEIS.
Existem providências que uma pessoa pode e deve
tomar para salvar da morte iminente alguém que se engasgou. Quem estiver
sozinho quando vier a sofrer um engasgo pode tomar providências semelhantes e
salvar a si próprio.
Não sei ensinar mas sei alertar e posso
aconselhar - a todos que ouvirem falar do assunto - que o levem a sério. Uma simples ação pode ser a diferença entre a vida e a morte, mas só se
for imediata...!.
Ofereço três sugestões a quem se interessar:
pesquisar na Internet, consultar um médico ou fisioterapeuta e perguntar a
amigos que possam ensinar.
Concluindo, ofereço aos leitores as seguintes
frases que escrevi em 2012 – sob o título “Aviso Prévio - após regressar da
internação na UTI de um hospital, pois
elas são adequadas ao momento:
“E
ficou uma certeza: a de que não adianta ser iludido por otimismo ou seja lá o
que for que motive alguém a se considerar livre do perigo de morte iminente.
Fazendo
referência ao salmo que decorei enquanto estudava no exterior, aos 18/19 anos,
sempre confiei nas afirmações nele contidas. Transcorridos 67 anos, posso
declarar o seguinte: DEUS É FIEL. Além da longevidade, Ele também me concedeu a
salvação - igualmente mencionada pelo salmista. De fato, desde a idade de 52
anos tenho usufruído da certeza - proporcionada pela graça da fé em Jesus
Cristo, que me foi concedida por Deus - de que prosseguirei vivendo eternamente
quando minha vida terrena terminar.
A
preocupação com a morte, compreensível e natural nos seres humanos, é atenuada
ou eliminada pela segurança dos crentes - confiados no amor, na misericórdia e
no poder do Senhor Jesus. A Ele sou reconhecido pelo privilégio de ter sido,
como suponho, advertido através de um imaginário Aviso Prévio - que não tiveram
os que morreram de repente.
A
recordação de ter sido alvo de tanto carinho e cuidados dispensados a mim pelos
meus familiares deixou-me uma espécie de saudade daqueles dias - por mais
incompreensível que isso pareça a quem não passou pelo que passei.”
Meu amigo jimmy , o senhor e sua familia,são exemplos para mim e minha familia.Deus os abençoe!
ResponderExcluir