TEMPESTADE E
BONANÇA
O Coronavírus já ceifou
211.000 vidas no mundo sendo 4.500 no Brasil - até 9 hs. de 28.4.2020 - e não
se sabe o que a humanidade ainda pode sofrer. O
número de infectados é de 3.000.000 no mundo (66.000 no Brasil). Como o
vento, ninguém o vê mas todos sentem seus efeitos; e só obedece a Deus.
TEMPESTADE E BONANÇA
O mundo inteiro ainda está sofrendo a “tempestade” que é a guerra contra
o Novo
Coronavirus - Covid-19. Esse inimigo já matou mais de 210.000 pessoas (até 28.4.2020), segundo noticiários da televisão. Além das lamentáveis e
irreparáveis mortes, ele também perturba a atividade social e a economia em
todos os continentes
Ele é invisível mas perceptível - como o vento!. Ninguém o vê mas todos sentem seus efeitos, desde
a suave carícia do cicio, da aragem ou da brisa (soprando do mar para a terra e
das montanhas para os vales, e invertendo a direção conforme as horas do dia) até
a violenta força de um furacão ou de um devastador tufão.
Enquanto a guerra prossegue, parece-me conveniente lembrar que a
história da humanidade tem comprovado o acerto (salvo raras exceções) do
provérbio “Depois da tempestade vem a bonança”.
Desde as brumas da antiguidade o mundo tem atravessado épocas boas e más; muitas tem deixado
símbolos que as recordam e caracterizam. Alguns se tornaram conhecidos e famosos,
como o desenho de Pedro I às margens do Ypiranga proclamando o histórico “Independência
ou Morte”. Outro símbolo admirável é a foto de Santos Dumont voando no 1º avião
que decolou com sua própria força - seu “14-bis”.
Agora, em plena “Guerra do Coronavírus”, escolhi para
simbolizar a terrível época as fotos (abaixo) de Andrea Bocelli cantando numa
catedral majestosa mas vazia. Foi em Milão - uma metrópole das mais afetadas
pela pandemia.
No interior vazio da mesma (só ele e o organista) o grande tenor cego
cantou hinos sacros e, no pátio em frente à fachada (monumental obra de arte), cantou
o hino evangélico “Amazing Grace”
(“Preciosa Graça”) cuja letra - em português - transcrevo:
”Preciosa
a graça de Jesus, Que um dia me salvou. Perdido andei, sem ver a luz, mas
Cristo me encontrou. A graça, então, meu coração Do medo libertou. Oh, quão preciosa salvação
A graça me ofertou. Promessas deu-me o Salvador E nele eu posso crer. É meu
refúgio e protetor Em todo o meu viver.
Perigos mil atravessei E a graça me valeu. Eu são e salvo agora irei Ao santo lar do céu”.
Foi
a convite do Prefeito de Milão que Andrea Bocelli (um dos mais aclamados
tenores do mundo) aceitou, gratuitamente, a oportunidade de cantar para
ninguém (ao vivo), mas para o mundo (pela televisão), num programa
especial do Youtube no Domingo de Páscoa (12.4.20). São dele (traduzidas) as
seguintes palavras:
“Acredito
na força de orar juntos; acredito na Páscoa cristã, um símbolo universal do
renascimento que todos - sejam eles crentes ou não - realmente precisamos
agora. Graças à música, transmitida ao vivo, reunindo milhões de mãos
entrelaçadas em todo o mundo, abraçamos o coração pulsante da Terra ferida,
esta maravilhosa forja internacional que é motivo de orgulho italiano. A
generosa, corajosa e pro-ativa Milão e toda a Itália serão novamente e muito em
breve um modelo vencedor, motor do renascimento que todos esperamos. Será uma
alegria testemunhá-lo no Duomo, durante a celebração da Páscoa, que evoca o
mistério do nascimento e do renascimento.”
Ao longo da programação, destaques foram dados a recentes filmagens de áreas
bem conhecidas de Paris, Londres e Nova
York – sem gente...! Fiquei emocionado
ao visualizar os três cenários estranhamente vazios, pois eu e Carminha tivemos
a alegria de visitá-los quando - em tempos de paz - eles eram símbolos de
alegria, esperança e convívio de pessoas das mais diversas nacionalidades.
Abro um
parêntese: Segundo dados do Youtube, o vídeo dessa
apresentação já foi visto - em apenas uma semana - por mais de um milhão de
pessoas! Fecho
o parêntese.
Refletindo posteriormente sobre tudo isso, recordei-me de épocas que foram dolorosas, medonhas e preocupantes
- enquanto duraram. Ofereço-lhes os
seguintes resumos, desejando aos que me honram com a leitura do que escrevo, uma
meditação seguida de uma esperança de
dias melhores - conforme a soberana vontade de Deus e de Jesus Cristo, o
único Mediador biblicamente credenciado entre Ele e os homens.
1ª - BATALHA DA INGLATERRA __ - 1940
(Tempo de meus 12/13 anos)
Em 1940 Hitler - vitorioso em vários países inclusive na França - decidiu
invadir a Inglaterra. Antes, porém, era preciso destruir a RAF - Royal Air
Force. De Julho a Outubro os ingleses foram forçados a enfrentar a “maior
batalha aérea da História” - a histórica e sofrida Batalha da Inglaterra.
Os alemães empregaram cerca de 2.800 aviões, tendo os ingleses abatido
mais de 1.300 (e perdido cerca de 1.000). Vendo que a luta não surtiu o efeito
esperado, o cruel inimigo “adiou” a invasão, deixando cerca de 14.000 mortos e
20.000 feridos. Se os nazistas houvessem vencido, o mundo iria sofrer ainda
mais, muito mais...!
Elogiando o patriotismo e a tenacidade dos aviadores ingleses, Winston Churchill declarou que “Nunca...
tantos deveram tanto a tão poucos”. Essa declaração veio a ser o símbolo daquela
época.
2ª -
ATAQUE DO JAPÃO - 1941
(Tempo de
meus 14 anos)
Com um fulminante ataque
em Pearl Harbor, aviões japoneses afundaram
uma parte importante da frota da Marinha Americana que, ancorada, estava no
Havaí. Os dois países não estavam em guerra...! Aliás, um enviado especial de
alto nível - Embaixador Saburu Kurusu - discutia, em Washington, planos de
convivência pacífica...
Nos primeiros raios
de Sol do Domingo 7.12.1941, nuvens de aviões (cerca de 350 – procedentes de
seis porta-aviões) bombardearam/torpedearam tudo, principalmente oito
encouraçados. Deixaram mais de 2.400 mortos e uma multidão de feridos! A
consequência foi a entrada dos americanos na guerra - cujo capítulo final, em
1945, abrange a vitória antecipada pelas bombas atômicas e a “rendição incondicional” do Japão aos
Estados Unidos. A foto abaixo é, para mim, um símbolo daquela época.
Abro um
parêntese: Em 1969 veio presidir a Toyota do Brasil um
ex-Tenente da Marinha que em 1941 foi o 1º japonês aprisionado pelos americanos:
Kazuo Sakamaki. Depois da guerra ele
foi repatriado e se empregou na Toyota, onde fez carreira. Tornou-se pacifista.
Em 1949 ele escreveu o livro “I attacked Pearl Harbor” – publicado nos Estados
Unidos. Aqui ele foi traduzido - sob o título “Eu ataquei Pearl Harbor”.
Curiosidade: ali, enquanto nos ares agiam centenas de aviões, nas águas agiam cinco
mini-submarinos com dois tripulantes suicidas. Eles navegaram atracados a
submarinos especiais que os largaram perto da baía onde deviam torpedear os
navios ancorados.
Dos 10 tripulantes,
9 morreram. Apenas Sakamaki escapou,
desacordado numa praia. Preso, tentou se matar, mas em vão. Nascido em 1918,
ele morou no Brasil de 1969 a 1983, quando voltou ao Japão, onde - aos 81 - faleceu
em 1999. Fecho
o parêntese.
3ª - MULTIPLICAÇÃO INDUSTRIAL
NA AMÉRICA -
1942/1945
(Tempo de meus 14 e 17 anos)
Nos anos da guerra a capacidade de
grandes e pequenos industriais americanos de promoverem uma fabulosa multiplicação da força produtiva dos tempos de paz tornou-se fator
determinante da vitória dos “ALIADOS” contra as forças do “EIXO”.
Essa capacidade -
que aparentemente era ignorada - foi correta e sabiamente avaliada por Franklin
Roosevelt - o homem que, posteriormente, veio a ser reconhecido como “o maior
presidente americano do Século XX”.
Segundo o excelente
livro Tempos muito estranhos – Franklin e
Eleanor Roosevelt: o front da Casa
Branca na Segunda Guerra Mundial (de Doris Kearns Goodwin), “o Presidente e seus teóricos detinham uma
poderosa confiança no potencial latente do país para, incentivado pelas
encomendas do governo, produzir em níveis que jamais alguém julgou possível.”
Devo a leitura ao Mauro, que o leu e emprestou ao pai, recomendando.
O livro faz
referência também à mensagem sobre o Estado da União, que Roosevelt apresentou ao
Congresso em 6.1.1942. Ele listou suas metas de produção para aquele ano:
60.000 aviões, 45.000 tanques, 20.000 canhões antiaéreos, e 6 milhões de
toneladas em navios mercantes. Ele estava convencido de que já no ano seguinte (1943)
a indústria americana estaria produzindo 1
avião a cada 4 minutos, 1 tanque a cada 7 minutos, 2 navios por dia,
etc., e que o anúncio desses objetivos ”tanto uniria o povo americano como
serviria de alerta para as potências do Eixo de que o vasto poderio industrial da América estaria em breve a serviço da
produção de material bélico para todos os seus aliados, em todos os teatros de
operações.”
Disse mais o
Presidente: “Daqui por diante os trabalhadores têm que estar preparados para
produzirem mais e melhor, de modo que possamos ter armas 24 horas por dia, 7
dias por semana; todas as ferramentas disponíveis, seja da indústria
automobilística ou da pequena fábrica do vilarejo, deverão estar devotadas à
produção de material bélico. Os militaristas
de Berlim e Tóquio começaram a guerra, mas, encolerizadas e unidas, as forças
da humanidade, como um todo, darão um fim a ela.”
Considero símbolos daquela
época os tanques
de guerra que substituíram automóveis CADILLAC (Divisão de carros de luxo da GM) e CHRYSLER, os motores daquela marca equipando aviões (fotos de
anúncios ao lado), e também os 11.000 bombardeiros
B-24 produzidos pela FORD (nome
que é sinônimo de automóvel). Os B-24 “Liberator” são da CONSOLIDATED, respeitada indústria
aeronáutica que triplicou sua fábrica na California e construiu uma gigantesca,
no Texas. Eles foram “feitos em quantidades (18.482 no total) maiores do que qualquer outra aeronave americana e iriam operar em mais fronts e por período
mais longo do que qualquer bombardeiro inimigo”.
Como as “Fortalezas
Voadoras” B-17 (da BOEING), os B-24 foram os bombardeiros que garantiram o
esmagador poder aéreo dos “Aliados” para derrotarem a quase invencível Alemanha
de Hitler. Na foto ao lado vemos: na frente - B-24; atrás - B-17. Destes, o primeiro
decolou em 1940; até 1945 foram feitos outros 12.000.
Em 1939, menos de 3.000 aviões (em geral) eram produzidos
nos Estados Unidos; no final da guerra, 296.000
aviões (aproximadamente) haviam sido
fabricados.
Voltando aos tanques
de guerra: 15 fábricas além das acima citadas (CADILLAC e CHRYSLER) foram
contratadas para os produzirem. Juntas, elas entregavam a quase inacreditável
quantidade de cerca de 4.000 tanques por
mês. Segundo o já referido livro, “Pode-se melhor entender a magnitude
desse feito se a compararmos com a produção da Alemanha, a maior fabricante do
mundo até então, de 4.000 tanques por
ano.”
Segundo Doris K.
Goodwin, “a indústria que já montara 4.000.000 de carros por dia, agora
produzia três quartos dos motores de avião do país, metade dos tanques e um
terço de todas as metralhadoras.”
Idealizado pelo
Exército Americano, surgiu no mundo o admirável Jeep. Durante a 2ª Guerra Mundial foram fabricados na América
643.000, sendo 363.000 pela WILLYS e
280.000 pela FORD. Tão versátil e útil que era, ele perdura até hoje, acompanhando
a evolução da indústria automobilística, inclusive com moderna fábrica no
Brasil.
A maioria deles e quase
toda a produção de equipamentos para as forças armadas na Europa e no Pacifico,
com exceção dos aviões, tinha de ser transportada em navios. O problema é que não havia navios suficientes
e muitos dos existentes eram afundados pelos submarinos alemães. Por isso,
Roosevelt reuniu os melhores cérebros disponíveis para o ajudarem a coordenar a
fenomenal multiplicação da indústria de paz.
Dizia que “se os rumos da guerra
dependiam dos navios americanos”, seria necessário “construir navios e
mais navios, o dobro do que os nazistas pudessem afundar.” Para tanto,
apelou para um industrial de 60 anos que, embora pouco familiarizado com indústria naval, tinha se destacado como
construtor de importantes represas e pontes – Henry Kaiser. Sob a liderança
deste, “o tempo médio de construção de um navio caiu de 355 dias, em 1940, para
194, em 1941, e para 60, no início de 1942” – o que equivale a fabricar um navio em 2 meses ao invés de em
1 ano. A foto é de um navio mercante
dos numerosos construídos em novos estaleiros americanos..
Em 1946 (um ano depois da guerra) fui estudar nos Estados
Unidos. Morei em Michigan, onde é das maiores a concentração de grandes fábricas.
Visitei várias, acompanhado por instrutores e junto com colegas do Instituto de
Tecnologia da General Motors. Em Flint (onde morei), passamos um dia na imensa
fábrica BUICK (da GM). Tão grande ela é que possui Estrada de Ferro (de uso
interno), Polícia e Corpo de Bombeiros próprios...! Nela vimos a fabulosa produção: 800 a 900
automóveis por dia! Apesar disso,
naquela cidade ainda era de um ano a fila para se comprar um dos lindos carros novos
daquela marca.
Em Detroit (onde fiz
um estágio), um executivo da DETROIT DIESEL (Divisão da GM) - contemplando a
linha de montagem - me disse que, em grande parte, a vitória dos Aliados
resultou da “avalanche” com que a
indústria americana sufocou o inimigo.
Até aqui falei em
Passado; agora (2020) falo no Presente, para fazer a seguinte reflexão:
Quando atravessamos
uma guerra contra um inimigo invisível mas mortífero e de abrangência mundial -
Covid-19 - convém que coloquemos
de lado o extraordinário efeito positivo causado na economia americana pela
multiplicação industrial durante a guerra, - principalmente o benefício dos
altíssimos índices de emprego (inclusive de mulheres) - a fim de raciocinarmos
que na mesma época o país sofreu intensamente com a falta
de muitos produtos que deixaram de ser feitos, e, incomparavelmente mais, com a
dor dos que perderam entes queridos cujas vidas foram tragadas pela guerra.
O bárbaro conflito causou mais de 410.000
mortes de americanos.
Nos Estados Unidos - de modo geral - excluindo os que
morreram e respectivos familiares (que continuaram sofrendo suas faltas), depois da tempestade VEIO a bonança.
4ª - GUERRA DA CORÉIA -
1950-1953
(Tempo de meus 22/25 anos)
Em 1951, possível
confronto com a China e risco do emprego de armas atômicas pelos americanos foi
evitado pelo Presidente Harry Truman
- ao destituir o bravo, heróico e famoso General
Douglas MacArthur da função de Comandante-chefe das tropas das Nações
Unidas na Coreia - cuja proposta (de continuação da guerra e ataque a
território chinês) foi rejeitada. Sob seu comando, tropas de 16 países
integrantes da ONU já haviam tomado Seul e avançado até a fronteira chinesa! A
ampliação da guerra poderia motivar a União Soviética a entrar nela aliando-se
à China - ambas comunistas.
O momento mais grave
sofrido pelos sul-coreanos foi o da invasão de aproximadamente meio
milhão de soldados norte-coreanos e chineses - cujas armas incluíam
muitas de origem soviética.
Tal invasão foi
detida pelos bombardeiros americanos (foto) que - ininterruptamente e em quantidade
inimaginável - passaram a voar destruindo cidades e - muito pior - causando a
morte de suas populações! Para mim eles são expressivos símbolos daquela época.
Pensando hoje sobre
o assunto, acho que é incalculável a multidão de soldados (de várias
nacionalidades) que talvez tivessem morrido se esses aviões não existissem,
pois tais homens teriam sido chamados para, pessoalmente, enfrentar os invasores.
Em 1952 foi eleito o
presidente Dwight Eisenhower. Ele
ameaçou utilizar armas nucleares se a guerra não terminasse. O mundo ficou
assombrado, mas em meado de 1953 as duas Coreias (do Norte, apoiada pela União
Soviética, e do Sul, apoiada pelos Estados Unidos) fizeram um armistício. Foi
suspensa a inglória luta, depois de haver causado cerca de 4.000.000 de mortes...!
Espero que tal carnificina
se torne a última - dessa natureza - a ser travada entre comunistas (atacando) e
capitalistas (defendendo-se). Naquela época eu era jovem mas participei da
preocupação dos idosos, que viram nessa guerra uma pequena “amostra” da
indesejável e temida 3ª Guerra Mundial.
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Finalizando, transcrevo algo do que escrevi e postei na Internet em
31.3.20 (neste
blog) sob o título “Sua Majestade o Covid-19”:
“aconselho
aos leitores que me honram com a leitura do que posso escrever, o seguinte:
quem estiver amedrontado com a pandemia que está assolando o mundo, e ainda não
for salvo para a vida eterna, peça a Deus que lhe conceda a graça da fé em
Jesus Cristo. Paralelamente, procure ouvir dos mais velhos alguns relatos
de crises que foram terríveis enquanto duraram mas finalmente passaram, ficando
os valores eternos, que sempre estarão disponíveis a quem busca a Deus em
atitude de humildade e confiança.”
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