Dando prosseguimento à postagem de contos
infantis escritos por minha esposa, ofereço o 2º com que espero poder alegrar corações
de crianças que vierem a ler ou ouvir de alguém que se disponha a ler para elas.
ALEGRANDO CORAÇÕES DE CRIANÇAS - 2
VIVI –O BEIJA-FLOR SONHADOR
Conto
infantil
Carminha Correia Clark Nunes
O colibri é um dos menores pássaros
que existem. Os maiores são do tamanho de uma andorinha e os menores, de uma
libélula, que é um inseto de corpo bem fininho com dois pares de asas
transparentes. Também conhecido com o nome de beija-flor, o colibri é dotado de
uma força incrível! Ele é capaz de voar à velocidade de uns 90 quilômetros por
hora! Tem uma peculiaridade muito interessante: é capaz de ficar parado no ar,
como um helicóptero, assim como voar para trás e para frente, fazendo suas asas
baterem até 75 batidas por segundo! Em terra, porém, ele não se sente à
vontade, pois suas patinhas são mais adequadas para se apoiarem nos ramos das
plantas do que caminhar ou saltar no chão.
O colibri, ou beija-flor, alimenta-se
do néctar das flores e de insetos. O seu bico é muito longo, chegando às vezes
a ter o comprimento maior do que o seu pequenino corpo. É com o bico que ele
penetra o caule da flor, sugando-lhe o néctar.
Antes de começar a história sobre
VIVI - O BEIJA-FLOR SONHADOR, achei por bem apresentá-lo com as características
de sua espécie. Ele morava em um jardim encantador, onde se encontravam as mais
variadas flores, que ele costumava beijar apressadamente no seu vai-e-vem
diário. Tinha tudo para ser feliz, porém não era...
VIVI não era feliz porque se sentia
solitário. Apesar de bem alimentado pelo néctar das flores, sentia fome de
companhia e de amizade com outro pássaro. É verdade que muitos visitavam aquele
jardim, sem, contudo, se fixarem lá. Por sua vez, VIVI não tinha coragem de se
aventurar a conhecer outros lugares. Ele se sentia seguro era onde estava.
Resultado: ficava entediado com a mesmice de sua vida diária.
Muitas
vezes, ao contemplar o céu, VIVI sentia um impulso estranho de se atrever a
subir até às alturas e penetrar nas densas nuvens, para satisfazer sua
curiosidade de ver o que havia nelas e por trás delas. Outras vezes, observava
com certa inveja uma revoada
de aves que riscavam o céu e logo desapareciam no
horizonte. Desejava, então, acompanhá-las sem imaginar, contudo, o risco em que
estaria colocando sua própria vida, pois aquelas eram “aves de arribação”,
nascidas com capacidade para enfrentar intempéries e efetuar voos de longa
distância. Em outras ocasiões, VIVI desejava ser uma águia! Ele imaginava como
a vida dela devia ser excitante, tão diferente da sua. A águia podia varar os céus, subir às maiores
alturas e pousar nos montes gelados, de onde lhe era dado o privilégio de
descortinar as mais belas paisagens!
Sempre sonhando e se lamentando,
VIVI passava os dias sem valorizar sua própria vida, deixando-se dominar pela
insatisfação... Até que um dia ele teve a surpresa de ouvir um canto diferente,
de um trinado harmonioso e alegre ao mesmo tempo. Ao procurar localizar de onde
vinha tão linda melodia, ele se deparou com uma graciosa patativa pousada em
uma árvore. Depressa voou até lá.
As duas aves cumprimentaram-se do
jeito delas:
-Você
deve se sentir muito feliz aqui – falou a patativa.
-
Nem tanto... – respondeu VIVI.
-
Por quê? Admirou-se a recém-chegada.
-
Já estou farto de ver as mesmas coisas todo dia e de beijar as mesmas flores,
como se eu fosse prisioneiro neste jardim.
A patativa interrompeu, admirada:
-
Como você é ingrato com o nosso Criador!
-
Criador?! Quê Criador?!
-
Então, você nunca ouviu falar de um Ser todo poderoso que criou todas as coisas
e todos os seres que existem?
-
Nunca! E você, como sabe disso?!
-
Quando fui “prisioneira”...
-
Prisioneira?! Como?!
-
Passei algum tempo presa em uma gaiola...
-
Que horror!!!
-
Pois é... Por isso é que fiquei irritada quando ouvi você se queixar de que é
prisioneiro neste imenso e lindo jardim! Você não sabe o que é uma prisão...!
O beija-flor sentiu-se encabulado
diante da repreensão daquele passarinho de canto tão suave. E procurou mudar de
assunto:
-
Conte-me sobre o “Criador de todas as coisas”, que não conheço e de quem nunca
ouvi falar, e me diga como foi que você o conheceu.
-
Ah, é uma longa história, mas vou lhe contar só um resumo, pois tenho de
prosseguir viagem antes que o tempo esfrie demais e eu “congele” pelo
caminho...
-
Para onde você vai?
-
Vou para o Sul, juntar-me ao meu grupo. É época de acasalamento. Quem sabe, vou
ter meus filhotes?!
-
Que legal! Por que você se separou da turma?
-
Este jardim me atraiu... Quem sabe se não foi para lhe falar do “Criador de
todas as coisas”...
-
Que bom, conte logo, estou curioso!
-
Como já falei, fui “prisioneira” de uma senhora que costumava ler em voz alta
para sua filhinha. Ouvi-a chamar o livro de Bíblia. Pois bem, um dia leu sobre
o “Criador de todas as coisas” – que os humanos chamam de DEUS. E explicou para
a menina que Ele cuida de tudo e de todos – até dos passarinhos, imagine! Meu
coração saltitou de alegria ao ouvir aquilo! Ela terminou a leitura daquele dia
com as seguintes palavras, que gravei até hoje: “Todo ser que respira louve ao Senhor”.Então, um fato inesperado aconteceu:
a senhora foi até a minha gaiola, abriu a portinhola e me soltou! Até hoje não
sei por quê! Talvez porque eu era triste e não cantava (por estar presa). Ou
porque o “Criador de todas as coisas” teve pena de mim... O certo é que, a partir daquele dia, nunca
mais deixei de cantar! E sempre que canto, é para louvar a DEUS, que me criou.
O beija-flor ficou muito
impressionado com o que ouviu da patativa e lhe perguntou:
-
Será por isso que o seu canto é tão lindo?!
-
Deve ser... Agora, amigo, um conselho: Toda vez que você se alimentar com o
néctar das flores, lembre-se de DEUS (que o criou), louve e agradeça a Ele.
Combinado?
-
Combinado!
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