A esperança que tenho no Presidente Jair Bolsonaro e em seu
governo me motiva a submeter à sua consideração um assunto de interesse
nacional que é de máxima importância para o Nordeste.
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AS SECAS E A ESPERANÇA
James Kelso Clark Nunes *
A esperança que tenho
no Presidente Jair Bolsonaro e em seu governo - que tem tudo para conduzir o
Brasil ao rumo certo - me motiva a submeter à sua consideração um assunto de
interesse nacional que é de máxima importância para o Nordeste. Ele está
sintetizado no artigo “Rotary e o clamor das secas” que postei em meu blog (“Compartilhando
Riquezas de Vida”) em 21.7.2016.
Naquele tempo de
desesperança eu achava que minha iniciativa jamais seria repetida, mas a
vitória do honrado brasileiro que, pela soberana vontade de Deus, foi eleito
Presidente da República, justifica a transcrição do mesmo para novamente colocá-lo
à disposição de quem desejar fazer uso dele visando o bem de nosso querido
Brasil. Dei-lhe um novo título, adequado ao momento: AS
SECAS E A ESPERANÇA
Há séculos os estados
nordestinos tem sido periodicamente atingidos por secas decorrentes da falta ou da má
distribuição de chuvas. Diante de calamidades, pesa sobre rotarianos e Rotary
Clubes a responsabilidade de oferecerem às comunidades prejudicadas os serviços
profissionais a seu alcance. Participando do movimento rotário há 65 anos (em
3.9.2016), tenho observado importantes ações de rotarianos de Fortaleza e de
Recife sobre o grave problema.
Apresento a seguir um
resumo de ocorrências e atividades desenvolvidas a respeito desde 1951, assim
como uma perspectiva sobre o futuro, baseada em uma viva esperança de dias
melhores - dependendo de decisões e atitudes de governos e empresários.
Há 65 anos - Pesquisas sobre
nucleação artificial da atmosfera foram iniciadas em Fortaleza, em 1951, pelo Professor
e Cientista João Ramos Pereira da Costa, em companhia do Eng. Janot Pacheco e
dos Agrônomos Abner Gondim e Mauro Botelho. Eles experimentaram gelo seco,
iodeto de prata, negro de fumo (fuligem) e cloreto de sódio, pulverizando-os
nas nuvens em aviões da FAB. Numerosas semeaduras foram realizadas, tendo a
solução à base de cloreto de sódio apresentado os resultados mais
satisfatórios.
Há 58 / 55 anos - O Prof. João Ramos contou com o apoio do rotariano Antônio Martins Filho, Reitor da Universidade Federal do Ceará, que, reconhecendo a validade das pesquisas, criou em 1958 o Bureau de Estudos das Secas. Este veio a ser substituído em 1961 pelo Instituto de Meteorologia, sob a direção do mencionado cientista. A colaboração do Cel. Av. Ovídio Gomes Pinto, então Cte. da Base Aérea de Fortaleza, foi inestimável. Lauro Martins e outros rotarianos do Rotary Club de Fortaleza-Oeste também estimularam a prática da semeadura de nuvens.
Há 57 / 44 anos - Além do Ceará, entre 1959 e 1973 os seguintes estados (por ordem cronológica) foram beneficiados com chuvas provocadas pela equipe do Prof. João Ramos: Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Alagoas, Sergipe e Bahia.
Em 1972 a atividade
de nucleação saiu do âmbito da Universidade Federal do Ceará, quando o
Governador César Cals de Oliveira Filho criou a Fundação Cearense de
Meteorologia e Chuvas Artificiais – FUNCEME. Na época ele recebeu inestimável
apoio da Associação Comercial do Ceará, nas pessoas dos rotarianos Antônio
Gomes Guimarães e Henrique Peltesohn, tendo este sido nomeado Presidente da
nova fundação e adquirido na Inglaterra os primeiros aviões para semear nuvens,
sob a orientação técnica do Prof. João Ramos.
Há 35 anos - Conforme noticiado pela revista VISÃO de 9.3.1981, o Instituto de Atividades Espaciais, de São José dos Campos, obteve 670 chuvas dentre 737 nuvens nucleadas no Nordeste por aviões (pilotados por oficiais da FAB) em experiências do Projeto MODART.
Agora em 2018 faço
uma observação: se hoje alguém realizasse 100 voos de nucleação e obtivesse 91
chuvas caídas das nuvens nucleadas - 91% - quem tomasse conhecimento do fato haveria
de concordar com a eficácia das nucleações; pois bem, isso aconteceu sete
vezes em 1981 (737 nuvens e 670 chuvas)! Quem deu essa contribuição ao
Brasil foi o Ministério da Aeronáutica.
Há 33 anos - Os Presidentes dos 9 Rotary Clubes sediados em Fortaleza em 1983 formalizaram perante o Governador do Ceará a sugestão de que os Governadores de todos os Estados do Nordeste pedissem ao Presidente da República a ordem e os meios para o DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas - implementar o Projeto MODART.
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A validade daquela
iniciativa do Rotary pode ser medida pelo seguinte fato: em 23.8.1983 o Senador Alberto Silva disse no Senado
Federal:
“É de estarrecer que
o Governo já tenha gasto mais de 500 bilhões de Cruzeiros só para manter vivos
os flagelados da seca e se negue a reservar 35 bilhões para que o CTA monte no
Nordeste as 11 bases de seu programa MODART
e equipe 24 aviões para fazê-lo funcionar.”
Há 23 anos - Em Fortaleza, n’O Povo
de 3.4.93, lê-se o seguinte na coluna de Joelmir Beting: “A seca vai muito bem, obrigado. E os que exploram o repasse de
recursos, também. A falta de chuvas alcança, em abril, dois terços do
território nordestino. São 10,5 milhões de brasileiros sem água até para
beber.”
Naquele
mesmo ano o Prof. Eudes de Souza Leão Pinto, Governador do Rotary, pronunciou
magistral exortação sob o título “Rotary e o clamor das secas”, num fórum
realizado em Recife. Dela cito as seguintes frases:
“Rotarianos somos por consciência de nossas responsabilidades perante as
nossas famílias, as nossas comunidades, as municipalidades, os Estados, as
Nações e a humanidade. Rotarianos somos
por possuirmos a coragem de lutar pelas causas do bem, da verdade, da justiça e
da fraternidade, com disponibilidade de propósitos para servirmos às mais
nobres que atendem aos superiores anseios e interesses da coletividade.” E
mais: “ ...impõe-se-nos o reconhecimento de
todas as oportunidades condizentes com os estudos científicos e tecnológicos já
realizados, ....” “Assim podemos estar
seguros da contribuição rotária a ser oferecida em favor das soluções dos
problemas das secas, em busca de uma convivência pacífica e operosa dos seres
humanos com a natureza,....”
Há 4 / 3 anos - No Diário do Nordeste (de 17.10.2012) escrevi um pequeno artigo sobre Secas x Chuvas. Dele transcrevo as seguintes frases : “Como é melhor acender uma vela no escuro do que maldizer a escuridão, espero que as recordações acima comentadas possam iluminar, como a fraca luz de uma velinha, a escuridão da seca que nos envolve e, consequentemente, possam motivar pessoas da atual geração, nas áreas pública e privada, a investigar as possibilidades modernas de semear nuvens para colher chuvas. Seria injustificável relegar ao esquecimento assunto tão sério e importante sem discuti-lo adequadamente com pessoas credenciadas, no Brasil ou no Exterior.”
Em 1.2.2013 dois
rotarianos (o Eng. José Rêgo Filho e eu) acompanhamos o Dr. João Porto
Guimarães, Presidente da Associação Comercial do Ceará, quando a tradicional
entidade formalizou perante o Diretor Geral do DNOCS a sugestão de que o
referido órgão viesse a ser o indutor do processo de nucleação de nuvens para a
obtenção de chuvas. A ausência de resposta revela o descaso do Governo Federal daquela
época pelo grave problema das secas, que estava prejudicando não só a nossa mas
também as principais regiões brasileiras.
AVIAÇÃO - VALIOSA ARMA NO COMBATE ÀS SECAS - Havendo eu escrito um livro, em 2014, sob o título COMPARTILHANDO RIQUEZAS DE VIDA - resolvi delegar a ele o dever patriótico de proclamar, perante quem o ler, uma ideia cuja essência é a melhoria de vida dos brasileiros com abundância de chuvas - despejadas pelas nuvens naturalmente ou estimuladas pela nucleação. Assim, quando eu não mais puder fazê-lo em pessoa, a semente plantada através daquele livro poderá germinar a fim de proclamar que, de fato, a Aviação é uma valiosa arma no combate às secas. Os leitores que tiverem interesse em conhecer os subsídios nele contidos (na parte NA ERA DA AVIAÇÃO) poderão receber uma “separata” do citado capítulo. Ela poderá ser enviada a quem a solicitar pelo seguinte endereço: jkc.nunes@gmail.com
Situação atual no Brasil e no mundo - No Ceará permanece a suspensão da atividade de estudos e operações em semeadura de nuvens desde que sucessivos Governadores tem optado pela aprovação de pareceres de assessores que recomendam a citada suspensão, sem, todavia, confrontá-los com a opinião de profissionais favoráveis à sua reativação. É praxe universal um juiz analisar opiniões contrárias e favoráveis a uma causa antes de julgá-la, mas tem sido em vão iniciativas da Associação Comercial, de pessoas e de entidades em prol do retorno das memoráveis realizações que, no passado, projetaram o Ceará como referência nacional em atividades de nucleação, obtendo chuvas e aumento de pluviosidade.
Em Pernambuco a Universidade Federal e o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia - CREA tiveram a feliz ideia de iniciar a publicação de CADERNOS DO SEMIÁRIDO. No volume 1 (Dez. 2014/Jan. 2015) o Engenheiro e Professor Mário de Oliveira Antonino (Presidente 2013/15 do Colégio Brasileiro de Diretores do Rotary International) escreveu esclarecendo os motivos que o levaram, juntamente com outros nordestinos que honram o Brasil com suas vidas enquanto dignificam suas profissões, a tomar essa posição cívico-patriótica. Transcrevo o seguinte trecho: “Estamos numa era moderna onde os drones já são uma realidade. A inovação tecnológica tem de ser explorada urgentemente para a atividade rural ser praticada com orgulho e claras vantagens econômico-sociais.”
No Brasil, a seguinte frase da revista Veja (de 29.10.14) resume a situação que marcou aquela época: “Com os reservatórios em seus patamares historicamente mais baixos, o Brasil começa a conviver com a assustadora sombra da escassez do líquido insubstituível, sem o qual não há vida e a economia para.”
No Exterior, 52 países realizam pesquisas de modificação artificial do tempo e programas operacionais de semeadura de nuvens. No tecnologicamente mais avançado do mundo - em 10 Estados americanos - 39 programas são realizados. Estes dados me foram repassados por um amigo que é Doutor em Física com Pós-doutorado em Física de Nuvens – o conceituado Prof. José Carlos Parente de Oliveira.
Conclusão: Quando eu era menino
- num Nordeste carente de luz e força - muitas vezes ouvi meu pai reclamar
contra o desperdício das águas do rio São Francisco antes da grande hidroelétrica
de Paulo Afonso ser construída. Hoje meus filhos e netos me ouvem reclamar contra o desperdício
das águas das nuvens que, não tendo sido nucleadas, apenas passaram por
cima... “e o vento levou...”
Espero que este alerta
venha a ser aproveitado por muitos brasileiros que, tomando conhecimento do problema,
se disponham a exigir urgentes e adequadas providências dos governos federal,
estaduais e municipais - “antes tarde do
que nunca”. Caso o poder público nada faça, talvez algumas empresas privadas
queiram se proteger das terríveis consequências da falta de chuvas no Nordeste
e, apesar disso, do injustificável desperdício de nuvens propícias à nucleação. No
auge da calamidade, assim como no fragor da batalha, opiniões divergentes devem
ser postas de lado para posterior resolução; até por instinto de conservação, o
que deve prevalecer é o bom senso! Diante de um mal inevitável, o mínimo que se
deve fazer é evitar um mal maior.
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* O autor, de 91
anos, foi Governador (1987/88) do Distrito 4490 do ROTARY INTERNATIONAL (clubes do Ceará, Piauí e Maranhão) e
desempenhou missões rotárias no Brasil e no Exterior.
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